Acontece o mesmo com a 'certeza' da fé como com qualquer outra 'certeza': é racional e, por consequência, 'razoável'. Ela é científica, isto é, demonstrada aos olhos da razão; é 'absoluta', da mesma maneira que toda 'verdade' é 'absoluta'. E o inteiro edifício da fé funda-se 'sobre fatos'.
Os apóstolos, primeiros pregadores da fá cristã, foram testemunhas, apenas. Eles testemunharam 'fatos'. E o Cristianismo repousa sobre os 'fatos' do Cristo no Evangelho, em primeiro lugar; e, depois, sobre os 'fatos' dos apóstolos.
Ora, nada mais simples e a um só tempo racional, científico e absoluto do que a 'certeza de um fato'. No caso, a certeza dos 'fatos evangélicos'. Realidade essa que para alguém combatê-los, suscitando controvérsia acerca da sua existência, será necessário afastar-se por completo de todas as regras da lógica.
Os feitos de Sócrates e de Cesar, de quem ninguém duvida, estão menos provados do que os de Jesus Cristo. E no mesmo sentido, seria um absurdo não crer nos fatos, ou pelo menos nos fatos principais, da vida de Cesar e de Sócrates.
Pois, igualmente extraordinário seria duvidar desses 'fatos evangélicos' que tiveram por testemunha um povo inteiro, composto ainda mais de inimigos do que de amigos.
A 'certeza da fé' não se baseia unicamente, porém, na 'certeza histórica': tem ainda por fundamentos a 'certeza moral' e a 'certeza da consciência'.
É possível alguém estar convencido sem crer. No entanto, a luz transcendente da fé vem juntar-se à convicção natural que a alma (psique) adquiriu por um estudo consciencioso. A 'razão', iluminada, vê-se confirmada pela fé.
A fé, como um telescópio que auxilia o olho nu, tem luz própria, distinta da luz da ciência, ainda que esteja intimamente unida com ela.
Conclui-se que a 'razão' do humano ser, sendo uma e indivisível, deve, sob pena de desaparecer, admitir as 'verdades certas' nas quais se baseia a 'certeza racional da fé, pelos mesmos motivos que essa 'razão humana' admite as verdades matemáticas ou as verdades do testemunho dos sentidos.
A 'certeza da fé' não é por forma alguma arbitrária nem supersticiosa. Pelo contrário, ela é plenamente racional e soberanamente razoável; possui o 'caráter lógico' a presidir todas as operações da razão e da ciência.(Marcus Moreira Machado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário