Heráclito, dado a encontrar harmonia no antagonismo; pela admissão de necessária existência do verso e do anverso; haveria de apaixonar-se pelo Drummond da 'poesia do conhecimento', em razão da pluralidade dessa poética.Até mesmo um Dante -procurando ser não apenas o intérprete de Deus, mas também o seu promotor- igualmente foi homem com coração de poeta universal. Parmênides... É difícil imaginá-lo saboreando um Drummond, já que em Eléia o filósofo dirigia as suas 'investigações' em sentido absolutamente contrário às respostas vindas de Éfeso, pelos argumentos de Heráclito. Entretanto, quem sabe se por isso mesmo; relativizando a sua defesa da invariabilidade do ser, flexibilizando a sua convicção na unicidade, na imutabilidade; Parmênides cederia à tentação (nem que fosse só para divergir do colega grego), municiando seu arsenal com a 'poesia do conhecimento' do mineiro de Itabira, Carlos Drummond de Andrade.Afinal, nas "estrofes" dos filósofos, o quê há senão as "rimas" da poesia?
(Caos Markus)
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