Preliminarmente, faz-se indispensável uma distinção entre 'raça' e 'opressão racial'.
Na natureza encontramos as origens da raça; as da opressão racial são de caráter social. Diferença esta que parace não alterar em nada a IDEOLOGIA DO RACISMO, já que os seus adeptos a negam e, pior, e concebem a desigualdade social como categoria de lei natural, mesmo sob as inequívocas demonstrações contrárias, quer pela antropologia, quer pelas ciências vinculadas à História, ou a Sociologia. Todas refutam as "teorias" dos ideólogos do racismo como anticientíficas.
Por si só, as diferenças naturais entre indivíduos não produzem diferenças sociais. Apenas em circunstâncias determinadas tal co-relação pode ocorrer. Pois, nem a cor da pele, a natureza do cabelo, ou qualquer outra característica de raça, explicam a desigualdade de nível socioeconômico ou cultural entre pessoas de raças diferentes.
Estamos diante de uma DESIGUALDADE QUE É PRODUTO DA HISTÓRIA, jamais da natureza.
Com efeito, é bastante relevante uma definição correta da relação entre fatores biológicos e condições sociais, ainda que inegável a influência dos caracteres biológicos na vida social. Afinal, não são as relações biológicas entre os seres humanos agrupados socialmente que determinam estrutura e e formas da própria sociedade.
Homem e animal se relacionam com a natureza de maneira diversa, obviamente. O homem é o produtor dos meios de sua existência, fato este que justifica a inadmissibilidade de se pretender aplicar à sociedade humana leis exclusivamente da esfera animal.
A sociedade marca o seu desenvolvimento em conformidade com suas peculiares leis sociais, razão pela qual a influência dos fatores biológicos é habitualmente é sugestivamente difusa, operando-se através do prisma das relações sociais.
Ora, as próprias relações biológicas são alteradas sob a influência e em função das relações sociais.
As diferenciações raciais contêm características absolutamente irrelevantes, de pouca importância, não se prestando, por consequência, a ser uma linha divisória definida e imutável entre os vários segmentos da humanidade.
Em épocas mais remotas, essas diferenças representaram algo, sim, na adaptação do ser humano às condições naturais. Contudo, mediante a transformação da natureza pelo próprio homem, tais diferenças perderam a importância. Não puderam, pois, determinar o curso da história.
São as concretas condições de vida, as reais circunstâncias históricas que, antes, esclarecem o destino dos povos.
No decorrer da história, registra-se a evolução das condições sociais a exercer crescente repercussão no desenvolvimento das raças: o tamanho das populações raciais, sua migração, a mestiçagem, dependem todas das condições da vida social, principalmente. Prova insofismável disto é a inexistência atual de raças "puras".
Não obstante os obstáculos criados pela segregação racial em determinados lugares, nem por isso a mestiçagem deixa de seguir o seu rumo.
Inegável que a herança de uma cultura e a preservação de características próprias, bem como a manutenção de tradições culturais, são de relevante importância no desenvolvimento dos povos, pois que neles despertam o sentimento de dignidade. A dinâmica da continuidade na história é, entretanto, absolutamente diferente da continuidade do patrimônio genético.
Por tudo isto, somos compelidos à admissão de que problemas raciais e nacionais não serão solucionados pelo confronto ou através da divisão dos povos. Exatamente o contrário, somente A UNIÃO DAS SUAS FORÇAS PROGRESSISTAS conseguirá, revolucionariamente, a superação desses "problemas", com a consciência de que a sociedade, esta sim, é que precisa, pode e deve mudar. A segregação racial no seio do próprio povo (uma tirania, também) só traz benefícios à maior das tiranias -a da concentração econômica nas mãos de poucos indivíduos, em opressão à imensa maioria que, uma tanto inconsciente dos seus atos, colaboracom o continuísmo da sua própria miséria.
(Marcus Moreira Machado)
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