REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
domingo, 12 de maio de 2013
SÁBADO, 18 DE MAIO DE 2013: "NÍVEL E DIMENSÃO"
No Anarquismo não há seres humanos individualizados.
Há, sim, humanidade presente em cada um, como reflexo projetado do coletivo.
Não se trata de um outro nível, mas sim de nova dimensão na perspectiva utópica.
A Utopia compreendida na prognose do realizável no dia-a-dia, todos os dias.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 17 DE MAIO DE 2013: "PRESIDINDO O VAZIO"
PRESIDINDO O VAZIO
Missão de Azevêdo é atrair Obama
Novo diretor-geral assume uma OMC em crise e marginalizada pelos EUA, que dão prioridade aos acordos regionais de comércio
Momentos depois de saber que havia conquistado o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo confessou à família: "É agora que começa a parte mais difícil".
O brasileiro assume a OMC na pior crise de sua história e, acima de tudo, marginalizada pelo governo de Barack Obama, que optou por acordos regionais. Pior: há 20 anos as regras comerciais não são atualizadas, justamente no período em que a globalização transformou o cenário internacional.
Criada nos anos 90 como a grande esperança de ser uma entidade do século 21, eficiente e atualizada, a OMC vive hoje uma paralisia sem precedentes. As divisões entre membros sobre os rumos do comércio internacional levaram a entidade a um colapso de credibilidade.
A principal tarefa de Azevêdo será dar uma solução para a Rodada Doha, ainda que pelos estatutos da entidade ele não tenha poder além de propor negociações e ser uma espécie de guardião do livre-comércio. Mas, para chegar a isso, terá de convencer a Casa Branca a voltar a dar atenção ao multilateralismo.
Em 2001, Doha foi lançada com a meta de estabelecer novas regras para o comércio internacional e liberalizar o setor agrícola, tendo em vista os interesses dos países em desenvolvimento. O processo deveria ter sido concluído em 2005. Mas, quase uma década depois, não há acordo nem sobre como superar o impasse nem como enterrar de vez o processo.
Enquanto embaixadores davam declarações fortes, guindastes e obras continuavam no edifício-sede da OMC, que está passando por uma renovação milionária para adaptar o prédio aos novos tempos.
Mas, para observadores em Genebra, tudo indica que é apenas o prédio que passa por reforma. Segundo eles, esperanças similares em relação a Azevêdo já existiram nos últimos anos em relação a outros diretores.
Quando em 2002 o tailandês Supachai Panitchpakdi assumiu a OMC, o discurso era de que a chegada de um representante de um país em desenvolvimento ajudaria a desbloquear o processo. Três anos depois, ele foi acusado de imobilismo e de ter fracassado.
Em seu lugar chegou uma verdadeira vedete na época do comércio internacional, o francês Pascal Lamy, considerado um dos principais negociadores no mundo. Uma vez mais, os discursos eram de que Lamy mudaria a trajetória da OMC. Porém, ele sai da entidade desgastado e com baixo capital político.
Não foram poucas as ocasiões em que Lamy disse que o problema não é nem a OMC nem seus diretores, mas o fato de que a crise global afetou o sistema multilateral. "Não se pode pedir que países estejam dispostos a negociar quando, internamente, estão em crise."
No fundo de todo o debate está a capacidade de Azevêdo em convencer os EUA a voltarem à mesa de negociação. Durante todo o mandato de Barack Obama, Washington manobrou para não se comprometer com um acordo na OMC, buscando parcerias fora da entidade, tanto com a Ásia como em novo acordo comercial com a Europa.
APOSTA
Para negociadores, a opção por Azevêdo foi uma aposta na retomada do multilateralismo e de grande interesse para a China, que não quer ficar fora do novo esquema montado pelos americanos. Isso porque, para a estratégia comercial brasileira, o que o Itamaraty não quer é ver a marginalização da entidade se transformar em um vácuo que dará aos EUA e à Europa a possibilidade de estabelecer novas regras comerciais entre eles e, assim, voltar a impor padrões ao resto do mundo.
