Do livre pensamento até a mais arraigada certeza adquirida, é frequente o desejo de comunhão.
Esta ambição por uma concordância geral tem levado grupos humanos ao extremado antagonismo
-das formidáveis aventuras, passando por gestos de pura nobreza, até episódios de requintado terror.
Via de regra, o aspecto esotérico da padronização das consciências, forjadas em cifrada mística, é a causa das mais graves repressões contra os indivíduos. Pois, pode-se constatar, desde que uma construção coletiva social e/ou religiosa se aproxima da uniformização das consciências (o seu intrínseco objetivo, aliás), surge a incontida cobiça de manter intacta essa construção, por meio de um império da concordância, fundado na aceleração de movimento rumo ao absolutismo da unanimidade pela coação. Já então presente a hierarquia, atribuída a necessidade de ordenamento. E tamanha é a obstinação dessa hierarquia que, como efeito das reações daí advindas, toda a obra da construção coletiva é ameaçada de ruir. Todavia, em todos os lugares regidos por determinada mística, onde nasce um desejo vivo de efetuar a comunhão, a maior tendência é a da reafirmação de coletividades integrais, justificando, no espírito das suas hierarquias reguladoras, medidas rigorosas de restrição sobre os indivíduos que fazem parte dessas comunidades, ainda que alguns se recusem admití-las. (Marcus Moreira Machado)
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