REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
terça-feira, 7 de maio de 2013
SEXTA-FEIRA, 10 DE MAIO DE 2013: "A MORTE ADIADA"
O homem é bicho enjaulado em tudo o que ficou como pretérito. Qual um condenado, ele só pode reviver fatos e sentimentos, em inútil resgate de si mesmo. Porque o passado é ameaça para quem quer escapar da vida; ele invade a alma e deixa sensação de que a vida não é, não foi, jamais será. E tudo é feito no exato momento em que ela é ânsia por si mesma.
Sem a esperança daquilo que não é, não existe, mas pode vir a ser, perde-se a força do sonho transformador. Não se permitindo experimentar a plenitude, o homem civilizado prefere a morte adiada, cultuando-a como a um deus que aplacará o fantástico e absurdo da imensurável existência. Ele confessa o seu medo, porém, parceiro dela, não admite o seu terror à vida, pela fragilidade que lhe é inerente. A primeira, vigorosa, é iminente e fatal; a segunda, é somente uma formidável promessa, jamais cumprida.
Na tendência da alma humana a torturar-se a si mesma, levada ao último limite, a imaginação utópica, essencial à natureza do homem, não pode, todavia, ser desprezada, sob prejuízo de sua sobrevivência. A previsibilidade de mundos rigorosamente ordenados garante exclusivamente o poder dos que se entendem iluminados na condução da humanidade. Ao contrário, a imaginação do concretismo utópico é uma necessidade na sobreposição dos clamores falsamente civilizatórios e libertários.
O ser humano tem se tornado um conservador, seja ele um governante, seja ele um governado. E desse conservadorismo advém a insânia, a decretar o "suicídio", a negação da vida, como aspiração "natural". Como é a contradição entre a sua natureza real e o que se lhe projeta como "ideal", ele sucumbe, e passa a não mais suportar a sua permanência neste mundo, onde o seu desconforto não é recusa e sim renúncia.
(Caos Markus)
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