Capital e trabalho, na concepção marxista, apresentam um movimento constituído de três estágios básicos: 1) 'a unidade imediata e mediata de ambos', significando que num primeiro momento estão unidos, distanciando-se em seguida, até tornarem-se estranhos 'um ao outro', sustentando-se, porém reciprocamente, e promovendo-se mutuamente como condições positivas; 2) 'a oposição de ambos', considerando serem ambos excludentes 'um do outro', quando então o operário conhece o capitalista como a negação da sua existência, e vice-versa; 3) 'a oposição de cada um contra si mesmo', pois o capital é, simultaneamente, ele próprio e a sua contradição antagônica, constituindo-se em trabalho acumulado; enquanto o trabalho, por seu turno, é ele mesmo mais a sua oposição contraditória, constituindo-se em 'mercadoria', ou seja, 'capital'.
Por outro lado, a 'alienação', na descrição marxista, reflete-se em quatro aspectos: a) É estranho ao trabalhador o produto de sua atividade, pertencente a outro, consolidando-se diante do operário como um poder independente, onde, quanto mais o operário se consome na produção, tanto mais poderoso se torna o mundo estranho, objetivo, (obra desse mesmo trabalhador, uma vez sujeitado a tal condição criada per si e diante de si), mais ele se torna pobre e menos o mundo interior lhe pertence; b) A alienação do trabalhador (relativamente ao produto da sua atividade) surge, simultaneamente, (observada na atividade do operário) como alienação da atividade produtiva. Esta deixa de ser uma manifestação essencial do homem, para ser um trabalho forçado, não voluntário, mas determinado pela necessidade exterior ao seu ambiente, à sua vida. O trabalho, por efeito, deixa de ser a satisfação de uma necessidade, tornando-se somente um meio para satisfazer necessidades exteriores. Não é uma feliz confirmação de si, nem o desenvolvimento de uma livre energia física e psíquica. Antes, é o execrável sacrifício manifesto, culminando na mortificação dos trabalhadores. A consequência é uma profunda degeneração dos modos do comportamento humano; c) Através da alienação da atividade produtiva, o trabalhador aliena-se também do seu bem mais precioso: aliena-se do gênero humano. Esta perversão implica na perda completa da humanidade. Afinal, a livre atividade consciente é o caráter específico do homem, enquanto a vida produtiva é vida genérica. Mas a própria vida surge no trabalho alienado limitadamente como meio de vida; d) Imediato desdobramento desta cessão marcada pelo desatino, é a supressão do homem pelo homem, permanecendo um estranho ao outro, cada um deles transformando-se estranho ao 'ser do homem'. No atual estágio deste processo, esta exclusão mais tangível na relação operário-capitalista, ocorre em meio a regras seguidas passivamente pelos seus membros. A retomada de consciência de classe e a revolução são Não por menos, a única possibilidade de radical mudança social é a retomada de consciência de classe.
(Caos Markus)
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