Apesar da vitória de Azevêdo, especialistas alertam que dificilmente o hábil negociador brasileiro poderá superar a crise. "Não bastará apenas um novo diretor da OMC para tirar a entidade de sua crise",alertou Simon Evenett, professor da Universidade de St. Gallen, na Suíça. "Doha está morta e os acordos regionais ganharam muito mais força", completou.
Para provar o contrário, a primeira grande tarefa de Azevêdo será a de salvar a conferência ministerial da OMC, marcada para dezembro em Bali, que teria de definir qual caminho a entidade tomaria em relação a Doha: matar o processo ou dar-lhe vida, aprovando um minipacote de medidas. "Não há sucesso garantido para Azevêdo", confessou um diplomata europeu. "O mundo está profundamente dividido sobre o comércio", alertou. O próprio Azevêdo concorda. "Se Bali não resultar em um acordo, o caminho será bem mais difícil."
(copydesk, Caos Markus)
QUINTA-FEIRA, 16 DE MAIO DE 2013: "DINHEIRO, UM VEÍCULO"
Com a criação do dinheiro, e o seu desdobramento mais próximo -a propriedade privada, o homem esteve motivado a produzir sempre mais do que o estritamente necessário ao seu próprio consumo, substituindo, trocando a sobra, o excedente por poder e garantia de poder no futuro. Que tal situação modificasse constantemente as suas relações, consagrando ou privilégios ou desvantagens com o surgimento de classe sociais, isso seria inevitável.
Daí, a expressão "proletário", contemporaneamente utilizada para designação totalmente diversa da sua verdadeira origem, significou no passado, quando conhecida por "proletarii", a divisão de eleitores perfeitamente qualificados como cidadãos, e cuja propriedade individual fosse inferior a 10.000 "asses" de cobre.
Agora, já no terceiro milênio, decorridas muitas etapas do desenvolvimento econômico da civilização humana, obviamente é inadmissível qualquer ingenuidade no trato do dinheiro como mercadoria que de fato ele é, independente da sua função primordial, quando então não passava de veículo intermediário das necessidades de sobrevivência do homem na terra.
Hoje, avaliar todo e qualquer projeto norteado exclusivamente nos aspectos econômicos, pela propriedade privada ou coletiva, desprezando-se a destinação social do dinheiro e não considerando outras culturais necessidades do ser humano, será flagrante desatenção aos erros do passado, além de descaso para com efetivas exigências da vida moderna, voltada para o homem em sua integridade, e não reduzida exclusivamente às frágeis garantias de felicidade pela 'estabilização financeira' de um país, de um continente, ou de múltiplas regiões.
(Caos Markus)
QUARTA-FEIRA, 15 DE MAIO DE 2013: "SIMBIOSE ANTROPOLÓGICA"
Já é chegada a hora de darmos nome ao boi, isto é, ao povo destas plagas. Porque se somos assim tão pacientes, de qual adjetivo nos servimos? O "paciente-resignado", o "paciente-sofredor", o "paciente-manso", o "paciente-doente", ou aquele outro tipo, "o que recebe a ação de um agente"? Ou seríamos todos eles simultaneamente? O quê é bem mais provável, dada a aparente complexidade a permitir até uma "especialização sociológica", os "brasilianists", estudiosos supostamente ilustres porque hipoteticamente examinam e entendem melhor do Brasil e dos brasileiros do que nós mesmos.
Essa nossa condição de colonos reflete-se, notadamente, nas fontes de inspiração aonde buscamos paradigmas à nossa evolução. Exemplos não faltam, como é o caso de legislações consideradas de "primeiro mundo" (hoje, decadente, já "1/4 de mundo") que procuramos imitar, sem, no entanto, a devida atenção para o contexto de "quarto mundo" (hoje, já "de 5ª categoria") em que vivemos e, portanto, a sua inadequação.
Não há terra à vista. Nem mesmo a mais insignificante bodelha a indicar prosperidade. Se algum contemporâneo escriba relata a fecundidade de uma nova Cabrália, o faz para exclamar: "aqui em se plantando... tudo se dá. Como que ainda dominado pela entidade maléfica de anhangá, a nação brasileira vive do prosaico, reciclando a sua história, à bordo de um aquidabã supostamente intrépido, todavia, reduzido à decadência e ao fracasso.
