A idéia de caráter é indispensável, em todas as culturas.
Sem esse conceito, não haverá um mais amplo contexto, abrangente e duradouro para ser refletido, considerado, observado. Ao invés disso, apenas vulgos conjuntos de pessoas cujas extravagâncias não possuem grandeza, autoras de projeções desprovidas de repercussão, constatadas somente enquanto categorias quantitativas, ou seja, classificadas conforme a idade, a nacionalidade, a renda, a religião.
A soma disso tudo não expressa ninguém determinado, não caracteriza qualquer individualidade nos seus atributos.
Sem a idéia caracterizada, o valor de uma pessoa é sempre efêmero. Não assimilado o conceito de caráter, o indivíduo é facilmente substituível. Enfim, o caráter é descartado
Por consequência, a pessoa é também descartável.
Nessa condição, a ordem social cai em completa desorganização, ante o vazio deixado por tantos substitutos.
O próprio caráter torna-se dissoluto, uma ficção. A noção de caráter, ao contrário, assegura, através de acurada investigação, um olhar mais atento àquilo que se afigura instantâneo.
A imagem daí consequente aguça a imaginação, despertando o interesse pelo seu maior conhecimento, pela precisão de sua identidade.
Sem hesitação, o caráter firmado é fonte de conjecturas, nascente de novas concepções que acrescentam outros sentidos de vida à vida de cada um, mesmo quando todos enfraquecem enquanto realidades.
A pessoa perdura, então, na criação do mundo humano, produzindo narrativas de existências reais.
(Caos Markus)
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