REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
QUARTA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2014: "PRONUNCIANDO A ATUALIDADE"
A leitura é, normalmente, ideia visualizada, assentada na compreensão, não podendo confundir-se com a decifração, limitada a uma estratégia de recurso. A decodificação, no nível mais elementar, consiste na conversão de grafemas em fonemas, e fundamenta-se na premissa da possibilidade de, a partir da grafia, reconstruir fielmente a pronúncia, como se os sistemas de escrita constituíssem alfabetos fonéticos.
Decrepitar, no entanto, só teria êxito, em nível grafológico, nas línguas com representação alfabética de escrita, como os idiomas europeus. Nos ideográficos, como o chinês e o japonês, não faria sentido, dadas as escassas indicações fonéticas facultadas.
Os métodos de escrita utilizando o alfabeto não podem ser assumidos como fonológicos e, com mais razão, fonéticos, por dois, entre vários motivos.
Em primeiro lugar, não têm como objetivo traduzir apenas a dimensão fonológica das línguas (informação fonológica). As iconografias na escrita comportam outra espécie de informação suplementar, nomeadamente, ligada à etimologia e à gramática (informação ideográfica). No caso, a escrita deixa em segundo plano a informação fonológica, privilegiando a informação ideográfica (também presente na forma sistemática na Língua Portuguesa).
Dada a importância atribuída ao deslinde no ensino da leitura, não faltam propostas de supressão do enleio entre os sistemas de escrita das línguas e a informação ideográfica, pretendendo maior fidelidade à pronúncia. Mudança só possível através de profundas reformas ortográficas. Todavia, há rejeição de teóricos a este “suplemento ideográfico”, sob o argumento de constituir-se num peso excessivo, dificultando sem medida a aprendizagem da leitura/escrita. Por isso, defendem o abandono de toda essa carga informativa e o regresso à unidade da língua e da gramática.
A escrita permite traduzir o parentesco etimológico das unidades lexicais cuja pronúncia se distanciou, conferindo, em concomitância, a unidade necessária ao patrimônio escrito produzido ao longo da história. Por outro lado, a língua falada, refletindo a atualidade, expõe uma evolução relativamente independente das normas da escrita.
Os processos de escrita contemporâneos, pois, não abarcam grande parte da informação fonológica, porque precisam refletir a arquitetura dos dialetos naturais, e dispor, também, de informação ideográfica relevante a fim de conferir unidade às suas estruturas.
Com efeito, ler não pode consistir essencialmente na conversão de grafemas em fonemas.
Assim, no início da aprendizagem escolar da leitura, as crianças chegam à escola munidas da variedade linguística materna, com a sua pronúncia própria, e nenhum alfabeto poderia satisfazer todas as peculiares reações individuais a cada pessoa, a sua maneira particularíssima de ver o mundo.
(Caos Markus)
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