O Brasil dos viajantes quer ser mesmo deles. Este país insiste em subsidiar a antropologia com farto manancial iconográfico, justificando ser o berço (em espetacular processo de simbiose) desta "sui generis" espécie humana, parasitariamente vivendo sobre o topo de outras mais elevadas.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 14 DE MAIO DE 2013: "VOLUNTARIEDADE DA DEMÊNCIA"
Sofismar é verbo da atualidade, quando multidões inteiras têm sido vítimas da arte de lograr. Onzeneiros profissionais, falsos líderes fustigam -da comodidade e segurança das suas tribunas- a intriga e a infâmia. Outra preocupação não há senão a de aturdir, no inconseqüente burburinho, a opinião pública. O vulgo, presa fácil da achincalhação, sempre um adventício em seu próprio território. A ambigüidade substituiu o caráter e a dissimulação pretende olvidar a verdade.
Homens públicos encontram-se abrigados em suas fortalezas políticas, resistindo em curvar-se diante da verdade. E, por não terem nem dignidade, nem princípios, burlam o tempo todo, artífices que são de sensacionais patranhas.
Apóstolos da incredulidade, os novos procuradores da plebe propagam, pela doutrina da sedução, o aliciamento dos incautos forjados na falsidade. Os crassos, em obediência desvairada, não percebem habitar o arrabalde do poder. E a pêta grassa país adentro, imiscuindo-se na honorabilidade nacional, em execrável e torpe conduta peculiar aos ignominiosos.
Saber o que é bom e trilhar o imprestável é característica dos egoístas que, por comodismo, tornam-se capazes de tudo, menos de seguir o equânime. A vileza tem primazia sobre o decoro; a miserabilidade é a elegia da turbação a que foi subjugada a prole dos desafortunados. Proceres messiânicos prometem a abastança, na basófia dos insolentes. E, a mossa se faz sentir no litígio dos abjetos.
Ou a necedade aprova o descalabro moral, por desconhecer o império da razão, ou a corrupção reprova o discernimento, por conhecer a impertinência da verdade na conquista da insânia coletiva.
Lamentavelmente, agora apenas ouvimos a proclamação do impropério, quando a harmonia é tragada pela pusilaminidade daqueles que escamoteiam as verdades históricas e, com elas querem sepultar tudo o que é magnânimo. Mas, ainda haverá de triunfar a razão, porque ela possui seus princípios de evidências, seus liames de ideias, seus confrontos de afirmações ou juízos, seus aprumos de raciocínio. Negá-la ou dela duvidar são atos de bizarra demência: a loucura voluntariamente deliberada.
(Caos Markus)
sexta-feira, 10 de maio de 2013
SEGUNDA-FEIRA, 13 DE MAIO DE 2013: "O SEU QUADRO"
Não haverá jamais soldados dispostos a lutarem ao seu lado se a causa não for justa. Pois, invente uma justa causa, qualquer uma, porque não vai fazer diferença a diferença de ideologia; o que importa é convencer o batalhão de que a nobreza dos ideais a ele pertence.
Todo mundo quer muito mais ser nobre do que idealista, ainda que por nobreza se entenda o apoio emprestado ao líder.
É mais ou menos assim: ser ascensorista no Palace Hotel é ser peão cinco estrelas, e o resto não interessa e nem tem pressa.
Não é difícil entender como proceder.
Mais ou menos como pastor que para expulsar o demônio tem antes que evocá-lo (e pouco interessa se lúcifer exista ou não, importante é que alguém seja 'tomado' por ele para que possa, então, ser expulso, glorificando o 'exorcista'), você também deverá fazer com que outros e mais outros a- creditem em seus particulares poderes.
Uma vez dependentes de você, uma legião de fanáticos o seguirão, todos bastantes felizes por isso. Entretanto, evoque, também um demónio qualquer e coloque-o na cabeça (ou na falta de cabeça, seria mais apropriado) dos tementes. Não venha com historinhas pacifistas, que essas duram pouco. Pinte um quadro de horror, de holocausto, de miséria e aniquilação. Todos preferem ser salvos porque sabem que são vocacionados para a maldade e não para o bem. Assim, 'salve-os' antes que alguém queira convencer-lhe de que você é que está em perigo. Se isso ocorrer... Já era, nunca mais. Você acaba tornando-se um discípulo.
