À irracionalidade e ao "niilismo" atuais é indispensável contrapor projeto restaurador de um espaço público capaz de proporcionar a formação espontânea de opinião e propiciar a geração comunicativa da vontade coletiva, livre de distorções ideológicas e coercitivas. Por efeito, um imperativo de ousado empreendimento, qual seja, o de resgatar a 'razão prática' com aptidão no enfrentamento das questões éticas, dissociando-a de subterfúgios. Esse novo procedimento buscará, então, uma 'razão autônoma' e 'emancipada', em condições de refletir formas potencialmente universalizáveis de 'legitimação' em mediações institucionalizadas dos conflitos sociais, superando modelos cuja obrigatoriedade só faria sentido se garantida fosse a efetiva participação de todos em sua definição. Requer-se, para tanto, que a 'razão' seja dotada de 'auto-crítica', fundamentada em permanente 'interpretação da suspeita'. Vale dizer, 'razão' assentada na 'consciência de sua sujeição' a deformações sociais, que, se não identificadas a tempo, conduzirão o processo comunicativo à fragilidade da retóricas vazias de conteúdo, mas impregnadas de intenções subliminares, próprias da pseudocomunicação, sempre desprovida de garantia, desguarnecida, pois afastada da 'veracidade subjetiva', distante da realidade contextual do indivíduo e da comunidade enquanto 'sujeitos'. Afinal, as vítimas da falsa consciência burlam, e o fazem mentindo para si mesmas e aos outros. Igualmente, essa inconsciência impossibilita a 'verdade objetiva', subtraindo a justiça, face a normas que, correspondendo ao 'interesse particular', serão apresentadas falsamente como relativas ao 'interesse geral'.
Por tais argumentos, faz-se necessário admitir: a 'alternativa legítima' não se situa entre a 'prática' e a 'razão tecnocrática', porém, está localizada entre a 'razão tecnocrática' e uma 'outra razão', capaz de transformar a 'prática'.
(Caos Markus)
Nenhum comentário:
Postar um comentário