Ainda que não apropriado se falar de uma 'teoria da população' em Karl Marx, não obstante, dois elementos estão presentes em toda a sua vasta obra: 1) Não há uma "lei geral" de população, válida para todo período histórico e qualquer tipo de sociedade. Cada modo de produção tem 'leis específicas' de demografia. 2) No modo de produção capitalista, as 'leis de população' são as leis de acumulação do capital, sobretudo através dos 'termos da reprodução da força de trabalho' e por meio do 'exército industrial de reserva'.
Em consonância com a tradição clássica, Marx identifica na própria 'dinâmica da história e da sociedade' a 'dinâmica da demografia'. No entanto, dela se afasta, opondo-se ao seu 'historicismo linear e mecanicista', notando que não há senão leis concretas, peculiares a cada sociedade, ditadas pelo seu modo de produção. Por efeito, cada modo de produção possui suas leis próprias de população, que não são mais que as mesmas leis gerais desse modo de produção, expressas, porém, demograficamente. Assim, é compreensível se falar em 'leis demográficas' para o modo de produção capitalista, leis concretas a esse modo de produção e que não passam de manifestação de suas leis gerais. Por isso, contrapondo-se a Malthus, Karl Marx afirma o caráter social das 'leis demográficas'. E no modo de produção capitalista, assevera Marx, a 'reprodução dos homens' faz parte do processo de 'reprodução do capital', razão pela qual a expressão 'reprodução dos homens' significa, mesmo, 'reprodução de força de trabalho', pois que sob o capitalismo a população é 'população para o capital'.(Marcus Moreira Machado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário