Há um barco temerário.
Ele singra um rio temeroso.
Eu, nesse barco, lavo o convés;
e sei do medo o quê me contam os marujos.
Nesse rio, a vida tem mais de vinte séculos;
e sei dela o quê me contam os pássaros.
Náufrago, não sobrevivo em terra
-sei dela um pesadelo que tive:
quando as águas, de tão mansas,
imitaram ancoradouro.
Nesse sonho, eu tinha grilhetas nos pés,
e cravaram-me na areia, feito âncora.
(Marcus Moreira Machado)
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