Ou eu penso muito depressa ou tem gente que entende muito devagar. Prevalecendo a segunda hipótese, não errou, há 14 anos, Hans Donner, quando afirmou: "O Brasil fica louco por uma coisa que não exista".
Provavelmente, o renomado e global programador visual nem se deu conta da extensão de suas palavras, a traduzirem um comportamento muito mais abrangente, no sentido social e político, de próprio brasileiro. A observação de Donner valeu como método, ainda que empírico (mas nem por isso menos verdadeiro), de análise psicológica do povo destas plagas. (Um 'academicismo' impertinente insiste em chamar "povo" essa aglomeração de deslumbrados!).
Neste 'país' (olha aí outro desmesurado 'academicismo') é fácil, facílimo, ser bem dotado, ou até mesmo super dotado, considerando -muito mais que o empobrecimento- o emburrecimento sistemático a que estamos sempre mais e mais expostos. E não venham os imbecis de cátedra vincular a causa da nossa depauperada economia com a suposta e bastante questionável consequência de alienação e despolitização. Imunidade à idiotice institucionalizada adquire-se na na recusa em aceitar tal 'instituição'. É algo mais ou menos assim: cada um de nós poderia (ou poderá!?) readquirir a capacidade inata de pensar, se negando a ser mero e passivo receptor e, por efeito, fiel depositário das babaquices "jornalísticas"; e, então, reassumir a frequência de potente transmissor e gerador de idéias. Adaptar-se em simbiose parasitária às imposições de uma mídia monopolista é render-se à farsa da festa de "democracia", onde todos têm o sacrílego direito de discordar de tudo e de qualquer coisa. desde que não se ofereça nenhum perigo à estabilização da 'ordem cultural' vigente e vigorosa (com o vigor do tradicionalismo, ainda que travestida com a fantasia da renovação).
Eu não sou capaz de incomodar sempre que a pré-ocupação é incomodar-se com inverossímeis incredulidades: xoxotas despidas, traseiros abundantes (?!), não povoam a urbe? É o tesão recolhido querendo jogar no lixo o quê já estava.
Não levamos tantos anos para a conquista de qualquer Estado de Direito. Pois, que direitos são essas mil possibilidades de organizarmos outras mil diferenças em mais mil comitês de "iguais" ?!. O tempo que levamos não foi outro senão o suficiente para admitirmos que 'agora já fazemos' tudo aquilo que antes a censura não nos permitia: as nossas próprias bobagens. Um tempo incômodo, convenhamos. Afinal, eles, os governantes de outrora (aliás, não por coincidência, os mesmos de hoje) é que perderam o medo de nós, da nossa "subversão"? Será, tinham medo? Perceberam, isto sim, que não oferecíamos o menor perigo; souberam identificar o crucial -que nós não temos o hábito de pensar; e como quem não pensa arruina-se por imaginar que o faz, compreenderam que a nossa ruína moral já seria o bastante para que eles nada precisassem fazer contra nós. O gol seria o gol que é: gol contra!(Marcus Moreira Machado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário