REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
TERÇA-FEIRA, 30 DE OUTUBRO DE 2012: "LER OU NÃO LER: ESCREVER"
A sociedade contemporânea come gato por lebre. O livro 'Cincoenta Tons de Cinza' faz parte de uma trilogia, livros lançados em parceria pelas Editoras Intrínseca e Leya. Não apenas na resenha que redigi para um jornal literário, mas a Crítica em peso identifica as obras em questão como lixo cultural reciclado. Algo semelhante com os de Paulo Coelho: baboseira chamda de filosofia, misticismo etc., etc.
Hoje, eu não indicaria ler livros. A minha sugestão seria para que vocês os escrevesse. Não estou sendo cínico. Não se importem com a Gramática; ou pelo menos não dêem a ela prioridade. Anotem o conteúdo dos seus pensamentos. Se forem genuinamente pensamentos, terão a essência da verdade. E um livro se escreve verdadeiramente, sem dissimulações.
(Caos Markus)
(Caos Marcus)
SEGUNDA-FEIRA, 29 DE OUTUBRO DE 2012: "SOCIEDADE POR COTAS LTDA."
A cada dia, eu mais me preocupo com isso que, fatalmente, logo, não demora, vai acontecer comigo.
Hoje, no Brasil, são tantas as cotas, e eu não me enquadro em nenhuma delas!
Confesso, serei excluído, banido do convívio com pessoas de quaisquer segmentos, pois não possuo pré-requisito a garantir minha permanência em lugar algum. Falta-me também ao menos uma ação meritória de reconhecimento pelas autoridades representativas da Sociedade Por Cotas Ltda.
Não serei contemplado nem mesmo por uma 'firma individual', uma 'Sociedade Anônima'.
Não haverá alternativa senão eu pedir asilo político na Sociedade dos Poetas Mortos.
(Caos Markus)
DOMINGO, 28 DE OUTUBRO DE 2012: "DISCRIMINADOS, DESDE SEMPRE"
D. João VI se estabeleceu no Brasil trazendo com ele farta quantidade de intelectuais lusitanos, e outros convidados de França, Espanha, Inglaterra e Itália. A chegada de inúmeros forasteiros, hospedados quase que imediatamente nas residências aqui existentes e de propriedade daqueles que já se consideravam o povo brasileiro,expulsos, tal qual fizeram outrora com os índios, quando se apossaram de suas terras e ali demarcaram terrenos imensos, talvez tenha sido o ponto máximo da descentralização ocorrida no país.
O que dizer de um súbito despejo, de uma grande quantidade de cidadãos já estabelecidos e vivendo em sociedade, sendo banidos para o nada?
Partimos assim, do princípio da situação periférica das cidades brasileiras, a começar pela fluminense. Isso fazia surgir o fenômeno que hoje classificado como 'êxodo urbano'.
Somos, em relação à educação brasileira, fruto dessa reurbanização, bem como o são, a nossa raiz gramatical, linguística, e as suas inúmeras variações.
Não somente no que se refere ao fenômeno migratório dos lusitanos, mas também, do fato de que este e outros processos discriminatórios objetivaram o isolamento de nossos dialetos portugueses, das nossas variantes linguísticas, provocando assim, o surgimento de uma norma culta de comunicação, tanto verbal como gramatical.
Novos hábitos e costumes, do linguajar de "arrasto", que se confundia com o já existente no Brasil, com palavras tupis e guaranis já incorporadas à nossa Língua Materna.
Percebemos que, desde então, as divisões e as discriminações (as dos dialetos, inclusive) no Brasil são menos geográficas, e sim mal disfarçadamente sócio-culturais.
(Caos Markus)
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
SÁBADO, 27 DE OUTUBRO DE 2012: "TEMERIDADE"
O sucesso das telenovelas, em geral, é sinônimo do fracasso em definir se a vida imita a "arte" ou a "arte" imita a vida. E é a derrota na recusa à admissão de que, tanto faz, tanto fez, admiramos o espetacular.Pois, é ele o refúgio da nossa temeridade frente ao real que a nós, exclusivamente, cabe escrever o enredo.
