As campanhas políticas, insensatas, não demonstram outra coisa a não ser a disseminação do mais puro ódio, no vale-tudo que lhes é peculiar. Toda e qualquer sociedade organizada políticamente deveria encontrar na negação do ódio a sua suprema máxima. Não é o caso brasileiro, contrariando o pensamento de Nietzche, ao recomendar que "vale mais parecer do que odiar e temer; vale mais perecer duas vezes que se fazer odiar e temer". E, condicionados às vãs promessas do imediatismo, evitamos o essencial em razão do fascínio que desperta-nos o supérfluo, confirmando que "a consciência de existir é muito rara… que a massa dos homens concentra-se nos objetos deste mundo que condicionam sua felicidade". Nesse momento, é em Ernst Bloch que reencontramos maior vigor quando, afirma o pensador, "a verdade não reside apenas naquilo que é, mas principalmente naquilo que ainda não é, mas será. Pois, complementa Leonardo Boff, "o que é, funda tradição; o que ainda não é, mas será, significa a verdade plena.
Forjados num frio "racionalismo", os homens públicos que supostamente dirigem essa nação, via de regra, têm muita "filosofia", porém quase que nenhum sentido, desconsiderando que "as certezas da sensibilidade são conquistas definitivas". Em nome do povo, é o próprio povo oferecido em sacrifício aos deuses do Olimpo em que se tornou a representação popular, e' o que é pior, a auto-imolação tem sido usual como maneira de expiação dos nossos "pecados" eleitorais.
O desatino há que ser combatido ao buscar-se a recuperação das estruturas políticas do Brasil. Não podemos admitir a insanidade reinante, sob pena de elegermos o tresvairamento como norma de conduta no país afora. Substima-se a capacidade de discernimento de uma forma um tanto generalizada; no entanto, ainda restam alguns lampejos de lucidez, reflexos de escassa, porém vigorosa sensibilidade de uns poucos abnegados dirigentes nacionais, quer seja na administração da coisa pública, quer seja na iniciativa privada.
De resto, o comportamento no dia-a-dia mais faz lembrar um menino maravilhado com as infinitas possibilidades de imagens nos caleidoscópio, todas surpreendentes, porém fugazes. Nomes despontam a todo momento como a mais lídima expressão do cenário político nacional; entretanto, nos bastidores sussurros conspiradores tramam o destino do país, num anonimato discreto e confortável.
São os "fulanos-dos-anzóis-carapuças", sobejamente conhecimentos embora impopulares, mas cujos nomes não se pronunciam, pois que são os verdadeiros artífces ou prestidigitadores daquela que impropriamente se convencionou denominar "economia política" brasileira.(Marcus Moreira Machado)
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