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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

QUARTA-FEIRA, 1 DE JANEIRO DE 2014: " DISTÂNCIA E ATEMPORALIDADE NO ENSINO"

Na educação a distância predominam os cursos mais focados em conteúdo, 
principalmente os de massa, mas também encontramos projetos mais 
inovadores, mais participativos e com metodologias mas ativas, onde os alunos 
são mais estimulados a pesquisar e desenvolvem atividades mais próximas da 
sua vida pessoal e profissional. 
O papel previsto nos cursos a distância para os alunos ainda é bastante 
passivo: ler, escutar, compreender e realizar as atividades previstas. Só que 
eles estão acostumados a pesquisar informalmente em casa, no trabalho e a 
compartilhar online o que descobrem. Eles gostam de participar, de se 
envolver e de divulgar o que conhecem. 
As instituições precisam estar mais atentas, nos seus projetos pedagógicos a 
distância, a atender aos diversos estilos de aprendizagem dos alunos, criando 
atividades de pesquisa que contemplem os mais ativos e também os mais 
reflexivos; os focados na ação e os que articulam as ideias de forma mais 
teórica. 
A educação a distância está muito pressionada pelas mudanças trazidas pelas 
redes e tecnologias móveis e pelas exigências maiores da sociedade por 
qualificação profissional, por atualização de conhecimento, por educação 
continuada. 
A palavra distância tem uma conotação pesada, prejudicial, que remete ao 
tempo do ensino por correspondência, quando os alunos recebiam o material 
pelo correio. Hoje como estamos multiconectados, é fácil e barato estudar, 
conversar e aprender na hora mais conveniente, de múltiplas formas. Por isso 
muitos preferem utilizar a expressão educação online ou também começa a 
utilizar-se a denominação educação sem distância. 
Do ponto de vista pedagógico, predominam ainda na EAD os modelos prontos, 
com materiais e roteiros preparados previamente por equipes de especialistas 
e que são executados com a maior fidelidade possível pelos alunos. A esses 
modelos mais industriais contrapõem-se processos mais informais de 
aprendizagem, entre pares, inter-colaborativos, menos hierárquicos e menos 
formatados. Como conciliar a roteirização previsível com a adaptação a ritmos 
diferentes e formas diferentes de aprender? O que manter e o que modificar? 
O peso de ensinar está em que os educandos aprendam e, portanto, as 
estratégias não são de transmissão, mas de interação, motivação, aplicação, investigação, tutoria, resolução de problemas, simulação. 
Estratégias dentro e fora da aula. 
Com os avanços das redes e da mobilidade, as pessoas estão aprendendo de forma muito mais flexível, horizontal, informal, sem depender tanto dos mestres. A aprendizagem em grupos, em pares, entre pessoas de diversos países é cada vez mais ampla e fascinante. Como podemos aprender à distância equilibrando a organização previsível que as instituições propõem com a imprevisibilidade da aprendizagem informal nas redes sociais? 
Além da mobilidade, há avanços nas ciências cognitivas: aprendemos de formas diferentes e em ritmos diferentes e temos ferramentas mais adequadas para monitorar esses avanços. Podemos oferecer propostas mais personalizadas,
monitorando-as, avaliando-as em tempo real, o que não era possível na educação a distância mais massiva ou convencional. Há aplicativos que orientam os professores sobre como cada aluno aprende, em que estágio se encontra, o que o motiva mais. 
Não precisamos dar o mesmo conteúdo e atividades para todos, no mesmo ritmo. Os alunos querem ser tratados de forma mais individualizada. Os alunos aprendem de forma diferente a como era antes. Nos cursos presenciais, gostam de ter o conteúdo antes das aulas, de checar as informações que o professor passa, de aprender online com seus colegas, quando estão separados. 
Caminhamos de uma EAD mais industrial, massiva, de produto pronto, igual para todos, para modelos bem mais flexíveis, que combinam o melhor dos percursos individuais com momentos de aprendizagem em grupo, de colaboração intensa. As tecnologias WEB 2.0, gratuitas e colaborativas, facilitam a aprendizagem entre colegas, próximos e distantes. Tudo caminha para ser mais aberto, ágil, intuitivo. 

