Há quem creia, alma/corpo é uma díade a estravasar o âmbito exclusivamente humano, expandindo-se para todos os seres existentes. Entretanto, evidente, melhor é ser uma existência viva ao invés da perceptível inércia como único registro existencial. Um corpo e uma alma alcançam superior condição de existência através deste 'anima'.
Sob a consideração teórica da metempsicose (transmigração das almas de
um para outro corpo) não haverá exclusiva referência à alma (psique) humana. Então, em maior amplitude, tudo 'o que é' possui alma.
A interpretação cristã, ou a denominada exegese dos textos pagãos, buscou incentivar a concepção da alma enquanto elemento divino, essencialmente separado do corpo. Dessa interpretação advem o conceito fundado no discernimento das características excludentes da alma e do corpo enquanto atributos humanos. E da tradição cristã, estruturou-se, com efeito, uma teoria platônica da espiritualidade da alma, em exagerado papel de recusa do corpo em favor da alma. Assim, se o corpo (em grego, "soma") somente é admitido como o túmulo (em grego,"sema") da alma, tal compreensão está baseada em necessidade de inverter perspectivas, e pensar a morte como passagem a nova vida.
Nesse sentido, alma, memória e ciência compartilham da mesma constituição divina, face a imortalidade, comum a todas, porque -não nascidas- as três comungam do mesmo atributo, ingênitas por origem. Conforme a crença, são elas que permitem ao mortais, ou seja, aos nascidos, a possibilidade de escapar ao círculo das gerações, da maldição do 'vir-a-ser'. Ou, do renascer-viver-morrer-renascer, uma condenação à infinita repetição da mesma vida, sem recurso a qualquer mudança. E para haver a diferença, o renascer sem mera repetição da mesma coisa em igual situação, seria, pois, indispensável outra existência: a de lugar destinado ao aperfeiçoamento.
Enxergando a transcendência das metáforas em realidades construídas, cabe indagar qual "espírito" anima a "alma" da vida a nos confirmar existentes.
(Caos Markus)
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