Na Economia, semelhante ao observado nas demais ciências ainda mal denominadas "humanas", os conflitos de valores ocupam lugar de destaque, a ponto de atualmente não merecer crédito uma pretensa linha divisória entre a teoria econômica e qualquer correlata doutrina ideológica ou política. É sempre mais crescente nos países desenvolvidos a intervenção mais direta dos economistas nos assuntos privados e públicos. Constata-se que a economia-ciência está bastante integrada a seu contexto social e político.
A considerar o grau de certeza do conhecimento científico, a economia deve, via de consequência, ser compreendida num duplo movimento. Assim é que no plano tecnológico ela constrói uma ampla aparelhagem abstrata, inicialmente emprestada das chamadas ciências da natureza; após, progressivamente, revitalizada face a uma instrumentação original. E no plano da determinação de seu objeto, a economia orienta-se à concepção que a vincula cada vez mais às mesmas "ciências humanas".
Da análise do grau de certeza desses dois planos, todavia, conclui-se que a economia precisa ser identificada, enquanto ciência teórica, em associação às sua técnicas de aplicação, isto é, teoria e prática não apenas se complementam em significação, mas também se ordenam reciprocamente. Não por outro motivo, a economia contemporânea é uma disciplina intervencionista, ou melhor, uma praxeologia. Porque ela intervem na medida em que busca prever fatos econômicos; de modo mais radical, intervem ainda quando se coloca a planificar. Afinal, planificar é interferir, intervenção que se faz na escala de uma grande unidade econômica, a fim de organizar racionalmente sua estrutura e seu funcionamento. Enfim, interfere enquanto estreitamente ligada está aos sistemas de controle da administração , pois organiza e controla as relações de produção e de distribuição do produto numa sociedade cujo maior objetivo é satisfazer certos "ideais" humanos.
Infere-se dessa abordagem que a praxe, ou seja, a pragmática, o uso habitual, é a da economia contagiada por doutrinas ideológicas (hoje, a do consumismo, encoberta pela manto do neoliberalismo), que mais e mais distancia o conjunto de atividades que poderiam transformar o mundo, informando as causas e condicionando as estruturas sociais, ou seja, recusa a inquestionável valoração da práxis marxista.
(Caos Markus)
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