Noutras décadas, de eras não tão priscas assim, existiram duas espécies de pessoas, somente: as que estavam de um lado e as que não estavam desse, mas sim daquele outro. Ou melhor, dois comportamentos, então: os que falavam e os que faziam calar a boca. Como uns falavam -e o que falavam é uma outra história-, como e porquê alguns, não poucos, faziam calar a boca dos primeiros, não é uma outra história diferente em razões e falta de razões. De lá para cá, anarquistas e ateus tornaram-se governantes e ministros da eucaristia, as favelas e o tráfico de entorpecentes ocuparam maior destaque na mídia. Esta, por sua vez, de rabo preso com o leitor porque sem ele não dá para não justificar, invadiu a privacidade e o anonimato da cidadania, inventando que ninguém a possuia e, por isso mesmo, imbuindo-se do mister de suscitar aprovação ou desaprovação de assuntos variados sobre o tema (na necessidade, na.verdade ou na falta dela), sempre comprovando pela deusa-estatística que o povo sabe o quê quer (ainda que nem tivesse o tal povo jamais pensando em dividir com o próximo algo além da comum alienação). Enfim, parece que houve um outro tempo; parece que agora chove torrencialmente no deserto do Saara, e ininterruptamente neva na selva amazônica. Parece, enfim, que hoje só existem duas espécies de pessoas, as que falam e as que, mesmo não gostando do que ouvem, no mínimo suportam a hora e a vez dos que têm algo a dizer.
(Caos Markus)
Um comentário:
Meu querido primo....
Você sempre nos surpreende com seus enigmáticas conceitos, ou des-conceitos.
A fugacidade de sua ilógica inquieta-nos a refletir.
Parabéns!
Maria Lúcia.
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