(Caos Markus)
DOMINGO, 12 DE MAIO DE 2013: "ARRAIAL BRASIL"
Aqui tudo é virtual. Tudo existe como faculdade, mas sem exercício atual ou efeito atual. Pois, não se diz que o Brasil tem uma inigualável riqueza potencial? E o que é isso senão uma realidade intrínseca, porém não revelada? Esse conformismo de que somos o país do futuro, de que somos o futuro do país, essa a grande potência e tudo o mais, somente nos projeta para o passado, numa constante "redescoberta". Talvez isso explique a megalomania, típica dos inseguros, característica de um sentimento de inferioridade que se procura esconder.
É a espera do porto seguro, das boas relações com os "amistosos nativos", ainda que tenhamos nos tornado selvagens, em nova edição da antropofagia. Por acalentarmos a idéia de que vivemos num paraíso é que, a cada dia, é maior o inferno, nesse ritual de sangue e tragédia que tem marcado a inglória nacional. promovendo o infortúnio e a insegurança como norma de conduta.
De várias maneiras, andam descobrindo o Brasil. Há sinais de proximidade de terras, como há escrivães de plantão, sempre prontos à narrativa de tão auspicioso descobrimento. A cultura nacional, também, a cada dia é redescoberta, como segmento de raízes mais nobres. E, ainda que matemos, roubemos, julguemos e condenemos, somos fidalgos.
De fato, esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso arraial. E, no elogio da traição, não mais distinguirá herói de traidor, no moto perpétuo do recomeço, mais ensaiando que principiando.
(Caos Markus)
terça-feira, 7 de maio de 2013
SÁBADO, 11 DE MAIO DE 2013: "O FUTURO ADQUIRIDO"
Atualmente, contrariando o período inicial da exportação do capital, quando o financiamento se operava pelos recursos originários do país investidor, a mobilização agora é feita no próprio mercado do investimento, diminuindo substancialmente as transferências. E a "complementação" se faz pela co-participação financeira, governamental e dos bancos de investidores.
Se existir de fato a pretensão de afastar-se a inflação, há que se promover, seja qual for o governo, reformas estruturais capazes de intervir definitivamente na aquisição de "know-how", impedindo-se o monopólio da pesquisa determinante da “transferência" de tecnologia apenas pelo pagamento de "royalties".
À má administração do desenvolvimento deve-se responsabilizar o longo período de transmissão denominado "crise", considerando-se aqui não a impossibilidade e sim a falta de decisão, ou mais apropriadamente, a ausência de vontade política.
Coniventes ou não, os governos de países hoje denominados "emergentes" os têm dirigido enquando "plataformas de exportação". Proclamar severo combate aos oligopólios sem observar a natureza da concorrência oligopolista, será sempre discurso sem conteúdo, desatento ao modo como as grandes empresas, através dos cartéis, "holdings", procuram expandir-se.
Identificados os males, cabe reconhecer as suas causas. Não cabe o fatalismo a apregoar total carência de infra-estruturas restritivas do desenvolvimento gerador de riquezas, pois essa condição de prosperidade não nasce por si só, antes depende de políticas governamentais específicas, voltadas a preparar uma prognose planejada.
Outra vez, nota-se, o elemento fundamental desse processo de emancipação é o "conhecimento", não o transferido, mas sim o elaborado, projetando-se o futuro adquirido.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 10 DE MAIO DE 2013: "A MORTE ADIADA"
O homem é bicho enjaulado em tudo o que ficou como pretérito. Qual um condenado, ele só pode reviver fatos e sentimentos, em inútil resgate de si mesmo. Porque o passado é ameaça para quem quer escapar da vida; ele invade a alma e deixa sensação de que a vida não é, não foi, jamais será. E tudo é feito no exato momento em que ela é ânsia por si mesma.
