Houve tempo em que, menino, eu nem imaginava que azia ainda seria tormenta no meu
continente digestivo.
Acento, ortografia, gramática -ausentes da minha pueril geografia-, nada afrontava meu resoluto
ideal de crescer, prosseguir.
A idéia era essa: o tempo passar.
Porque tem dia todos os dias; então, natural tudo ir mudando, quisessem ou não as crases, as
reticências; e até mesmo as reminiscências.
E foi isso o que de fato aconteceu.
De grave, só a voz da adolescente indo embora, com a adulta chegando.
A era (anos pareciam eternidade!) ficara para trás; em seu lugar, todos os lugares tão
velozmente visitados, a cada meio-tempo.
E o inteiro engano sobre a certeza futura.
Passado o presente a limpo, ainda creio que na Ásia, ou na América, europeu ou africano, viver
pode ser redundância. Ou relutância do hesitante. Ou hesitação de arrogante. Ou, quem sabe,
temporal indigesto, amenizado a bicarbonato,na queimação de terceiro grau que sempre dá ao
perseguir a luz eterna do santo graal.
Porque, sem dúvida, são ácidos os homens que tornaram a vida "aziática".(Marcus Moreira Machado)
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