A teoria do eterno retorno, apregoada pelos nihilistas a partir de Nietzsche, não é de toda inaceitável: sem nenhum melhor critério, estamos a voltar à sucessão de episódios que -bem o sabemos- só fizeram difundir a negação da supremacia humana na terra.
Essa 'insustentável leveza do ser' já foi comparada à fragilidade da própria história, que "é tão leve quanto a vida do indivíduo, insustentavelmente leve, leve como uma pluma, como uma poeira que vai desaparecer amanhã", no dizer de Milan Kundera.
A cada novo instante, mais submissos estamos todos, em severa subordinação à nossa espetacular insignificância diante daquela que, ainda hoje, nos é deveras incompreensível -a mente humana.
Buscando reduzir o assombro, projetamo-nos como os deuses que criamos, onipotentes, onipresentes e oniscientes. E não percebemos que 'todo querer não é outra coisa que uma procura de compensação, que um reforço visando sufocar o sentimento de inferioridade'.
A sombra dessa projeção indica exatamente o nosso reduzido tamanho, e a nossa incapacidade à reflexão mais séria acerca da existência da humanidade e do seu destino desde o livre arbítrio e suas atuais nefastas consequências.
(Marcus Moreira Machado)
Um comentário:
Aceitável, mas será que o eterno retorno não terá um significado mais amplo, helicoidal, de recomeço?
Beijos...Maria Lúcia
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