Há uma canção no filme "Pink Floyd, the wall" que ao retratar a revolta e indignação do personagem traduz constante realidade observada nas nossas escolas: - "Nós não precisamos de educação e nem que controlem os nossos pensamentos". Sem nenhuma dúvida, o ensino "laico", em oposição à educação institucionalizada a partir de doutrinas e ideologias várias; todas elas com o mesmo propósito, dogmatizar; está ainda muito distante daquilo que se convencionou denominar "educação democrática". Reflexo da burocracia colossal do Estado, a Escola no Brasil ostenta padrão de excelência apenas na reprodução de uma sociedade viciada em vago conceito de "competitividade", a revestir-se da mais ampla permissividade no descabido "salve-se quem puder", em nome da concorrência profissional neste mercado de trabalho a cada dia mais limitado. Conduzidos à alienação, não são chamados os educandos à participação, através de estímulo ao "auto-didatismo" complementar pelo desenvolvimento da crítica. p A pretensão é dar continuidade à formação de gerações reduzidas em seu precesso intelectual. E, pior, trata-se de procedimento "maquiavélico": não raro, professores, diretores, assistentes, coordenadores etc., etc., são os primeiros a consentir o modelo educacional fundamentado no "monólogo", no discurso unilateral, do tipo "quando um burro fala o outro abaixa a orelha". Prepostos de administrações tacanhas, funcionários disputam o poder miúdo. Quanta gente não fica fascinada com um "cargo" de diretor executivo da A. P. M. (Associação de Pais e Mestres), ou membro do "Conselho de Escola"?! Ser diretor de alguma coisa, conselheiro de outra, parece adquirir importância bem maior da pressuposta no efetivo exercício de tais funções. No entanto, "revestido" dessa "autoridade", fulanos e beltranos repassam aos seus pretensos subordinados (os alunos) a ideologia do opulento aparato estatal. Muito curioso é constatar, por ocasião de greves de profissionais da educação, a ausência de sua "produção". Pois a sociedade não está convencida de que não pode ficar sem o trabalho desses presunçosos. Afinal, "compramos" um "produto" somente quando convencidos de que ele nos faz falta, de que viver sem ele seria viver mal. Porém, a falsa idéia da falta de um diploma é a contradição dos próprios mestres: reclamam por melhores salários, afinal têm diploma de curso superior! E daí? Ora bolas! Há ainda quem acredite merecer maior remuneração porque é pós-graduado num vago curso de não sei o quê. Atualmente, é grande o número de empresas que exigem o segundo grau completo na seleção de pessoal para a produção. E, seguidamente, para a vaga de "técnico" exige-se o diploma superior em engenhearia ou tecnologia. A coisa não tem fim. Um engenheiro formado pelo ITA, por exemplo, pode ser considerado profissional mediano ao procurar emprego no erroneamente denominado "Primeiro Mundo".
"Construtivismo", Piaget ou Paulo Freire fazem parte dos coquetéis culturais da elite de educadores nacionais.Tudo regado ao tempero de esotéricos "ensinamentos" da embalsamada "vanguarda socialista". Que porre! Quanta purpurina! E que inútil pranto o de professores que nada professam. Ou professar não é preconizar, ensinar? Porém, existirá de fato entre nós "educação", na acepção do termo latino "educare" ? Mas chega de tantas indagações.
É preciso admitir: se um metalúrgico é melhor remunerado que o seu professor, isso ocorre porque a economia sente falta, no mínimo, daquilo que ele produz. O convencimento da necessidade do seu trabalho é inequívoco. O mesmo não se pode dizer de muitos dos nossos docentes: não convencem e não produzem; apenas reproduzem. Controlar os pensamentos do corpo discente tem ocasionado processo "sui generis", onde "educador" e "educando" parecem estar num formidável campo de batalha, cada um lutando por diferentes propósitos. Dados recentes dão conta de que em quarenta por cento das escolas, país afora, confirmam-se atos de violência entre aluno e professor. Diametralmente opostos, um e outro tornaram-se rivais: o primeiro reage prontamente ao segundo; este, por seu turno, pretende monopolizar o raciocínio.
Os "muros" do "Pink Floyd, the wall" não são mais que trincheiras onde buscam abrigo os lobos vestidos em pele de cordeiros, isto é, os "mestres". Esses "muros" ainda cairão. Ao caírem, talvez anunciem nova era, a de uma outra e mais próspera instituição escolar. E possivelmente sepultem tantos quantos hoje se acreditam merecedores de um lugar no "Olimpo" da nossa "Educação". Tanto faz, tanto fez, os muros caídos por si só significarão espetacular progresso.
(Caos Markus)
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