Parece insignificante, inútil, qualquer esforço para ser feliz. Digo da felicidade que não depende de pessoas a quem a gente ama, não se completa com o amor que recebemos. Eu falo da felicidade de almejarmos uma nação governada pela tradição de comuns aspirações; a de um povo vivendo sob a perspectiva de uma pátria auspiciosa. Mas... Quanta dissimulação! Basta o inútil pranto pela morte imediata de milhões de almas vítimas da sofreguidão!
E por que eu deveria me calar? Por que eu seria obrigado ao silêncio da conveniência? Já passei toda uma infância e juventude observando e assimilando a indignação e a perplexidade dos mais velhos, traduzida na "indiferença" estratégica, ou, muito mais, nas dissimulações ante ditaduras e populismos opressores. Afinal, hoje, com muita amargura, me percebo envolvido em cenas de mais formidável tragédia, num caos não imaginado sequer por Zoroastro, na barbárie consentida, estimulada e tolerada.
(Marcus Moreira Machado)
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