Não se conhecerá o passado tal qual ele de fato possa ter sido, apenas buscando como fonte sua articulação histórica. Essa é atitude a traduzir-se muito mais em apropriação de uma reminiscência, da maneira como ela se destaca no momento de uma ameaça.
Função e objetivo do materialismo histórico é, pois, a de fixar uma imagem do passado (como ela se apresenta, no instante do perigo), correlacionando-a ao sujeito histórico, por faltar-lhe a consciência disso.
O perigo ameaça não somente a existência da tradição, mas também os que a recepcionam, em passivo acatamento, através de seus co-respectivos princípios e dogmas. A ambos, o mesmo risco: entregar-se às classes dominantes, como seu instrumento.
Em cada época é preciso arrancar a tradição ao conformismo, que dela pretende apoderar-se. Pois, as intervenções messiânicas não surgem somente como salvação, mas ainda como as única capacitadas à vitoria na luta contra o mal que supostamente combatem.
O dom de despertar do passado a centelha da esperança, este é privilégio exclusivo do historiador, se convencido de que igualmente os mortos não estarão em segurança com o triunfo do mal, mesmo quando esse inimigo tenha por vezes sucessivas triunfado.
(Caos Markus)
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