A abordagem contemporânea da Educação na sociedade brasileira, sobretudo, relacionada às ideias de ensino como promotor de competitividade e de cidadania social, demonstra o quanto essas concepções se refletem na política educacional do país, desde a década de 90, e sua vinculação a certas transformações da sociedade nacional, incluída, no processo de globalização, a fragilidade da democracia.
As formas dessa contextualização, no Brasil, têm variado historicamente, trazendo à evidência o quanto se tem preterido o conceito de Durkheim, para quem a Educação é um sistema de socialização, cuja importante característica é integrar os indivíduos no contexto social e, por essa razão, variável segundo o tempo e o meio.
Supondo na Educação também o objetivo de proporcionar uma maior capacidade de autonomia subjetiva, e por isso mesmo, de interferência pessoal, é relevante considerá-la em sua importância eminentemente social, mesmo sob a ressalva de diferentes conotações a respeito, através da história.
Nos anos 50 e até o início da década de 60, a educação é compreendida enquanto instrumento de mobilidade social. Neste quadro, além das funções de socialização e de formação, deveria conferir "status" às pessoas.
Ela representaria, ao individuo, a viabilidade de ascensão na hierarquia de prestígio da estrutura piramidal e, para a sociedade, uma maior abertura da estratificação social sistematizada.
Nesse período, o panorama mundial é marcado pela reestruturação, abalado em consequência da Segunda Guerra Mundial, ante o fortalecimento do bloco socialista e face a configuração dos dois distintos ordenamentos, em áreas definidas, o capitalismo e o socialismo. Havia uma preocupação com a legitimação da social- democracia, sob a ameaça passada da ideologia fascista e o temor subsistente ao comunismo soviético.
Florestan Fernandes, em 1972, identifica esse momento como o da passagem de uma ordem social estamental (estratificação com camadas mais fechadas do que as classes sociais, e mais abertas do que as castas) para uma ordem competitiva. Além disso, naquele momento, os padrões de democracia (no Brasil, mais populista, se comparado ao modelo liberal) eram enfatizados, pretendendo-se diminuir o poder das oligarquias, fortalecer a burguesia nascente e conceder uma relativa participação eleitoral às massas.
Nessa emergente sociedade mais aberta, mesmo continuando a Educação a ter uma função decorativa de consolidar "status" sociais definidos por critério de origem socioeconômica, ela passa a ser requerida como um instrumento de mobilidade ascendente, sobretudo para as classes médias.
Também tem lugar a substituição de importações após a grande depressão mundial, uma vez rompido o modelo agro-exportador. Daí, o advento de estímulo considerável à industrialização de bens de consumo duráveis.
Nesse sentido, coube ao ensino institucionalizado importante tarefa na legitimação do grau de abertura. Porque, afinal, uma sociedade em processo de industrialização e de democratização deveria mostrar um sistema de estratificação social mais fluído.
Adiante, já na década de 90, considera-se a Educação como meio de promover a competitividade, dando ao indivíduo a condição de empregabilidade e trazendo à sociedade a modernidade associada ao desenvolvimento sustentável.
Se a racionalidade econômica permeia a ideia de Educação para a competitividade, na política educacional brasileira recente, não se deve ignorar, todavia, o seu viés social, a se materializar, de fato, com maiores chances voltadas à diminuição das desigualdades, concretizando-se, então, o caminho dessa sociedade, em direção à justiça real. No período da propalada redemocratização, a cidadania política foi muito exortada, porém, atualmente, ainda verifica-se a sua insuficiência para consolidar uma efetiva co-participação de segmentos estratificados, distanciada dos prementes desafios educacionais.
(Caos Markus)
As formas dessa contextualização, no Brasil, têm variado historicamente, trazendo à evidência o quanto se tem preterido o conceito de Durkheim, para quem a Educação é um sistema de socialização, cuja importante característica é integrar os indivíduos no contexto social e, por essa razão, variável segundo o tempo e o meio.
Supondo na Educação também o objetivo de proporcionar uma maior capacidade de autonomia subjetiva, e por isso mesmo, de interferência pessoal, é relevante considerá-la em sua importância eminentemente social, mesmo sob a ressalva de diferentes conotações a respeito, através da história.
Nos anos 50 e até o início da década de 60, a educação é compreendida enquanto instrumento de mobilidade social. Neste quadro, além das funções de socialização e de formação, deveria conferir "status" às pessoas.
Ela representaria, ao individuo, a viabilidade de ascensão na hierarquia de prestígio da estrutura piramidal e, para a sociedade, uma maior abertura da estratificação social sistematizada.
Nesse período, o panorama mundial é marcado pela reestruturação, abalado em consequência da Segunda Guerra Mundial, ante o fortalecimento do bloco socialista e face a configuração dos dois distintos ordenamentos, em áreas definidas, o capitalismo e o socialismo. Havia uma preocupação com a legitimação da social- democracia, sob a ameaça passada da ideologia fascista e o temor subsistente ao comunismo soviético.
Florestan Fernandes, em 1972, identifica esse momento como o da passagem de uma ordem social estamental (estratificação com camadas mais fechadas do que as classes sociais, e mais abertas do que as castas) para uma ordem competitiva. Além disso, naquele momento, os padrões de democracia (no Brasil, mais populista, se comparado ao modelo liberal) eram enfatizados, pretendendo-se diminuir o poder das oligarquias, fortalecer a burguesia nascente e conceder uma relativa participação eleitoral às massas.
Nessa emergente sociedade mais aberta, mesmo continuando a Educação a ter uma função decorativa de consolidar "status" sociais definidos por critério de origem socioeconômica, ela passa a ser requerida como um instrumento de mobilidade ascendente, sobretudo para as classes médias.
Também tem lugar a substituição de importações após a grande depressão mundial, uma vez rompido o modelo agro-exportador. Daí, o advento de estímulo considerável à industrialização de bens de consumo duráveis.
Nesse sentido, coube ao ensino institucionalizado importante tarefa na legitimação do grau de abertura. Porque, afinal, uma sociedade em processo de industrialização e de democratização deveria mostrar um sistema de estratificação social mais fluído.
Adiante, já na década de 90, considera-se a Educação como meio de promover a competitividade, dando ao indivíduo a condição de empregabilidade e trazendo à sociedade a modernidade associada ao desenvolvimento sustentável.
Se a racionalidade econômica permeia a ideia de Educação para a competitividade, na política educacional brasileira recente, não se deve ignorar, todavia, o seu viés social, a se materializar, de fato, com maiores chances voltadas à diminuição das desigualdades, concretizando-se, então, o caminho dessa sociedade, em direção à justiça real. No período da propalada redemocratização, a cidadania política foi muito exortada, porém, atualmente, ainda verifica-se a sua insuficiência para consolidar uma efetiva co-participação de segmentos estratificados, distanciada dos prementes desafios educacionais.
(Caos Markus)
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