Eis a genialidade: repensar o óbvio em nova linguagem. Eis a mediocridade: anunciar o antigo como se fosse inédito.
Suposta imparcialidade, intelectuais discutem por este Brasil afora o sexo dos anjos, pretendendo descobrir quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha. Menosprezando a alheia capacidade de discernimento, simulam-se esforços para encontrar a corrupção em tudo e em todos, menos onde ela sempre esteve, isto é, na cabeça de cada ser humano.
Em messiânica e ao mesmo tempo quixotesca investida, pretensos pensadores de uma hipotética nova era dimensionam tragédias humanas sob a ótica reformista, tão própria aos doutrinadores. E toda veemência das causas cede lugar ao sensacionalismo das consequências. Mas... Lidar com os efeitos é, seguramente, apoiar os que só fazem colaborar com os motivos.
Fala-se do futuro como se conjugá-lo fosse prece a deus pagão. E pouco se faz pelo presente. A cada dia, mais uma página virada na história do país.
Denunciar, denunciar, denunciar -é o que temos aprendido a fazer. Inspirados na falsa credibilidade daqueles que por ofício têm a arte da acusação, convivemos com as mais disparatadas idéias acerca da verdade, a ponto mesmo de duvidarmos que ela exista.
Aliás, fazer com que a mentira esteja sempre em evidência é desprezar demais valores, os positivos, principalmente.
Vale, pois a reflexão: confundir é também um processo de dominação.
Quando a noção de 'delito' já está proscrita, toma-se o conceito de 'pecado'; e vice-versa. Porém, em ambas as circunstâncias, jamais falta quem se autodenomine justo e ponderado, a prescrever ou a pena ou a penitência.
Assim, novamente, as mentes são expropriadas, relegando-se a plano secundário a análise na identificação e no reconhecimento das causas de uma transgressão.
'Arbitrar' possui agora novo status: a 'honestidade' é relativizada, até nos convencermos de que tudo deva ser ilusório e provisoriamente eficaz.
(Caos Markus)
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