(Caos Markus)
SEXTA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2012:"LINGUAGEM E ARTICUALAÇÃO POLÍTICA"
“A língua deste gentio toda pela Costa é uma: carece de três letras, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem justiça e desordenadamente”.
(Pero de Magalhães Gândavo; "Tratado da Terra do Brasil”,1576).
A Esquadra de Cabral aportara em solo indiano, em 22 de abril de 1500, trazendo consigo, além da tripulação de marujos treinados pela Escola de Sagres, do Infante Dom Henrique, uma enorme população de portugueses, suprimida socialmente por Portugal e sem muita escolha sobre o próprio destino.
Porém, apesar de termos até então entendido o referido desbravamento como uma descoberta, algumas importantes investigações científicas aludem a outra realidade: a de que o Brasil precisava ser oficialmente apresentado ao mundo europeu, indicando-se então a referida data como a de seu oficial descobrimento pelos portugueses.
O que era então, em seus primórdios, o Brasil em relação ao que entendemos por uma sociedade, senão apenas uma terra em que lusitanos desgarrados, em sua maioria homens, e judeus obrigados a se converterem ao cristianismo, se estabeleciam sem qualquer espécie de ordenação social, sob o impacto da enorme dificuldade de comunicação.
Como versavam as palavras no pergaminho do escrivão da Esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha:
“Nem eles cedo aprenderiam a falar para o saberem tão bem dizer que muito melhor outros o não digam quando cá Vossa Alteza mandar”.
Nesta época, travava-se por parte dos lusitanos, intensa, árdua e complicada comunicação com os índios locais a fim de estabelecer uma comunicação sustentável que lhes prouvesse, no mínimo, o convívio necessário para a sobrevivência de ambos, que ali já se interagiam como povos, dividindo e mesclando culturas e tradições, criando um vínculo de intimidade entre os sexos opostos, resultando na primeira matriz de brasileiros. Surgia a miscigenação como caráter principal de uma sociedade em formação.
Povos que se uniam, por interesses diversos e que, ao longo dos anos, constituíam famílias vivendo sob uma marca cultural de forte autenticidade, totalmente diferente das gerações anteriores.Talvez por isso o aprendizado, ou da Língua Portuguesa (pelos nativos) ou da língua nativa (por parte dos portugueses), não fosse tão interessante. Porém, ainda assim, nos lares, o homem português rendia-se ao linguajar Tupi, pela natural questão do enlace. Uma marca endocultural que se consolidava de tal forma, a gerar, inclusive, modificações linguísticas.
O solo brasileiro já unia dois povos diferentes proporcionando um natural e harmônico convívio de etnias, em que a língua, em suas variações dialéticas, foi um dos fatores mais importantes para o estreitamento de ideais e conceituações éticas e morais, entre ambos. Mesmo imerso em um barbarismo linguístico, quando a comunicação entrelaçava essas línguas (fato que posteriormente culminou em um novo expressionismo linguístico), nada prejudicava aquela nova formação social.
A eufonia começava a ocupar espaço no seio familiar, quando as crianças, de natureza diglóssicas, se expressavam com mais clareza nesse novo contexto de comunicação. Na seara sociolinguística, variantes de expressões do coloquial eram quase que naturais e bem absorvidas, pois não havia, à época, razões econômicas ou políticas, habitualmente forte influência nas colônias, capaz de descentralizar a sociedade.
Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma como é fundamental à humanidade compreender as diferenças ente povos de culturas diversas, é necessário saber entender as diferenças dentro do mesmo sistema.
Por um período de quase cinco décadas, após a vinda dos primeiros lusitanos ao Brasil (que ainda ficaria por muito tempo sendo identificado nos mapas como uma colônia de Portugal), os tripulantes das embarcações, aqui permanecendo, viram a terra como uma moradia, a princípio sem muitas esperanças de desenvolvimento e progresso, principalmente no âmbito educacional.
