Não se deve temer o erro (sob a condição de se distinguir entre erros construtivos e os que não o são), tanto quanto não se deve temer o esquecimento. Pois, o importante não é o esquecimento, e sim a incapacidade para restituir o conteúdo esquecido. Afinal, se o indivíduo compreende o mecanismo de produção do conhecimento, poderá restituí-lo por si mesmo, de múltiplas maneiras e não de uma só. O contrário disso é a existência de um sujeito constantemente dependente de outros que possuem conhecimento, por isso podendo outorgá-lo. Mas o sujeito independente porque compreende os mecanismos de produção desse conhecimento, converte-se, por consequência, em criador do conhecimento.
Há um grande abismo entre a noção do sujeito da aprendizagem como receptor de um conhecimento recebido de fora para dentro, e a concepção desse mesmo sujeito como um produtor de conhecimento.
Não será conquistado progresso no conhecimento senão através de um conflito cognitivo, isto é, quando a presença de um objeto (no sentido amplo de 'objeto de conhecimento') não assimilável forçar o indivíduo a modificar seus esquemas de apropriação e interpretação, ou seja, a realizar um esforço de adequação tendente à incorporação do que resultava não apreensível (tecnicamente, uma pertubação).
Contudo, da mesma maneira que a atividade intelectual não é definida por atividade qualquer, aleatória, tampouco qualquer conflito é um conflito cognitivo a permitir um real progresso no conhecimento.
Assim, não se trata de ser colocado o indivíduo continuamente em situações conflitivas dificilmente suportáveis, mas sim de detectar os momentos cruciais nos quais ele é sensível às pertubações e às suas próprias contradições, de modo a avançar, então, no contexto de uma reestruturação.
(Caos Markus)
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