Ao se pensar em alfabetização e pretender traçar um panorama das ideias que afetam a educação brasileira, não se pode deixar de lado os pressupostos de uma verdadeira revolução conceitual, desmontando explicações construídas ao longo de décadas para justificar o fracasso escolar de crianças na fase inicial da aprendizagem.
O foco de atenção, antes centrado no professor ‘que ensina’, passa a ser no aluno ‘que aprende’. Do ponto de vista teórico, refere-se a concepções radicalmente transformadoras do questionamento até então a orientar os estudos sobre a aquisição da leitura e da escrita.
Resgatando a compreensão do sujeito cognitivo, o foco, hoje, está na criança como ser capaz de criar hipóteses, de testá-las e de elaborar sistemas interpretativos na busca de compreender o universo circundante.
Se anteriormente as estatísticas educacionais apontavam metade das crianças matriculadas nas escolas brasileiras como reprovadas na passgem da primeira para a segunda série, face a problemas de aprendizagem ora justificados em função de carência nutricional, ora como consequência de falta de estímulo intelectual, de ausência cultural, de transtornos psiconeurológicos; ou então por efeito de deficiência linguística; atualmente, a psicogênese da língua escrita descreve o processo pelo qual a escrita se constitui objeto de conhecimento para a criança, demonstrando que as restrições não são exclusivamente dos alunos, De fato, uma sinalização para se repensar o papel da escola e do ensino oferecido às crianças. Pois, existem deficiências ocultadas nos índices das estatísticas, diretamente relacionadas com a função escolar no ensino dos educandos.
Partindo da hipótese de que a aprendizagem da leitura e da escrita não se limita à sala de aula, e a criança inicia o seu processo de alfabetização muito antes de ingressar na instituição de ensino regular, a inovação é assumir a educação básica em uma abordagem mais ampla, deixando de ser uma questão exclusivamente pedagógica, dependente da utilização de um método preconcebido e atividades mecanicistas de treinos e memorização. Ela também se explica pelas variáveis sociais, culturais, políticas e psicolinguísticas.
Considerando-as, deve ser engendrado o sistema de construção da língua escrita, patenteado externamente pelas interações sociais e experiências do sujeito aprendiz com as práticas do ler e escrever, e internamente através dos conceitos formulados, subsidiados pela sucessão de contradições e conflitos cognitivos.
Durante muitos anos, a língua escrita foi compreendida como um código cujo funcionamento se esclarecia pela associação de fonemas e grafemas na formação de sílabas, palavras e frases, viabilizando a transposição da fala para o papel somente com o domínio da grafia das letras, combinando-as aos seus respectivos sons, e ajustando-as às regras da ortografia e de gramática.
Superando, todavia, a esfera do código, a atenção é dirigida à complexidade da escrita entendida como ‘sistema de representação’, admitindo-se que o simples domínio do processo não irá tornar o sujeito um “escritor” competente, porque, além disso, é indispensável a extensão de sua experiência e seus saberes até o reconhecimento da escrita na sua especificidade.
Ao lado dos princípios normativos que organizam o seu funcionamento, há uma imensa diversificação de configurações e funções inerentes ao uso da língua, a merecer valorização nas mais variáveis situações sociais de uso da escrita. Por efeito, longe de simplesmente colocar em prática os princípios de um código, o aprendiz acaba se envolvendo em procedimentos de reflexão e recriação linguística, imprimindo à própria linguagem outra forma, assentada nos seguintes primados: 'o que escrever', 'para que escrever', 'o gênero' e 'a estrutura da escrita', 'seus destinatários' e 'sua função social'. Afinal, na codificação, tanto os elementos como as relações já estão predeterminados, ao contrário de uma reinventada representação. Porque, sem hesitações, a invenção da escrita decorre de um processo histórico ao construir-se um sistema de representação, e não um processo de codificação.
(Caos Markus)
O foco de atenção, antes centrado no professor ‘que ensina’, passa a ser no aluno ‘que aprende’. Do ponto de vista teórico, refere-se a concepções radicalmente transformadoras do questionamento até então a orientar os estudos sobre a aquisição da leitura e da escrita.
Resgatando a compreensão do sujeito cognitivo, o foco, hoje, está na criança como ser capaz de criar hipóteses, de testá-las e de elaborar sistemas interpretativos na busca de compreender o universo circundante.
Se anteriormente as estatísticas educacionais apontavam metade das crianças matriculadas nas escolas brasileiras como reprovadas na passgem da primeira para a segunda série, face a problemas de aprendizagem ora justificados em função de carência nutricional, ora como consequência de falta de estímulo intelectual, de ausência cultural, de transtornos psiconeurológicos; ou então por efeito de deficiência linguística; atualmente, a psicogênese da língua escrita descreve o processo pelo qual a escrita se constitui objeto de conhecimento para a criança, demonstrando que as restrições não são exclusivamente dos alunos, De fato, uma sinalização para se repensar o papel da escola e do ensino oferecido às crianças. Pois, existem deficiências ocultadas nos índices das estatísticas, diretamente relacionadas com a função escolar no ensino dos educandos.
Partindo da hipótese de que a aprendizagem da leitura e da escrita não se limita à sala de aula, e a criança inicia o seu processo de alfabetização muito antes de ingressar na instituição de ensino regular, a inovação é assumir a educação básica em uma abordagem mais ampla, deixando de ser uma questão exclusivamente pedagógica, dependente da utilização de um método preconcebido e atividades mecanicistas de treinos e memorização. Ela também se explica pelas variáveis sociais, culturais, políticas e psicolinguísticas.
Considerando-as, deve ser engendrado o sistema de construção da língua escrita, patenteado externamente pelas interações sociais e experiências do sujeito aprendiz com as práticas do ler e escrever, e internamente através dos conceitos formulados, subsidiados pela sucessão de contradições e conflitos cognitivos.
Durante muitos anos, a língua escrita foi compreendida como um código cujo funcionamento se esclarecia pela associação de fonemas e grafemas na formação de sílabas, palavras e frases, viabilizando a transposição da fala para o papel somente com o domínio da grafia das letras, combinando-as aos seus respectivos sons, e ajustando-as às regras da ortografia e de gramática.
Superando, todavia, a esfera do código, a atenção é dirigida à complexidade da escrita entendida como ‘sistema de representação’, admitindo-se que o simples domínio do processo não irá tornar o sujeito um “escritor” competente, porque, além disso, é indispensável a extensão de sua experiência e seus saberes até o reconhecimento da escrita na sua especificidade.
Ao lado dos princípios normativos que organizam o seu funcionamento, há uma imensa diversificação de configurações e funções inerentes ao uso da língua, a merecer valorização nas mais variáveis situações sociais de uso da escrita. Por efeito, longe de simplesmente colocar em prática os princípios de um código, o aprendiz acaba se envolvendo em procedimentos de reflexão e recriação linguística, imprimindo à própria linguagem outra forma, assentada nos seguintes primados: 'o que escrever', 'para que escrever', 'o gênero' e 'a estrutura da escrita', 'seus destinatários' e 'sua função social'. Afinal, na codificação, tanto os elementos como as relações já estão predeterminados, ao contrário de uma reinventada representação. Porque, sem hesitações, a invenção da escrita decorre de um processo histórico ao construir-se um sistema de representação, e não um processo de codificação.
(Caos Markus)
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