Somente com a vinda dos primeiros jesuítas às terras coloniais lusitanas do Além-mar, em 1549, após 15 anos de fundação da Companhia de Jesus12, em Paris,França, pelo sacerdote espanhol Inácio de Loyola (1491-1556), que podemos referenciar o Brasil como uma porção de terra habitada, que passa a proporcionar alguma espécie de êxito em relação às verdadeiras intenções missionárias, embora não nos permitamos deixar de valorizar a educação já existente no Brasil; educação nativa que se perpetuou ao longo de gerações.
Podemos nortear o Brasil, desde então, como um espaço físico habitado que, pela primeira vez, com a chegada dos “Sacerdotes de Cristo”, tem contato com a realidade educacional; uma realidade formalizada e moldada na conformidade e nos preceitos dos países mais desenvolvidos da Europa. Foram os jesuítas, os pioneiros da oficial e legal aprendizagem transmitida aos primeiros bastardos da jovem nação brasileira.
Desde o início, tanto na Terra de Santa Cruz quanto no Brasil, houve educação brasileira (porque as aulas eram ministradas na terra brasileira) para gente brasileira, embaixo de um sol brasileiro, para crianças da gente brasileira. Aliás, nunca foi e jamais será tão genuinamente brasileira a educação ministrada no Brasil, uma vez que, nesses primeiros séculos, a escola educava os curumins, os filhos dos indígenas do Brasil, os mais brasileiros de todos os brasileiros.
Acompanhados pelo Padre Manuel de Nóbrega (1517-1570), ambos compondo a tripulação de Tomé de Souza (1503 -1573), que seria o Primeiro Governador Geral das Capitanias Hereditárias, chegaram aqui, em número de seis jesuítas, marcando o início da História da Educação no Brasil (nos moldes europeus). Quinze dias após a chegada desses clérigos, incentivados pelo por Tomé de Souza, fundam, na cidade de Salvador, Bahia, a primeira escola elementar.
Era realmente impossível imaginar uma colônia lusitana que existisse sem a influência jesuítica em relação à educação. Fortemente equilibrada e capaz de se comparar ao clero europeu nas questões de articulação política para os seus próprios fins e atos, a Companhia de Jesus atua com maestria e uma desenvoltura diplomática inigualável.
Os primeiros contatos com o povo brasileiro, mesmo com a intenção de efetuar a difusão do ensinamento cristão aos silvícolas e miscigenados, não foi trabalho dos mais fáceis, visto que além de uma língua nativa, já existente, e a língua portuguesa preservada pelos primeiros colonizadores, ainda se falava um outro dialeto.
Portanto, a princípio, os jesuítas optaram pelo bom senso de aprender a língua nativa, o Tupi, deixando de lado os conceitos enfáticos da língua, tão enaltecedor do Latim, para, em um ato talvez herege, estreitar os laços de comunicação. Trataram também de aprender esse novo dialeto que começava a tomar forma.
(Caos Markus)
domingo, 21 de outubro de 2012
QUINTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2012: "A SEMIOLOGIA DOS DIALETOS"
Conceitua-se a linguística, comumente, porém de maneira muito evasiva, como a disciplina do estudo científico da linguagem. Uma definição, simples demais, a ponto de suscitar pluralidade de questionamentos. Primeiramente, é indispensável a determinação de entendimento do termo ‘linguagem’, nem sempre empregado com o mesmo sentido. É necessária ainda a delimitação do significado de um estudo científico da linguagem.
Além disso, não se pode esquecer a existência de outros ramos do conhecimento; à sua maneira, também se interessam pelo estudo da linguagem.
Isso se dirige ao estabelecimento de alguns contrastes entre a linguística e algumas ciências ou disciplinas afins, de modo a demarcar seu campo de atuação.
