O que significa ser inteligente? Supõe-se, é o agir para o melhor, fazer sempre o melhor e da melhor forma, tornando-se, portanto, melhor.
Desse modo, o mundo não seria mais indiferenciado ou não estaria mais dilacerado entre pólos opostos sem acordo, mas seria um mundo dirigido, orientado na direção do que é melhor.
A 'inteligência', o 'pensamento', contudo, não agem no sentido do 'melhor', pura e simplesmente.
O 'pensamento' é apenas 'iniciativa'; somente põe o cosmos em movimento, sem qualquer outra interferência.
A partir do primeiro impulso, as partículas se atraem e se repelem, formando todas as coisas e seus limites. E esse movimento circular perdura, revolvendo todas as coisas, até os próprios astros. O agir desse 'inteligência' é mecânico.
Falar em 'inteligência', hoje, implica para nós referência à inteligência humana, ou a um ser pensante.
Não é fácil sequer imaginarmos o que seria esse puro pensamento impulsionador do mundo, anterior a todos os seres constituídos e a toda e qualquer caracterização.
Pensadores religiosos cristãos identificariam tal força ao ato de criação do mundo por Deus, mas a filosofia parece recuar, com prudência, diante de verdades como essa, que dependem de crença.
Afinal, por primeiro, não se falou num deus criador, mas sim em um 'pensamento', numa 'inteligência'. Não se aludiu a criação, porém, no inicial contato do movimento.
A questão fundamental a nos suscitar a 'inteligência' primordial está no fato de que falar em 'ordem', em 'ordem do mundo', 'cosmos', já é falar em 'organização', em uma 'ordem racional das coisas', em 'razão', na 'racionalidade das coisas', como estando nas coisas elas mesmas, e não em outra parte.
Pensar o mundo como uma totalidade organizada já é pensá-lo como inteligência, não só como nossa faculdade de inteligir. Compreendê-lo, pois, como possibilidade de que as coisas sejam inteligíveis nelas próprias.
(Caos Markus)
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