REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
SEGUNDA-FEIRA, 24 DE AGOSTO DE 2009: "SUSTENTO"
Só mesmo a xenofobia pode explicar a ignorância do que se convencionou denominar 'intelectualidade de esquerda' entre nós latino-americanos, mais notadamente os brasileiros, ao denunciar os americanos do norte como “ímperialistas” e nada mais.
Se as outrora treze colônias são hoje uma grande nação, a isso muito se deve a crença nas virtudes do trabalho pelos colonizadores anglo-saxões, para quem - como recorda Vianna Moog - mendigos, monges, cenobitas, anacoretas, gente de convento, de ascetismo e de vagabundagem, é gente perdida. Em resumo: crer em Deus exige imediata, firme e robusta crença no labor, consagrando a máxima de personagens tão distintos em épocas e ideais, porém irmanados em comunhão com a maneira única de demonstrar-se a "fé" - "Quem não trabalha não come", disseram Calvino, Lênin e São Paulo.
A "Idade do Mendigo", tão bem descrita por Leo Huberman, parece se repetir nos países de frágil economia. pois, segundo o autor do clássico "História da Riqueza do Homem", Huberman, o número de mendigos nos séculos XVI e XVII era surpreendente, constituindo um quarto da população de Paris na década de 1630. Consequência direta das novas terras então abertas à exploração, a mendicância foi o lado indesejável do aumento das fortunas de mercadores e banqueiros da época, contrariando o que era de se esperar passasse à História "como uma época áurea de prosperidade e felicidade para a humanidade".
Hoje, o que se apresenta como verdadeira inovação em Economia - a desvalorização da moeda - nada mais é que 'um recurso que tem séculos de idade'. "Os reis da Idade Média que desejavam ter o dom de Midas, de transformar tudo em ouro, recorriam à desvalorização da moeda como substitutivo adequado para conseguir dinheiro". Mas, assim como antes, a verdade, porém, é que 'quando o dinheiro se modifica de valor o comércio é afeitado ', com a imediata elevação dos preços e, naturalmente, estimulação da pobreza.
Não sendo admissível uma sociedade moderna, contemporânea, ainda com vestígios da sociedade feudal (constituída em três classes: sacerdotes, guerreiros e trabalhadores, sendo que o homem que trabalhava e produzia para ambas as outras classes), também já não é mais razoável um sindicalismo patrimonialista.
Se entre nós terceiro-mundistas o "rei" ainda provoca a ruína e a miséria generalizada, proporcionando ao mesmo tempo a prosperidade para uns poucos, por outro lado os sindicalistas, renitentes, ainda insistem em tratar a grande empresa moderna como mera 'corporação de artesãos' medievais. Assim é que o sindicalismo pretensamente 'marxista' não observa que proa empresa capitalista "vem tirando o poder do capitalista e o entrega à própria organização ou burocracia", ou seja, à 'tecno-estrutura', evitando a confrontação mais direta com os operários. Como muito acertadamente analisa John K. Galbraith, os sindicatos trabalhistas tornaram-se bem menos revolucionários do que Marx previu ou gostaria que fossem.
Somente sindicalistas xenófobos e, por isso mesmo, ignorantes não enxergam a razão deste que 'universalmente é reconhecido como um dos mais brilhantes economistas do século XX, Galbraith, o autor de "A Era da Incerteza". E, muito infelizmente, o que mais temos na 'representação' da dita "classe trabalhadora" é a manifestação da xenofobia, impedida de considerar a tendência para a criação de um poder compensador, onde os operários facilmente organizados podem perceber o poder das empresas de comprarem o seu trabalho, na regra quase imutável de que onde há grandes empresas controlando seus preços, há fortes sindicatos controlando os preços pelos quais o trabalho é vendido, em vínculo direto com o moderno problema da inflação.
Agora, deplorável mesmo é a pretensa desunião entre governo, empresários e sindicalistas que guardam muita similaridade entre si, quer dizer, buscam, tal qual 'gente de convento', seu sustento na demonstração daqueles que realmente têm fé, e por isso, verdadeiramente trabalham. (Marcus Moreira Machado)
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