Buscaremos, por isso, desenvolver algumas observações sobre os conceitos de linguagem e de língua, através do reconhecimento do que há de científico nos estudos elaborados na área da linguística. E, concomitantemente, diferenciar essa disciplina de outros ramos do conhecimento, igualmente interessados na compreensão da linguagem. Por acréscimo, apresentaremos áreas de aplicação das teorias linguísticas, finalizando a semiologia aplicada a pesquisas relacionadas aos dialetos.
O termo ‘linguagem’ apresenta mais de um sentido. Ele é mais comumente empregado para referir-se a qualquer processo de comunicação, como a linguagem dos animais, a linguagem corporal, a linguagem das artes, a linguagem da sinalização, a linguagem escrita, entre outras. Nessa acepção, as línguas naturais, como o português ou o italiano, são formas de linguagem, posto instrumentalizarem o processo de comunicação entre os membros de uma comunidade.
Entretanto, os linguistas costumam estabelecer uma relação diferente entre os conceitos de linguagem e língua.
Entendendo ‘linguagem’ como uma habilidade, os linguistas definem o termo como a capacidade, atribuída ao seres humanos, de comunicação por meio de línguas.
Por seu turno, o termo ‘língua’ é habitualmente definido enquanto sistema de signos vocais utilizado como meio de comunicação entre os membros de um grupo social ou de uma comunidade linguística.
Quando falamos, então, que os linguistas estudam a linguagem, dizemos que, embora observem a estrutura das línguas naturais, eles não estão interessados apenas na estrutura particular dessas línguas, mas nos processos que estão na base da sua utilização como instrumentos de comunicação. Em outras palavras, o linguista não é necessariamente um poliglota ou um conhecedor do funcionamento específico de várias línguas, mas um estudioso dos processos através dos quais essas várias línguas refletem, em sua estrutura, aspectos universais essencialmente humanos.
A linguística, como ocorre noutras ciências, apresenta diferentes escolas teóricas, todas diferenciando a seu modo a compreensão do fenômeno da linguagem.
Em uma tentativa de apresentar uma visão mais geral e, sobretudo, imparcial sobre essas escolas, apresentaremos como proposta a ‘capacidade da linguagem’, exclusivamente humana, no conjunto das múltiplas características seguintes.
1) uma técnica articulatória complexa: quando falamos em técnica articulatória, nos referimos a um conjunto de movimentos corporais necessários à produção dos sons que compõem a fala.
Esses movimentos envolvem desde a expulsão de ar a partir dos pulmões (através dos brônquios, da traqueia e da laringe) até sua saída pelas cavidades bucal e nasal.
A sutileza que caracteriza esses movimentos e, sobretudo, a singularidade permissiva de distinção dos vários sons e sua correlata função no sistema da língua, de modo a indicar o prevalecimento do processo de produção vocal como uma tarefa absolutamente complexa.
No que diz respeito à produção sonora dos elementos fonéticos, é de se notar a distinção entre ‘b’ e ‘p’. Ambos são oclusivos, bilabiais, orais. A única distinção entre eles é que ‘b’ é sonoro e ‘p’ é surdo. Ou seja, na pronúncia do ‘b’, a glote (espaço entre as cordas vocais) está semifechada, fazendo vibrar as cordas vocais com a passagem do ar.
No caso de ‘p’, a glote está aberta, facilitando a passagem do ar, sem causar a vibração das cordas vocais. Essa diferença na articulação é um traço distintivo no sistema da língua portuguesa, pois a troca de ‘p’ por ‘b’ (e também o contrário) leva a uma mudança de significado das palavras, como em ‘bote’ e ‘pote’.
A esse fato está associado o domínio do falante sobre intrincados fenômenos de ordem fonológica que caracterizam o uso cotidiano de uma língua.
Sob tal aspecto, são interessantes fatos como a troca de ‘e’ por ‘i’, por exemplo, que, na contraposição entre ‘pera’ e ‘pira’ causa uma modificação de sentido, mas na oposição entre ‘menino’e ‘mínimo’, não.
Demonstram o uso da linguagem na condição do domínio de um conjunto de procedimentos codificados, associados não somente à produção e percepção dos diferentes sons da fala, mas também aos efeitos característicos da distribuição funcional desses sons pela cadeia sonora.
2) uma base neurobiológica composta de centros nervosos utilizados na comunicação verbal: essa relação entre a linguagem e nossa estrutura neurobiológica pode ser vista nas afasias, caracterizadas como distúrbios de linguagem provenientes de acidentes cardiovasculares ou lesões no cérebro.
Desde meados do século XX, a partir dos estudos científicos, restou confirmado que lesões ou traumatismos em determinadas áreas do cérebro provocam problemas de linguagem.
Se as lesões ocorrem na parte frontal do hemisfério esquerdo do cérebro, elas causam nas pessoas afetadas uma articulação deficiente e uma séria dificuldade de formar frases, preservando, todavia, sua compreensão daquilo que as outras pessoas falam.
Pretendemos demonstrar, com informações sobre as relações entre linguagem e estrutura neurobiológica o funcionamento da linguagem, pela interdependência com uma estrutura biológica a conduzi-lo.
3) uma base cognitiva, regente das relações entre o homem e o mundo biossocial e, via de consequência, a simbolização ou representação desse mundo em termos linguísticos.
Associado à base neurobiológica está o funcionamento mental, ou seja, processos associados à nossa capacidade de compreender a realidade, obrigando-nos a transmití-los aos nossos semelhantes em situações igualmente reais de comunicação.
Pode-se dizer, o termo ‘cognição’ se relaciona ao funcionamento mental, tal qual em linguística existem diferentes teorias que descrevem esse funcionamento.
Para a constituição genérica de como a linguística trata esses fenômenos, é interessante reconhecer seu histórico do modo como os linguistas compreenderam a relação entre o uso da linguagem e o funcionamento da mente ao longo da sua evolução.
Cada língua segmenta a realidade de um modo peculiar e impõe tal segmentação a todos os que a falam. Isso significa que a linguagem é importante não só para a organização do pensamento, como também para a compreensão e categorização do mundo que nos cerca.
Algumas línguas indígenas apresentam o mesmo termo para designar o sol e a lua. Isso significa, segundo essa teoria, que os falantes dessas línguas identificam esses dois objetos celestes como pertencentes a uma mesma categoria de coisas. Em nossa cultura, isso não acontece: temos nomes distintos para designá-los.
Isso ocorre porque acreditamos se tratar de duas coisas de natureza diferente.
Assim, a linguagem determinaria a percepção e o pensamento: as pessoas que falam diferentes línguas enxergam o mundo de modos distintos. Por sua vez, as diferenças de significados existentes numa língua são relativas às diferenças culturais relevantes para o povo que usa essa língua. Confirma-se a importância da linguagem na compreensão e na construção da realidade.
Não é nosso objetivo entrar nos detalhes associados às discussões sobre a natureza da estrutura cognitiva humana, e sim registrar o fato de que a aptidão da linguagem implica um tipo de organização mental sem a qual ela não existiria ou, pelo menos, não teria as características que tem.
4) uma base sociocultural atribui à linguagem humana os aspectos variáveis por ela apresentada no tempo e no espaço: a linguagem é um dos ingredientes fundamentais para a vida em sociedade. Desse modo, ela está relacionada à maneira como interagimos com nossos semelhantes, refletindo tendências de comportamento delimitadas socialmente. Cada grupo social tem um comportamento peculiar, manifestando-se também na forma de falar de seus representantes.
Além disso, um mesmo indivíduo em situações desiguais usa a linguagem de maneiras diversas. Quando está no trabalho, discutindo questões profissionais com seu chefe, por exemplo, o falante tende a impregar uma linguagem mais formal. Contudo, em casa, conversando com os familiares, o falante utiliza uma linguagem simples, corriqueira, popular.
