10 de julho às 02:25
A do meu avô "Naninho": ao tempo em que ele ainda exercia a profissão (a última Farmácia, a Sta. Theresinha, onde depois funcionou o "Xodó", foi fechada em 1964), não havia, quase, medicamentos de Laboratórios; o farmacêutico manipulava suas fórmulas, muitas vezes. E meu avô me falava de quanto as pessoas se deixavam sugestionar. Pois, não raro, o mesmo "remédio" que ele vendia para prisão de ventre era também vendido para diarréia, com diferença no aroma, apenas, além dos rótulos, é claro. A clientela voltava... Nunca para reclamar, mas, sim, para comprar mais.Eu penso que nem mesmo Hipócrates sabia o quê era hipocondria...
10 de julho às 02:38
Muito orgulho eu sinto de minha mãe, pois era ela quem nos levava a visitar a bisa Mariquinha e a tia-avó Genésia; respectivamente, avó e tia de meu pai, sem parentesco com a "Sylvinha", como chamavam minha mãe. A casa (no Largo do Riachuelo/Praça Elvira Lopes), com pé-direito bastante alto, janelas cerradas, cheirava a môfo. Nós ficávamos na sala, com Tia Genésia, até ouvirmos o ranger do assoalho... Era a bisavó vindo do quarto. Já balbuciava, quase nenhuma palavra compreensível. Às vezes, ao chegarmos, ela estava atrás de uma "grade" de madeira, final de um corredor externo que ia de encontro à varanda. Dela eu soube que enlouquecera, enquanto o marido se decompunha, acometido de lepra. Levada para o manicômio de Franco da Rocha (na rua era alvo da molecada), (CONT.)
10 de julho às 03:00
... de lá foi retirada pela filha, Genésia. Esta, professora, sim, dedicou talvez uns 40 anos de sua vida a cuidar da mãe. Tia Genésia lecionou também no "Grupão" (o "Cel. Carlos Porto"). Já sem "lucidez" alguma, Mariquinha, segundo meu pai, repetia e repetia: "Eu quero pão de ló!".Faleceu com uns 85 anos, aproximadamente. Naninho, o meu avô materno contou-me que ele precisou, quando ela morreu, quebrar a coluna cervical dela, porque, toda "encurvada", não cabia no caixão.Até hoje me pego fazendo o quê era comum em meu pai, em momentos de grande estresse; fico gritando: "Eu quero pão de ló!".Tia Genésia faleceu aos 86 anos, se não me engano. Pouco antes, eu vim com minha mãe a São Paulo, visitá-la. Maria, irmã mais velha de meu pai, morando em Londrina (até hoje), internara Genésia numa "Casa de Saúde". Ela gostava muito de minha mãe. Ao vê-la, na visita, tentava falar, os olhos em direção a minha mãe, (CONT.)
10 de julho às 03:04
... e se desesperava, quanto mais tentava e nenhuma palavra conseguia articular. Novamente o cheiro: antes o de môfo, anos depois, o de lisoforme, na "Casa de Saúde". Àquela época, ainda faltava muito tempo para surgir Basaglia... ... ...Beijos, prima muito querida!
Marcus
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