REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
domingo, 17 de novembro de 2013
DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013: "PRIMITIVOS APRIMORADOS"
Sempre constante, remanesce através dos tempos, esta pergunta de difícil resposta: o que constitui a ‘natureza humana’? Só gradualmente, é perceptível, de forma mais clara, a chamada ‘natureza humana’. Com as descobertas relativamente recentes do código genético, além de todas as pesquisas biológicas atuais, é possível entender melhor o conjunto de influências em nossa maneira de ser e de agir. Assim, muitos cientistas sociais desconsideram o termo ‘natureza humana’ enquanto referência de máxima especificidade do comportamento humano. Os hábitos (como as pessoas se vestem, como casam, o que comem, como enterram seus mortos, praticam suas crenças) são costumes socialmente determinados, variando intensamente. Por consequência, a expressão ‘natureza humana’ é mais relacionada a tendências básicas enraizadas em nossa herança genética comum. Independentes, portanto, das singularidades de cada sociedade e dos comportamentos assimilados pelas pessoas no seu ambiente social.
Nessa perspectiva, ‘natureza humana’ estaria vinculada às necessidades biológicas básicas do ser humano, à sua motivação geneticamente programada para satisfazê-las, à sua dependência de sistemas sócio-culturais e, também, ao seu potencial, já pré-estabelecido para a construção cultural.
Acentuando a distinção entre os seres humanos e o resto do mundo animal, os antropólogos buscaram correlacionar ‘cultura’ ao conceito de ‘símbolos’. A garantia de qualidade fundamental em uma definição de cultura apenas existe se a consideramos como os sistemas de símbolos da humanidade e todos os aspectos da vida humana deles dependentes. De um modo geral, essa é a nossa maior diferença na comparação com todos os outros seres vivos. Importa, então, determinar as concepções de ‘símbolos’ e ‘sistemas de símbolos’.
Símbolos e sinais são veículos de transmissão de informação. Há, contudo, uma básica diferença: o significado de um sinal é amplamente determinado de forma genética, é uma resposta geneticamente determinada por um estímulo específico. Exemplo clássico de um sinal é o grito de dor emitido por um animal ferido. Outro membro do grupo responde instintivamente a esse som ou pode aprender (através da observação e experiência) a associá-lo com os humores e ações dos demais indivíduos desse mesmo conjunto. E, com isso, ele pode ajustar o seu comportamento. Os sinais são extremamente úteis para ordenar as relações sociais entre os componentes de um segmento. Em geral, todavia, os sinais são muito limitados em seu poder de comunicação. Os símbolos, em contraste, como não são condicionados geneticamente, são flexíveis e podendo ser modificados facilmente. Assim ocorre na história de qualquer linguagem. Símbolos linguísticos foram alterados no transcorrer dos séculos, enquanto seus significados permaneceram os mesmos, e vice-versa. Isso porque os significados dos símbolos são atribuídos, de maneira arbitrária, pelas categorias sociais, adotados pelos seus elementos e, por efeito, não estão submetidos a regras antecipadamente, sujeitas então a mutações determinadas, a variações advindas de circunstâncias supervenientes.
Hoje, as pesquisas da neurociência comprovam a importância das atividades de ‘natureza cultural’ que, associadas às atividades físicas, são eficazes no alcance da longevidade saudável e lúcida. O cérebro do homo sapiens, tendo se originado no interior da estrutura da ‘cultura humana’, não seria viável fora dela. Nas contemporâneas sociedades tecnologicamente avançadas, o volume de informação transmitido de geração para geração tornou-se tão grande a ponto de nenhuma pessoa conseguir dominá-lo. Afinal, se os indivíduos são os portadores da cultura, a cultura em sua totalidade é a propriedade de uma sociedade. Nesse prisma, se pode afirmar, os sistemas de símbolos têm uma função, sob a ‘ótica cultural’, semelhante ao do ‘sistema genético’. Ambos são mecanismos facilitadores da adaptação de populações ao seu ambiente, através da aquisição, de acúmulo, da transmissão e uso de informações relevantes. E, forçosamente, impõe-se o reconhecimento: pouco mais somos senão 'primitivos aprimorados'.
(Caos Markus)
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