Importante, também, registrar as mudanças em nossas vidas, em função da evolução cultural. Assim, as línguas acabam sofrendo mudanças decorrentes de alterações sociais e políticas, de eventos de natureza sociocultural característico da vida em sociedade. Variam pela vontade dos indivíduos ou dos grupos em se identificar através da linguagem, mudando em função da necessidade de se buscar novas expressões para designar novos objetos, novos conceitos ou novas formas de relação social.
5) uma base comunicativa a abastecer dados reguladores da interação entre os falantes.
Como a linguagem se manifesta no exercício da comunicação, existem aspectos provenientes da interação entre os indivíduos, revelados na estrutura das línguas. Algo comum no processo de criação de formas novas e mais expressivas na substituição de construções cujos significados perderam sua função.
(Caos Markus)
sábado, 20 de outubro de 2012
QUARTA-FEIRA, 24 DE OUTUBRO DE 2012: 'QUEM VÊ"
Quando fixas o teu olho no do teu inimigo
e é a ti mesmo quem vê,
é então que encontras a misericórdia.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 23 DE OUTUBRO DE 2012: "ILHA"
Todo homem é, sim, uma ilha,
cercada de outras tantas ilhas,
por todos os lados.
Conviver é admitir a existência
desse admirável arquipélago.
(Caos Markus)
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
SEGUNDA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2012: "A DIVINA EXPLOSÃO"
O retorno ao passado, no que ele representou de mais conservador, parece ser a meta de um futuro próximo.
Retroceder ao tempo de um Estado soberano, formal e essencialmente burocrático, onde nação é mero pretexto e nunca um sincero propósito, tem sido habitual em nossos dias. No dizer de Medard Boss, "a verdadeira, a grande bomba atômica já explodiu séculos atrás; falamos daquela bomba atômica espiritual, a qual começou a atomizar e pulverizar nosso mundo, quando as ciências naturais-analíticas declararam serem as coisas de nossa terra e de nosso céu um simples acúmulo de massas moleculares e de movimentos ondulatórios, e assim as destruíram como coisa que eram até então".
Ao passo em que os avanços da tecnologia moderna deveriam propiciar um progresso generalizado e extensivo à toda população do planeta, exatamente o contrário é que mais corriqueiramente se verifica desde a expansão econômica advinda com a Revolução Industrial, demonstrando ser expressão da verdade a consideração de que "os meios pelo homem criados para aumentar seu bem-estar, notadamente os que lhe dão mais força ou segurança, são naturalmente aqueles que ele vai utilizar para se fazer mais forte na guerra, a fim de dominar ou tentar dominar os outros".
Pois, é justamente quando o aparato das ciências aplicadas atinge o seu maior estágio que a humanidade se percebe totalmente desprotegida, vítima da miséria e da violência.
O homem, de tanto acreditar no que era capaz de fazer, muito pouco realmente fez de bom para si mesmo, esquecendo-se de sua necessária integração à natureza que paulatinamente vem buscando transformar.
Marcados pela avareza - típico sinal de uma pretensa modernidade -, deveríamos ouvir do pretérito o que de melhor ele teve. Assim, nunca é demais a advertência, ainda que simbólica, de um Dante Alighieri, em sua "A Comédia" (mais tarde chamada de "divina"):
"Eles se hão de embater na eternidade:/Ressurgindo, uns terão as mãos fechadas, / Os outros de cabelo pouquidade./Por dar mal, por mal ter viram cerradas/Do céu as portas; penam nesta lida,/Com mágoas, que não podem ser contadas".
O progresso não tem sido acompanhado de evolução, antes ele tem somente possibilitado uma suposta maturidade.
As divergências de interpretações várias não estão mais subordinadas a um consenso inevitável; como uma necessidade do progresso, no que entre nós se instalou enquanto "o domínio sem controle do livre arbítrio".
Sendo "as leis relativas á existência humana tão verdadeiras como as regentes de todos os outros aspectos da natureza", o seu desprezo tem acarretado o insuportável ônus de uma espetacular deterioração da sociedade humana.
A teoria do eterno retorno, apregoada pelos nihilistas, não é de toda inaceitável: sem nenhum melhor critério, estamos voltando à sucessão de episódios que, bem o sabemos, só fizeram difundir a negação da supremacia humana na terra.
Essa insustentável leveza do ser já foi comparada à fragilidade da própria história que "é tão leve quanto a vida do indivíduo, insustentávelmente leve, leve como uma pluma, como uma poeira que vai desaparecer amanhã", na observação de Milan Kundera.
A cada novo instante, mais submissos todos estamos, em severa subordinação à nossa surpreendente insignificância diante daquela que ainda hoje nos é de toda incompreensível -a mente humana.
Buscando reduzir o assombro, projetamo-nos como deuses onipotentes, onipresentes e oniscientes, não percebendo que "todo querer não é outra coisa que uma procura de compensação, que um esforço visando sufocar o sentimento de inferioridade". E a sombra dessa projeção indica nada mais que o nosso reduzido tamanho incapacidade para uma reflexão mais séria sobre a existência da humanidade; um olhar para o seu destino a partir do livre arbítrio e suas nefastas conseqüências.
Definitivamente, não somos felizes. Por que?
Talvez, porque não é incorreta a assertiva: "o coração tem razões que a própria razão desconhece". Porém, com uma imprescindível ressalva: não entendemos absolutamente nada de "coração". Conhecemos o sistema solar, a via-láctea e muito mais, mas, absurdamente, o universo interior de cada um de nós é enigma jamais decifrado.
É de considerar-se oportuna a advertência de Medard Boos:
"As pessoas que mais temem a morte são sempre as mesmas que mais têm medo da vida, pois é sempre o viver da vida que desgasta e põe em perigo o estar-aí".
Não vocacionado para a paz, o homem moderno quedou-se ao silêncio da omissão, um desventurado procurando a felicidade no desmesurado do qual fez o seu inviolável refúgio.
Inapto à vida em plenitude, o seu suicídio se opera de forma lenta e gradual, através de um vago mecanismo de defesa, consistente na recusa sistemática daquilo que lhe é essencial -o amor. Este também no mais amplo sentido, a nortear a sua breve passagem por este mundo.
Regredir é a conduta dos temerosos, de tantos quantos renunciam à vida em seu próprio nome.
(Caos Markus)
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
DOMINGO, 21 DE OUTUBRO DE 2012: "O SIMULACRO DA FAMA"
Ao gosto dos mais eruditos, assim compara a expressão latina: "Nec solo nostro imperio milita re credimus, ilos, qui gladiis, clypeis, et thoracibus nituntur, sed etiam Advocatos: militant namque causarum patroni, que gloriosae vocis confisi munimine, laborantium spem, vitam, et posteros defendunt."
Obviamente, como nem o Português ainda dominamos, e de cultura somos ainda mais pobres do que outras carestias várias, melhor mesmo é assumir a ignorância e identificar a fonte da latinada: "Dicionário de Latim Forense", de Amilcare Carletti. Trata-se de uma dessas obras com que determinados sujeitos gostam de usar e abusar com "adjetivo', pensando impressionar magistrados que se dão por felizes quando têm tempo de ler, em rebuscadas linhas de 'portugueis tupiniquim', as 'exordiais', os 'embargos infringentes' e aflitivos da montoeira enorme de processos e processos, e mais processos. Assim, como de médico e de louco, como de advogado e de tapado todo mundo tem um pouco... está na hora de termos, também, um pouco de tradutor e intérprete, e passar para o povaréu, que se impressiona com qualquer coisa - sempre que dita com ar professoral -, o significado da aguçada observação do filósofo (será mesmo?), autor das belas palavras, que são lindas justamente porque a sua beleza consiste no efeito, na impressão, muito mais que realmente pela expressão. Mas, vamos lá: "Não acreditamos que no nosso império militem somente aqueles que se tornam fortes (no manuseio) das espadas, nos escudos, nas coraças, mas também os advogados; porque militam os defensores das causas, os quais confiando no auxílio da palavra gloriosa, defendem a esperança dos atormentados, e a vida e a posteridade."
