O filosofar das certezas alcançadas pela razão é mesmo tradição histórica na filosofia. Constituindo o que Albert Camus chamou de "pensamento humilhado", são muitos os que têm por início do 'pensar' as evidências da razão. Ao invés do irracionalismo que tudo explica, um compromisso de sinceridade, a aceitação dos múltiplos da absurda tensão.
Sabe-se que clareza e realidade ordenada nunca serão alcançadas. Porém, questiona-se como viver neste embaraço, qual a possibilidade de se viver ciente de todas as negações que a todos são feitas.
Por conseguinte, o trabalho filosófico adquire um 'status' decisivo, uma natureza vital. Deixa de ser um devaneio próprio à ociosidade de algumas pessoas, a fim de se dignificar pelo que se lhe é destinado, a filosofia.
Viver, sabendo da temporalidade, a aproximação permanente do fim; viver, na obrigação de renunciar a todo absoluto e unidade; são tarefas que requerem uma condição. E a razão firmou, na ruptura, esse pressuposto -a condição da filosofia, porque premissa do homem consciente. É a negação que afirma.
A admissão de tais certezas é fruto do exercício da lucidez, pois, mesmo marcadas pela sensação de angústia, são a única fonte de luz com que se pode contar num mundo fora do controle humano.
Por isso, a filosofia há de ser vista como ampliação do ponto de partida.(Marcus Moreira Machado)
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