(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2013: "A VERDADE, UMA PROPRIEDADE NAS PROPOSIÇÕES"

O primeiro passo da crítica pragmatista à noção de verdade do idealismo e do realismo se direciona à ideia de que toda proposição implica uma asserção de sua própria verdade. A proposição é uma hipótese relativa a algum estado de coisas e é de sua natureza ser duvidosa, incerta quanto à sua verdade. A assertiva que a proposição faz de sua própria verdade é condicional, pois consiste meramente num meio de iniciar atividades de investigação que testarão o valor de sua reivindicação. Com efeito, a verdade somente pode existir mediante o teste da reivindicação e os atos subsequentes por ele prescrito. A teoria pragmatista da verdade pretende desse modo representar fielmente o método da ciência, consideradas todas as proposições como provisórias ou hipotéticas até serem submetidas a testes experimentais, observado o empenho em organizar essas proposições em termos indicativos dos procedimentos necessários para testá-las,sempre consideradas as proposições asseguradas enquanto simples sumários de investigações e testes anteriores, sujeitas, pois, a revisões requeridas por novas investigações.
Trata-se de reconhecer a perenidade das proposições como referentes, sempre, a condições antecedentes, enquanto no pragmatismo ganham uma perspectiva de futuro. Tanto para o realista como para o idealista, a verdade é uma propriedade já previamente existente nas proposições, tornando-se assim irrelevante conhecer o que se faz com a proposição, a derivação do seu uso, as diferenças por ela acarretadas na experiência futura. Noutro sentido, as proposições têm caráter hipotético e experimental, e por isso são provisórias: apenas serão verdadeiras se tal for o resultado do processo de investigação na busca de aferição da sua verdade. Em outras palavras, as proposições só serão vistas como verdadeiras se as consequências futuras do processo de investigação de sua verdade assim indicarem.
Para o pragmatismo, enfim, todas as proposições contêm intrínseca e necessariamente uma referência ao futuro, de modo que sua verdade ou falsidade depende do sucesso ou do fracasso de sua finalidade. Assim, o maior rompimento do pragmatismo com o realismo e o idealismo consiste em mostrar o quanto o conceito de verdade não pode ser dado em si mesmo e tampouco aprioristicamente, isto é, não pode referir-se a um significado prévio ou antecedente. No entanto, parece haver nesse ponto de tensão concernente à teoria da verdade um motivo suficiente afirmativo do pragmatismo enquanto uma filosofia anti-realista. Ora, se o conceito de verdade do pragmatismo difere daquele do realismo, isso não quer dizer que a teoria pragmatista como um todo seja anti-realista. Deveras, esse argumento sustenta a própria teoria (caracteristicamente anti-realista) como pragmatista. Ou seja, faz de sua diferença com o pragmatismo original justamente o motivo de uma semelhança e, portanto, de uma razão a justificar a reunião desses pensamentos sob o mesmo nome. 

(Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 30 DE DEZEMBRO DE 2013: "EDUCAR-SE EM TRAJETÓRIAS"

Num sentido amplo, todos somos educadores.
Todos somos "educadores", porque ensinamos-consciente ou inconscientemente- formas mais ou menos interessantes de viver, que podem servir de estímulo para evoluir ou de pretexto para manter-se na mediocridade.
Somos educadores, quando vamos nos construindo como pessoas melhores, mais equilibradas, mais competentes profissionalmente, emocionalmente,
socialmente.
Somos educadores de nós mesmos, se vivemos cada etapa da vida com coerência, aprendendo a lidar com nossas dificuldades, contradições, defeitos,
e avançamos, no ritmo possível, tornando-nos pessoas mais afetivas,
engajadas, realizadas.
Somos educadores, quando contribuímos para motivar as pessoas que estão perto de nós, quando transmitimos esperança, quando ensinamos valores humanizadores, principalmente pelas nossas ações.
Somos educadores, quando construímos uma trajetória pessoal, familiar,
profissional e social digna, crescente e rica em todas as dimensões.
Muitos não acreditam no seu potencial de crescimento e, infelizmente, se perdem ou se contentam com uma vida superficial, consumista, autocentrada e insignificante.
Vale a pena -ao olhar para nossa vida, tão rápida e insegura- constatar que está valendo a pena, que nosso saldo é positivo, que não nos contentamos simplesmente em sobreviver, que nos realizamos cada vez mais -com problemas e contradições- como pessoas mais abertas, humanas e atuantes socialmente.

(Caos Markus)

DOMINGO, 29 DE DEZEMBRO DE 2013: "EDUCANDO-SE NOS RITOS"

Educadores são os que contribuem para ajudar-nos a evoluir, a ampliar nossos horizontes em todos os campos e a que possamos fazer escolhas cada vez mais realizadoras, abrangentes e interessantes. Tem pessoas que nos ensinam algumas coisas (e podem ser bons profissionais) e tem outras, que nos ajudam a perceber mais, a ampliar horizontes, a motivar-nos para viver melhor e que torcem pelo nosso sucesso como pessoas; essas, além de bons profissionais, são bons educadores.
Quando vejo tantas pessoas escolarizadas, dando tanto valor a futilidades, a múltiplas aparências, sacrificando-se na ânsia de possuir mais bens, agitando-se nas borbulhas de qualquer distração, satisfeitas na superficialidade de ritos repetidos e, provavelmente, vazios, percebo que a educação de alguma forma falhou, mesmo que formalmente elas tenham obtido muitos diplomas e sejam, em alguns aspectos, bem sucedidas.
Na educação pessoal precisamos olhar o todo, o resultado mais amplo e de longo prazo e não só o sucesso profissional e econômico. As pessoas aprendem a gerenciar bem suas vidas? Aprendem a lidar bem com a complexidade de opções em todos os campos (pessoal, familiar, profissional, social)? Tem condições de analisar idéias, valores, escolhas possíveis tão diferentes, numa sociedade tão contraditória? Conseguem ser criativas, ter independência de pensamento, de resistir à sedução de qualquer novidade, de ser meros alto-falantes de qualquer opinião emitida pela mídia? Conseguem enxergar além das seduções imediatas do consumo, do glamour do mundo das modas, da efervescência juvenil, do deslumbramento com o sucesso fácil? Conseguem ter motivação profunda para viver? Conseguem encontrar uma relativa paz interior e realização autênticas?
Olhando na perspectiva dos resultados pessoais obtidos, a educação social parece bastante pobre e inconsistente. São muitas as pessoas que não acham sentido no que fazem, na forma como vivem, nas tarefas que desempenham. São muitos os que mais sobrevivem do que plenamente vivem. Aprenderam muitas coisas, menos as principais.
É importante pensar na educação que valorize as pessoas, que as liberte dos ditadores das soluções únicas, das imposições autoritárias em qualquer campo, principalmente no emocional. Que ajude a aprender a desconfiar de modelos fechados, de caminhos únicos, de ideologias opressoras, de salvadores messiânicos. Não há soluções perfeitas, acabadas, mas soluções possíveis em cada momento, relativas, parciais, mas cada vez mais amplas, complexas e estimulantes. É importante propor caminhos de aprender a libertar-se, a fazer escolhas cada vez mais libertadoras, ajudados por pessoas-educadoras que caminham também nesse mesmo processo de liberdade.
Além das dimensões sociais, o objetivo último da educação é contribuir para a mudança e realização pessoais. Todas as formas de educação -familiar, escolar, profissional, informal, continuada- procuram que cada de um de nós consiga aprender a desenvolver-se como pessoa em cada fase das nossas vidas. E podemos avaliar esse processo pelo impacto e resultados que conseguimos pessoalmente: O quanto cada um de nós gosta de estar sempre aprendendo, evoluindo, praticando, melhorando intelectualmente, emocionalmente, comportamentalmente. O investimento em educação terá valido a pena se cada um de nós se transforma em uma pessoa interessante, afetiva, colaborativa, criativa, realizada. Terá valido a pena se construímos percursos de vida significativos, com contribuições perceptíveis no campo pessoal, familiar, profissional e social.