Êta beleza! De posse de uma carteira da O. A. B., das prerrogativas do advogado (mais encontradiças no Estatuto da O. A. B.), e de um comentário em latim, como é o caso desse belo exemplar, qualquer um do povo poderá sentir-se convicto de estar cumprindo o honroso mister de distribuir... arrogância e prepotência. E daí? Quem não tem cão caça com gato, e quem não tem dinheiro gasta com poder. E é por esse e outros motivos semelhantes que eu sinto falta da Alice da minha infância pobre no interior do meu agreste e recôndito ser. No país da fantasia, estória era só o que a minha mãe me contava, parece que já antevendo o meu estado delirante, vítima de hipersinestesia, notívago e insone. Hoje, de olhos abertos, arregalados, minha vigília é para não crer em fábulas econômicas, em onomatopéias discursivas, em ideologias desvairadas de ilhas fantásticas.
Então, sôfrego, procuro a verdade nos antigos poetas alemães, nihilistas quase sempre, porém jamais intolerantes. É quando encontro num Wertheimer Von Krause, por exemplo, a esperada explicação para o sentimento universal traduzido pelos germânicos como 'Wille zur Macht', isto é, a afirmação do poder do "Eu". Pois, sob o pretexto refutável do estabelecimento de uma sinarquia, os sengos são forçados à convivência com a sorna da mais nova sóbole, grandiloqüente, porém nada mais que a aglutinação de somelgas sinagelásticos ocultando, em formidável simulacro, o destino de sinuelo reservado a tantos quantos obedeçam o seu sinistrismo.
Impressionante!! O que não é capaz de fazer um homem obstinado com a falsa idéia da fama!
Que fale agora Von Krause: "Spielzeug nicht geeignet für Kleinkinder unter 3 Jahren. Die Kleinteile könnten verschluckt oder eingeatmet werden". Afinal, as impressões álgicas multiformes - de compreensão, distensão, avulsão, ardor - são todas derivadas das chamadas sensibilidades profundas, motivo pelo qual as idéias dualistas de Goldscheider frutificaram em concepções que explicam a dor como sendo essencialmente uma reação talímica, produzida de vez em quando tardiamente na escala zoológica, compreendida entre os fenômenos afetivos e não entre as senso-percepções.
Difícil o entendimento? Só para quem não conhece a profundidade do pensamento germânico contemporâneo, sem dúvida alguma a marcar toda a doutrina política da atualidade, tal a influência na Psicologia das massas, invariavelmente impregnadas de lúdicas estratégias do 'marketing'.
Mas... Já é hora de assumirmos novamente o quase sempre ingrato ofício de 'tradutor', e dar ciência à massa ignara (que também não sabe o que isso significa) da filosofia de um vago Wertheimer Von Krause, tão incerto quanto alegórico. Pois já não mais faz sentido a mensagem subliminar burlesca, o 'dito pelo não dito' que também nada disse. Se tanto lutamos pela emancipação do nosso povo, e pedimos 'diretas-já', e exigimos a deposição dos fraudulentos que conspurcavam a nação aviltada, se o nosso passado é de glórias, gloriosamente admitiremos a nossa ignorância, em primeiro e definitivo passo para o aperfeiçoamento moral do idioma luso-latino-franco-germânico-anglo-brasileiro-ianomâni, abolindo as fronteiras dos galicismos, anglicismos, e todos os demais 'ismos' que enodoam a cultura nacional de Pindorama.
Assim falou Zaratrusta! E assim falou Von Krause: "Brinquedo não apto para menores de 3 anos. As peças pequenas poderiam ser ingeridas ou aspiradas".
Agora, enobrecidos pela cultura popular do 'kinder over', já podemos respirar aliviados, todos bastante convictos de estar cumprindo, também, o honorável mister de distribuir gratuitamente a presunção característica da idiossincrasia bandeirante. E não se fala mais nisso.
(Caos Markus)
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