Sem a esperança daquilo que não é, não existe, mas pode vir a ser, perde-se a força do sonho transformador. Não se permitindo experimentar a plenitude, o homem civilizado prefere a morte adiada, cultuando-a como a um deus que aplacará o fantástico e absurdo da imensurável existência. Ele confessa o seu medo, porém, parceiro dela, não admite o seu terror à vida, pela fragilidade que lhe é inerente. A primeira, vigorosa, é iminente e fatal; a segunda, é somente uma formidável promessa, jamais cumprida.
Na tendência da alma humana a torturar-se a si mesma, levada ao último limite, a imaginação utópica, essencial à natureza do homem, não pode, todavia, ser desprezada, sob prejuízo de sua sobrevivência. A previsibilidade de mundos rigorosamente ordenados garante exclusivamente o poder dos que se entendem iluminados na condução da humanidade. Ao contrário, a imaginação do concretismo utópico é uma necessidade na sobreposição dos clamores falsamente civilizatórios e libertários.
O ser humano tem se tornado um conservador, seja ele um governante, seja ele um governado. E desse conservadorismo advém a insânia, a decretar o "suicídio", a negação da vida, como aspiração "natural". Como é a contradição entre a sua natureza real e o que se lhe projeta como "ideal", ele sucumbe, e passa a não mais suportar a sua permanência neste mundo, onde o seu desconforto não é recusa e sim renúncia.
(Caos Markus)
segunda-feira, 6 de maio de 2013
QUINTA-FEIRA, 9 DE MAIO DE 2013: "SOCIEDADE DOENTE, A CURA PELA LOUCURA"
Por volta dos séculos XVI e XVII, o castigo que se empunha aos indivíduos culpados traduzia-se em cenário de peça teatral, exposta ao público com rigor de crueldade onde os corpos dilacerados transformava em suplicio para aqueles presos. O corpo supliciado, esquartejado, amputado, mutilado simbolicamente no rosto ou no ombro, sendo exposto vivo ou morto era dado como espetáculo teatral e que tinha o corpo como alvo principal da repressão penal. A certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não mais o abominável teatro.
Não tocar mais o corpo, ou o mínimo possível, e para atingir nele algo que não éo corpo propriamente.
Haverá quem diga: a prisão, a reclusão, os trabalhos forçados, a servidão de forçados, a interdição de domicilio, a deportação (que parte tão importante tiveram nos sistemas penais modernos) são penas “físicas”, pois, com exceção de multa, se referem diretamente ao corpo. Mas a relação castigo-corpo não é idêntica ao que ela era nos suplícios. O corpo encontra-se aí em posição de instrumento ou de intermediário; qualquer intervenção sobre ele pelo enclausuramento, pelo trabalho obrigatório visa privar o individuo de sua liberdade considerada ao mesmo tempo como um direito e como um bem. Segundo essa penalidade, o corpo é colocado num sistema de coação e de privação, de obrigações e de interdições. Sofrimento físico, a dor do corpo, não são mais os elementos constitutivos de pena. O castigo passou de uma arte de sensações insuportáveis a uma economia dos diretos suspensos. Se a justiça ainda tiver que manipular e tocar o corpo dos justiçáveis,tal se fará à distância, propriamente, segundo regras rígidas e visando a um objetivo bem mais “elevado”. Por efeito, dessa nova retenção, um exército inteiro de técnicos veio substituir o carrasco, anatomista imediato do sofrimento: os guardas, os médicos, os capelães, os psiquiatras, os educadores, por sua simples presença ao lado do condenado. Eles cantam à justiça o louvor de que ela precisa. Eles lhe garantem que o corpo e a dor não são objetos últimos de sua ação punitiva. Pois não é mais o corpo, é a alma. À expiação que tripudia sobre o corpo deve suceder um castigo que atue, profundamente, sobre o coração, o intelecto, a vontade, as disposições. Naturalmente, é dado um veredicto, mas ainda que reclamado por um crime, funciona como uma maneira de tratar um criminoso. Pune-se, mas é um modo de dizer que a sociedade, doente, quer obter a cura. Ou, a cura pela loucura.
(Caos Markus)
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