A mesma razão que se exerce na ciência se traduz também na política, no mercado e na história. A matriz é a mesma, quer dizer, prevalece o princípio da identidade. Noutras palavras, o pensamento de uma revolução (com destaque, aqui, à socialista de cunho marxista) integra a tradicional teoria identitária, mecanicista, causal. Assim, pode-se considerar o marxismo como herdeiro dos dogmas da Revolução Francesa, quais sejam, o iluminismo e sua fé no progresso, em comprometimento com a defesa dos atributos da razão. Entretanto, exatamente a partir do esforço humano na elaboração da solidariedade proletária (considerado de início o sofrimento que as diferenças sociais produzem, suscitando o desejo de uma vida melhor e mais justa, de 'igualdade, liberdade e fraternidade'), a resultante não é a sociedade justa, mas sim o seu oposto, isto é, uma comunidade popular.
Ora, a teoria marxista limitou-se ao plano abstrato descrevendo o proletariado em termos gerais e, desse modo, sucumbindo ao poder autoritário da história. Pois, o "autoritarismo" da história é o poder que ela tem de se repetir, de impor ao presente a repetição das formas terroristas que ela própria sempre conheceu. Porque, sem dúvida, o quê na história se repete é a violência, onde todos os vencidos são vítimas, e o vencedor é, de hábito, o vencedor do momento. Estar no poder, alcançar a condição de dominante é comandar a partir da prostração dos dominados. A história que se repete é a história de dimensão única, a do vencedor.(Marcus Moreira Machado)
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