De somenos importância quaisquer diferenças entre comunismo e socialismo. Socialismo utópico ou socialismo real, a distinção é irrelevante. Se ateu é comunista ou o socialista também, não é fundamental.
Crucial é saber porque há católicos marxistas (ou lenilistas ou maoístas, ou stalinistas ou trotskistas; tanto faz, tanto fez) e católicos apenas religiosos. Por que será?
Uma interpretação bíblica inspirada na dialética do materialismo histórico (mesmo depois da "queda do Muro de Berlin"; ainda agora, sob os mandamentos de Adam Smith, ressuscitados e adaptados aos argumentos da globalização, com o pseudônimo de 'neoliberalismo'), tal interpretação é utópica ou real? E alguma barreira foi outrora construída pela Igreja de Pedro para, mais recentemente, ser também derrubada por cristãos "politizados"?
Porque, se confirmado, se provado algum progresso espiritual no cristianismo católico a partir do estabelecimento de "obrigatório" vínculo com a materialidade política; isto é, se a prosperidade individual e coletiva do homem depender mesmo do grau de sua participação em diretas ou indiretas decisões nos destinos dos governos do seu lugar; melhor então será reescrever os evangelhos todos, conclamando Lucas, Mateus,João e Marcos e 'neotestamento'; dessa feita, a ser pregado não mais por meros apóstolos doutrinários, contudo, através de prosélitos imbuídos de taõ inabalável e incontestável certeza do seu particular credo, que a única abjuração não apenas cabível mas até mesmo requisitada será a deserção da fé que "remove montanhas"; tudo a fim de consolidar-se a pragmática de inovadores líderes -os da redenção humana por si mesma, quer dizer, a sociedade acima dos céus, em derrocada final das duvidosas interpretações teológicas a respeito do número desses céus -se três, sete ou dez.
Se direção e sentido são a mesma coisa, certamente 'eclesia' e 'politia' somente têm em comum o 'ser' a que ambas se destinam. Entretanto, lidam (ou deveriam lidar, no caso) com rumos diferentes e sob óticas diversas entre si. E, pois, querer reduzir 'espiritualidade' ao nível do material, será ter por 'fé' não mais que o clamor, e pouco menos que o fervor; tudo pela entronização da apostasia na formação de próceres encarregados de mitificar o 'secular' como efetiva majestade, acima até da eternidade, em gestos de quem no transitório quer aprisionar do céu a terra.
Heresia, no mínimo; arrogância, quando muito. Fruto de alarve, sem dúvida.
(Marcus Moreira Machado)
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