Se não desejamos que a inquietação e a rebelião da juventude destruam as estruturas sociais contemporâneas, devemos então empreender esforços para que as chamadas 'ciências humanas' se libertem dos grilhões do subjetivismo cartesiano, e se livrem do espírito possessivo da tecnocracia moderna proveniente dessa filosofia.
Só a partir daí, no desenvolvimento dessas ciências, num relacionamento com o mundo absolutamente modificado, livre, humano, elas estarão aptas a colaborar na superação da "alienação-em-si-mesmo" dos homens da atual sociedade industrial.
Enquanto não lograrmos conquistar um relacionamento fundamentalmente livre frente ao espírito tecnocrata -despótico em sua natureza- , os seres humanos, em sua imensa maioria, sempre andarão em círculos.
A idéia de que entre os homens há somente uma possibilidade de relacionamento -a dos vitoriosos em êxtase do poder destrutivo e a dos vencidos em desamparo- é concepção fundada nos conceitos de potência e impotência, baseada na hipótese de transposições de poder ou, quando muito, em diminuição de poder. Insistir na exclusividade dessa via é condenar a si e a todos a percorrer incessantemente e sem sentido algum uma circunferência absurdamente linear.
(Marcus Moreira Machado)
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