Ética é uma dimensão a permitir o questionamento sobre práticas, atitudes, regras e ações humanas. Para realizar essa reflexão é necessário saber qual o critério utilizado em observações das condutas dos seres humanos. A regra mais condizente com esse propósito é a própria vida humana. Por principio, as sociedades existem com o objetivo de garantir a sobrevivência dos seres humanos e, mais, assegurar uma existência digna, com acesso a tudo compreendido como indispensável ao seu pleno desenvolvimento. A função social da moral é exatamente contribuir na obtenção dessa meta, normatizando as relações entre os seres humanos entre si, com a comunidade e com a natureza. Sendo assim, a vida deve ser o método de identificação do pragmat ismo, tanto da sociedade quanto dos indivíduos. Além desse critério, considera-se extremamente valiosas as transformações na própria ética, por meio mudanças de procedimentos. Hoje, mais do que nunca, a humanidade se dá conta de estar vivendo em um mundo globalizado, onde as ações de um, apenas um, repercutem diretamente na vida dos outros.
Esta constatação é mais visível quando se pensa nos problemas ecológicos, no racismo e na guerra -todos problemas onde as respostas individuais ou grupais não conseguem resolvê-los. A única oportunidade será confirmada em uma resposta construída pela participação de todos os segmentos envolvidos. E isso exige a construção de uma ética fundada em princípios e valores aceitos por todos e, igualmente, válidos para todos, apesar das inúmeras diferenças entre uns e outros. Discutir 'o que é a moral' é primordial à compreensão abrangente da ética. Sobre as questões morais se debruçaram reconhecidos filósofos, produzindo teses significativas sobre este tema.Sem menosprezo às concepções filosóficas, é sobremaneira importante apresentar as posturas mais comuns adotadas pelas pessoas frente à questão moral. É claro, muitas delas podem refletir, em alguma medida, afinal, a influência das correntes filosóficas. Embora sejamos filhos da cultura ocidental, essa vinculação não é automática. As duas vertentes mais presentes em nosso comportamento moral são a moral essencialista (a ética de princípios), herdada das tradições greco-latinas e judaico-cristãs, e a moral subjetivista, fruto da cultura moderna.
Além dessas duas, uma terceira deve ser apreciada em seu mérito: a ética da responsabilidade, orientada não só pelos princípios, mas também pelo contexto e efeitos das ações. Distante do individualismo e do essencialismo está essa ética, a da responsabilidade. Nessa perspectiva, cada grupo social estabelece consensualmente os padrões de conduta a serem seguidos pelos indivíduos desse núcleo. Estes padrões não devem ser vistos como universais e imutáveis. Ao contrário, serão relativos a cada situação delimitada, e sempre sujeitos a alterações, caso a comunidade as julgue necessárias. As normas morais, assim como a sociedade, não são fruto de uma ordem transcendente; são uma criação dos próprios seres humanos. A sua finalidade é salvaguardar a sobrevivência de cada indivíduo, e só de acordo com esse preceito é justificável o seu cumprimento.
As normas não têm origem sagrada, e por isso não devem ficar sob o controle de uma minoria inclinada a determiná-las somente em defesa dos seus interesses, analogamente às regras do direito, expressivamente dirigidas, mesmo que subliminarmente, a beneficiar os mais poderosos. A fim de se evitar esse iminente risco, os membros da comunidade precisam ser partícipes da criação de regras que os afetam direta ou indiretamente. O ideal de participação e a busca de consenso são legitimados na certeza de que todos são dotados de razão, proporcionando-lhes análise acurada dos fatos e circunstâncias determinantes da validação de normas realmente justas. Justiça esta somente real quando adequada às múltiplas e individualizadas realidades sociais.
(Caos Markus)
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