"(...) a primeira condição para ser 'dono', para ser 'proprietário', é a de o homem saber mandar nos seus próprios sentidos, abstendo-se do fáceis prazeres. O trabalho elevado à altura de dogma religioso."
'O mal absoluto é o Estado', entende o anarquista.
O anarquista propaga: 'a humanidade reduzirá a zero a ação dos governos'
Na concepção de Proudhon, seria inevitável a evolução da hierarquia para a anarquia, pelo estabelecimento de uma coordenação sem Estado.
Sentem, os anarquistas, verdadeira repulsa por todos os sistemas puramente ideológicos, e, sobretudo, pelas utopias.
Para eles, o movimento é a essência do espírito, a única verdade, tal qual ocorre na Natureza. E da mesma maneira, a civilização é essencialmente histórica, sujeita a progressão, a conversão, a evolução e a metamorfose.
Diversamente dos economistas, os anarquistas não crêem que a sociedade já está organizada a partir de uma estrutura planejada. E diferentes dos socialistas, os anarquistas defendem: o desenvolvimento humano, a partir do trabalho, está sempre a caminho de se organizar, desde o começo do mundo, e essa organização se desenvolverá até o seu fim.
Ilimitada repugnância sentem os anarquistas frente aos articuladores do que eles chamam de 'panacéias sociais'. Por efeito, combatem com veemência "os remédios eficazes para os males da sociedade".
Eles são incrédulos quanto a soluções imediatistas, concretas somente à vista dos resultados obtidos e dos fenômenos em curso de realização.
Na prática, a descentralização é uma máxima dos anarquistas, pelo desaparecimento do sistema político ou governamental no sistema econômico, reduzindo-o, simplificando-o, para ir suprimindo, uma após a outra, todas as engrenagens dessa 'grande máquina que tem o nome de governo do estado'.
Trata-se, enfim, de rompimento com a rigidez pela qual atrofiam-se todas as atividades sociais.
Aos anarquistas, a primeira condição para ser 'dono', para ser 'proprietário', é a de o homem saber mandar nos seus próprios sentidos, abstendo-se do fáceis prazeres. O trabalho elevado à altura de dogma religioso.
Nessa ótica, não há espaço para o oculto, não cabe o clandestino, tão próprios do totalitarismo.
Sob esse julgamento (a partir da admissão da constância na evolução humana), a lei em si mesma é subversiva , a exemplo de qualquer nova Constiuição que, logo promulgada, rompe com a norma anterior, subvertendo-a.
Da clássica noção de democracia, vinculada ao conceito de liberdade, individual e coletiva; o anarquista tem sua visão acima da interpretação mais "coloquial". E sem nehuma erudição de enciclopédia, ele crê em sociedade organizada a partir de valor hoje relegado à inferioridade: o trabalho.
Por conseguinte, cabe-nos ao menos a aceitação de que os pressupostos anarquistas devem ser premissa para o real democrático, contrário à democracia servil, apenas um mote à manutenção de enrustidos sistemas de governos caracterizados pelo maior ou menor autoritarismo, todos presentes em oligarquias imperantes na organização da sociedade humana.
(Caos Markus)
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