Na natureza humana a dualidade é permanente. O homem é matéria e espírito, unidos em vínculo substancial para formar este ser distinto. Assim, por conseguinte, o ser humano é um animal apto a múltiplas atividades em comum com os demais exemplares da criação bruta. Contudo, ele se distingue porque é racional. Dessa racionalidade, duas as faculdades que o afastam dos animais inferiores: a possibilidade de pensar e a de se expressar. A sua faculdade de pensar implica o pensamento abstrato, pois que o pensamento do singular pode ser atribuído aos animais inferiores. Já o pensamento conceitual, o abstrato, é ato absolutamente diverso, peculiaridade restrita ao homem. Afinal, em nenhum outro espécime se encontra o mais leve traço de algo que se assemelhe à linguagem escrita.
Para a espécie humana, o mais importante, certamente, é o fato de que a linguagem não é apenas uma ferramenta de comunicação, mas também um instrumento de pensar. Nota-se que as palavras são o abrigo das idéias, e, por isso, são especialmente relevantes no domínio do pensamento conceitual. Na falta das palavras, é difícil imaginar como poderia a mente apreender idéias, compará-las, descobrir relações entre elas , quer dizer, fazer o que é da essência do pensamento abstrato, qual seja , as interferências. Interferir enseja, com efeito, pensar. Escrever para pensar é meio indispensável à pretendida interferência.(Marcus Moreira Machado)
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