A capacidade de conceber idéias é a faculdade da razão propriamente dita, atuando para organizar as categorias do discernimento. A metafísica tem esta pretensão, concebendo idéias que não guardam nenhuma relação com experiência alguma. Para que as representações da compreensão sejam sintetizadas em uma unidade, é necessário pressupor a condição possível dessa mesma unidade, quer dizer, o sujeito do conhecimento.
A condição de possibilidade desse sujeito só poderia ser outro sujeito, porém, já incondicionado, subsistente em si e por si; ou seja, uma substância -a chamada 'alma', pela metafísica. Também, alternativamente, a 'causa', no entendimento que vincula um objeto e outro, viabilizando o conhecimento de um acontecimento.
Daí, a razão cria a série completa de causas e eventos; concebe o mundo.
A razão ainda pode criar uma condição incondicionada de todos os possíveis, alma ou mundo, entendida como Deus.
Por efeito, a razão se ilude, apropriando-se de uma possibilidade lógica do conceito, como se observa na idéia metafísica de alma. Pois, o sujeito, distinto de individualidade fundada na experiência, é somente a condição formal de identificação de um objeto como substância, que, essencialmente incondicional, não pode ser matéria. Ou, o sujeito é forma, a lógica do conhecimento, e não o seu conteúdo. É alma, do sujeito incondicionado que transcende.(Marcus Moreira Machado)
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