Priorizando o coletivo, massificando opiniões, a mídia tem deixado de informar para, inescrupolosamente, forjar pré-conceitos. Na supressão do raciocínio individual, jamais o brasileiro foi tão condicionado, sendo-lhe dispensada verdadeira técnica de Pavlov, a fim de que não mais 'responda' e sim 'corresponda' a escusos objetivos de uns poucos a se locupletarem às custas da miséria alheia. Nesse sentido, estimular -pela fluência da imaginação- o consentimento e a adesão, por exemplo, à pena de morte, é forma oculta de uma outra violência: a de cada um de nós mesmos.
Estamos deveras em prontidão, preparados mais para o ataque que à defesa. E ainda assim, condenamos nos outros as consequências de nossos próprios atos. É o vizinho que "não vale nada", quando sequer o cumprimentamos. São os nossos parentes que "só nos atormentam", quando em verdade deixamos de valorizar a família como base de valores éticos, fundamentais a outra instituição, mais abrangente, a sociedade.
No plano político, a nossa Carta Magna não passa de 'ensaio futurista', pois, basta constatar, não reflete a realidade cultural da nação. Desprezando qualquer princípio democrático, praticam-se juros exorbitantes no mercado financeiro: demonstração da mais explícita violência.
Reclamamos a falta de proteção policial, reclamamos um mais severo Código Penal, porém, antes de tudo, somos nós próprios truculentos, porque vemos a violência dos outros como se estes não fizessem parte do nosso mundo, limitados que estamos ao exclusivismo da arrogância.
Inadmissível -pensamos- sermos pertubados em nosso silêncio de inocentes. Ora, não há inocência! Pretender o conforto, a tranquilidade, quando em contrapartida se oferece a omissão, é declarar-se culpado pela cumplicidade. E é opção que leva à perda da nossa cidadania, a mesma cidadania que, bradamos, estaria sendo violentamente aviltada. É deixar de ser nação para não ser mais que um aglomerado de indivíduos a correr ao 'estouro da boiada'; ruminantes a atenderem ao som do berrante. (Marcus Moreira Machado)
2 comentários:
Inglório é o povo que não se denomina como nação. Talvez seja isso mesmo. Sejamos apenas a boiada correndo cega atrás do pasto, que não nos leva a lugar nenhum, a não ser à tortura de uma sobrevivência rasa e sem perspectivas. E, ao longe, a Constituição Federal que parece uma obra de arte emoldurada na parede, para o deleite de poucos, a incompreensão de muitos e o inacessível de todos.
Abraço.
www.ricardinhocristiano.blogspot.com
A propósito, o anônimo do comentário acima é o Cristiano.
Belo texto!
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