O avanço tecnológico, característico da 'Sociedade da Informação', gerou uma euforia rumo à dubiedade entre 'comunicações' e 'comunicação'.
A multiplicidade de recursos e o excesso de indicações podem dificultar a compreensão e a integração da própria informação, atrofiando o pluralismo e o verdadeiro diálogo.
Apesar dessa suposta evolução, com os novos métodos à disposição, existirá nesta 'Sociedade de Informação' garantia na igualdade de ingresso a esses mesmos engenhos?
Esta nova 'Sociedade de Informação' é realmente mais democrática se comparada à antecedente, ou apenas forja 'novas-velhas' elites?
O conceito de Educação deve, por isso, evoluir com a superação das fronteiras do espaço e do tempo ao longo do qual o educando faz o seu itinerário de escolarização, percorrendo diferentes níveis de ensino, dando lugar a um processo de aprendizagem constante, isto é, facultando a cada indivíduo a capacidade de 'saber conduzir o seu destino', numa
civilização onde a celeridade das mudanças é conjugada ao fenômeno da globalização.
Os objetivos educacionais envolvem quatro aprendizagens fundamentais:'aprender a conhecer', isto é, 'adquirir os instrumentos de compreensão', combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias (significando, com efeito, 'aprender a aprender', pelo benefício das oportunidades oferecidas com a Educação no decorrer da vida); 'aprender a fazer', agindo sobre o meio envolvente, a fim de alcançar não somente uma qualificação profissional, porém, destacadamente, conquistar competências voltadas à capacitação no enfretamento da mais variada gama de situações, privilegiando o trabalho em equipe; 'aprender a viver em comunidade', na participação e cooperaração mútuas, observados os valores do pluralismo; 'aprender a ser', via essencial, pois, agregadora das três precedentes, viabilizando o desenvolvimento da personalidade, adquirindo habilidade e autonomia, discernimento e co-responsabilidade.
Se é um fato o acesso à informação e os mecanismos de participação nessa mesma informação (cada vez mais eficazes e diversificados), é indubitábel, a Escola não pode permanecer alheia a tais fenômenos.
A Escola deve integrar vários saberes e variadas fontes de alcance à informação, e tem de 'saber explorar' e 'ensinar a explorar' esses saberes e essas fontes.
Então, quais modificações são imprenscindíveis na Escola?
O ensino dito tradicional, baseado sobretudo na transmissão oral e escrita de conhecimentos e valores, será suprimido? Afinal, a pedagogia de difusão de conhecimentos pela comunicação oral e escrita (o chamado ensino "livresco") não é, por vezes, mais igualitária, se comparada a um ensino fundamentado em tecnologias da informação não garantidas a todos os discentes? E se tantas são as dúvidas em relação ao modelo de 'Sociedade de Informação' -implantada com a agilidade tendente à sua breve institucionalização-, não são poucas as hesitações acerca do papel de interação da Escola com o meio envolvente, pleno de desafios. Cada vez menos o acesso ao conhecimento passa pelo 'espaço-aula'.
A quem possui as janelas para a nova Sociedade de Informação (o PC com leitor de CD-Rom e DVD, a Internet, a TV por cabo etc.) é facultada a obtenção ilimitada de informações, jamais possível, a qualquer professor, poder transmiti-las entre quatro paredes.
A defasagem ainda existente entre a educação formal, face as inovações tecnológicas atuais, é identificada por uma observação atenta no cotidiano das escolas. Não apenas no uso das tecnologias e das suas potencialidades de comunicação, contudo, ainda considerando os conteúdos tratados, tanto quanto as formas de aquisição da informação e do conhecimento.
É ideia geral que o computador pode desempenhar um papel benéfico no processo de aprendizagem, e que isso pode ser conseguido de formas muito diferenciadas. Entretanto, parece evidente, a utilização do computador nem sempre tira partido das suas reais potencialidades, ao não induzir 'alterações na forma' como as pessoas aprendem.
Com recursos novos e tão poderosos, passíveis de se constituirem um fator de alteração substancial, ainda se faz um trabalho retrógrado, anterior a existência de tais modernos dispostivos. E, pior, visando obsoletos objetivos, sem qualquer real evolução a partir desse ponto.
O papel da tecnologia é ainda mais reducionista, quando fornece informação julgada pertinente, como se fosse ela própria também um professor, cabendo ao aluno um papel passivo e limitado, a receber e assimilar de maneira acrítica e nada criativa a informação disponibilizada.
O principal papel, todavia, das novas tecnologias poderá estar na forma como vão marcar as instituições educacionais, quer através da criação de espaços de interação e comunicação, quer pela multiplicidade de alternativas facilitadoras de expressão criativa, de realização de projetos e de reflexão crítica.
As novas tecnologias de informação não são um fim em si mesmo, e sim um meio (entre outros) de acesso à informação.
A própria informação é um meio, um instrumento na edificação da consciência individual e coletiva, pela construção de uma visão personalíssima do mundo.
Neste contexto, a escola deve desenvolver nos alunos a capacidade de avaliar criticamente toda a informação, de modo a torná-los mais atentos, mais ativos e intervenientes; simultaneamente, receptores e emissores de informação.
A escola deve assumir um papel de intermediária e moderadora neste 'caos' do 'tempo real', opondo-se-lhe um 'tempo de amadurecimento', permitindo então a apropriação consciente dos saberes
(Caos Markus)
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