Já arruinado o ambiente helênico, efeito do heroísmo guerreiro e da crueldade social ; em meio a tantos desvarios da razão, com o cortejo impávido da devassidão; só então é que a 'Kritiké', a Crítica esclarecida, a palavra da sensatez, começou a nascer de um caos de depravação, despontando, qual aurora, de Heródoto até Plutarco.
Daí, sob uma atmosfera ainda povoada de duendes e tradições mitológicas, a autêntica Crítica apareceu resplandecente, alimentada por uma plêiade de sábios a espalharem luz sobre todos os ramos da legítima árvore da ciência, uma permanente assembléia de exímios cultores da inteligência e da vontade, do justo e do belo, nas pessoas de Pitágoras, Tales, Solon, Licurgo, Zenos, Anaxágoras, Aristóteles...
Foi quando 'Kritiké' (imposta por uma necessidade moral e social), favorecida pela liberdade, tomou sua forma abstrata, criou autoridade judiciosa, dando início à sua árdua tarefa de analisar, corrigir, explicar.
Filha, pois, dessa necessidade social e moral, a Crítica, de acordo com a evolução histórica, sentira e percebera, ainda no berço, pode-se dizer, a intuição do justo e do belo como únicos condutores de sua missão.
A Crítica resistiu providencialmente a um sem número de embates; a sua razão de existir deu-lhe forças para reagir, evoluir e ainda mais se robustecer, a fim de seguir a senda espinhosa da humanidade.
Hoje, quando entre nós a Ética perdeu sua essência, uma vez mais na profunda transição de tempo e de lugar, no vínculo entre pretérito e presente; a Crítica, como entidade moral e filosófica, haverá de recordar o passado, pensar na atualidade e refletir no futuro.
Um caminho e uma trilha: planejar no agir o futuro da humanidade ou andar a esmo; a solidez ou a solidão do ser humano.
(Caos Markus)
Nenhum comentário:
Postar um comentário