(Caos Markus)

SÁBADO, 28 DE DEZEMBRO DE 2013: "AVANÇANDO NAS DISTÂNCIAS"

Em decorrência das transformações drásticas em todos os campos, do pessoal ao social, os serviços, o trabalho, o lazer e a educação se modificaram profundamente. Dessa forma, a tendência é a de uma aceleração ainda maior nos próximos anos. Caminhamos rapidamente para uma sociedade muito diferente que, em parte, vislumbramos, mas ainda nos reserva várias surpresas. Será uma sociedade conectada, com possibilidades de comunicação, interação e aprendizagem inimagináveis hoje, embora com imperfeições e contradições. Ou uma sociedade de maior participação direta, que decidirá as principais questões sem tantos intermediários (com mais debates, consultas e referendos online). A aprendizagem será a essência da nova sociedade: aprender a conhecer, sentir, comunicar-se e equilibrar o individual e o social. A informação estará disponível, e as formas de aprender e de organizar o ensino serão muito variadas.
As cidades se conectam, transformando-se progressivamente em cidades digitais; os serviços, o lazer e a aprendizagem se virtualizam. Pesquisar qualquer assunto em grandes portais de busca ou base de dados será banal. A maior parte das pessoas estará conectada nos próximos anos às redes digitais por celulares, computadores portáteis e TVs digitais interativas, com utilização muito divergente e contraditória, mas as possibilidades de interação serão sempre crescentes. Os processos de comunicação implantados serão profundamente diferentes dos atuais. Estaremos permanentemente interconectados através de imagem e som e poderemos interagir quando o acharmos conveniente. Mas as tecnologias evoluem muito mais rapidamente do que a sociedade e sua cultura.
A cultura implica padrões, repetição, consolidação. A cultura comunicacional e educacional, também. As tecnologias permitem mudanças profundas já, hoje, que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da cultura tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. Por isso sempre haverá um distanciamento entre as possibilidades e a realidade.
O brasileiro é um povo, em geral, acolhedor e aberto. Ao mesmo tempo, pela mentalidade dos que querem levar vantagem e da falta de punição real para os poderosos, aumenta a desconfiança de tudo e de todos, o que esgarça as relações sociais. O individualismo prevalece sobre o sentimento de solidariedade. Pesquisas mostram que o brasileiro é um dos povos mais desconfiados do mundo, que menos acredita nas saídas sociais, institucionais, embora seja generoso em momentos de crises e diante de grandes tragédias.
Os países se agrupam em blocos comerciais e políticos e, ao mesmo tempo, continuam as guerras, o terrorismo e a destruição ecológica do planeta. Aos avanços da ciência se contrapõem a ganância da indústria dos remédios, da beleza, das drogas, da venda de armas, da exploração infantil.
O ser humano avança com várias contradições, bem mais devagar que os costumes, hábitos e valores. Intelectualmente também avançamos muito mais do que na prática. Há sempre um distanciamento grande entre o desejo e a ação, entre a vontade de mudar e as decisões concretas. Nunca tivemos tantos bens para consumir, gratificar-nos, entreter-nos e aprender, nem tantas tecnologias para comunicar-nos, viajar virtualmente e informar-nos.
Ao mesmo tempo, continuamos a ser uma sociedade dividida, desigual, com uma minoria tendo acesso fácil a todos os bens, enquanto uma parte significativa da população se esforça muito para garantir um nível mínimo de sobrevivênciam, sem citar o um número elevadíssimo de marginalizados (excluídos), que mal conseguem sobreviver.
A abundância de oportunidades não é igual para todos. Os bens econômicos e culturais estão distantes de uma parcela significativa da população. Muitas pessoas ainda são dependentes de modelos de vida determinados pelos pais, pela religião e pela cultura local tradicional. Apesar de tudo, está se construindo uma outra sociedade, que, em pouco tempo, será muito diferente da que temos atualmente.
A sociedade aprenderá de múltiplas formas, em diferentes tempos e espaços, tanto os oficiais como os informais; na escola, na cidade e no mundo; com mestres e com colega;, com tecnologias simples e com tecnologias avançada;, através do contato físico ou da comunicação em rede.
Aprendemos com os grupos que nos interessam, presencial e virtualmente. Formamos comunidades de interesses que se apóiam a distância e que quebram a hegemonia dos controles e mídias tradicionais. Pierre Lévy defende que uma comunidade virtual, convenientemente organizada, representa uma importante riqueza no conhecimento distribuído e na capacidade de ação colaborativa. Existem muitas comunidades de aprendizagem, de lazer e de negócios, que abrangem todos os interesses possíveis. O espaço virtual ou ciberespaço amplia em todas as direções tudo que já conhecíamos e realizávamos, potencializado pelas possibilidades que a interação a distância em tempo real traz pela primeira vez na história. Nesse espaço, convivem vários grupos que contribuem para melhorar a sociedade em alguma área e outros que exploram todas suas mazelas e fraquezas, aumentando as tensões e contradições existentes.

(Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO DE 2013: "O PENSAMENTO NA CONSCIÊNCIA DA CONDUTA"


Uma estrutura de pensamento, a consciência ética é algo do nosso interior, um estado decorrente da mente e da personalidade. 
Estão disponíveis os modelos de conduta dos santos e dos pecadores, dos heróis e dos vilões, dos bem sucedidos na vida e dos fracassados. Mas escolher um modelo de conduta para imitá-lo não é ato da inteligência. A inteligência, enquanto estado mental, não imita, cria novo modelo, em conformidade com essa sua inclinação, para interagir com os modelos existentes em nosso meio. O que está na base de todos os modelos é a intencionalidade do ato, e a característica principal do ato moral é a intencionalidade do ato humano, porque o ato moral encerra aprovação ou censura. Por isso, o ato moral implica na consciência de um fim e na decisão de realizá-lo. Esta decisão pressupõe a escolha entre vários fins possíveis que, em dadas ocasiões, se excluem reciprocamente.
A subordinação ao outro pode não ser uma questão de escolha, e sim uma resposta do cérebro aos comandos dados intencionalmente pelo agente, sequioso para obter resultados de interesse pessoal com a submissão do outro. Nesse caso, as respostas são comportamentais, porque os estímulos foram emitidos com o objetivo de conquistar respostas de comportamento ao invés de respostas de conduta. É o corpo que responde e não a inteligência.
No campo ético, as questões se voltam para a conduta objetiva. Exclui-se o subjetivismo. A conduta como fruto de nossa consciência passa por julgamentos próprios e por julgamentos de outros. A consciência é um estado mental constituído a partir da adição de valores à estrutura mental individual, e cada indivíduo comporta-se de acordo com essas estruturas, criando um mundo próprio onde elas são os seus paradigmas. A conduta originada na vontade, cujo princípio é a consciência, pode não ser uma boa conduta, no julgamento de outros. Mentir, por exemplo, pode ser natural a quem não foi educado para falar a verdade, cuja consciência desconhece o modelo do verdadeiro, mas será estranho a pessoas portadoras de estrutura mental onde a verdade é um componente. Assim, se a consciência tiver sua formação em modelos deturpados, será normal mentir. 
A consciência ética forma opiniões decorrentes da reflexão. Ela confronta a observação da realidade com o sentir da subjetividade, e nesse cotejo é suscetível de conflito o mundo interior e o mundo exterior. O que se deseja e o que se é. Uma consciência ética não está isenta de sofrer adulterações motivadas por incipientes juízos de diversas naturezas. O mundo exterior muito facilmente altera o mundo interior em qualquer espaço e tempo, dependendo da qualidade da estrutura da consciência ética, isto é, se ela aceita conteúdos das circunstâncias exteriores a si mesma. Esse abastardamento será o resultado da pressão de contextos e conjunturas sobre a fraqueza do ser, favorecida pela ignorância, inexperiência, carência afetiva; todas elas predisposições à aquisição de temores, inseguranças e submissões. 
As qualidades das consciências e das estruturas mentais se diferenciam, portanto, ao nível da expressão da conduta ética, no ponto de interseção com a ambiência.

(Caos Markus)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

QUINTA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO DE 2013: "DO SIMPLES AO COMPLEXO, UM PERCURSO"

Num mundo cada vez mais complexo e heterogêneo, a educação precisa dar 
passos mais acelerados e respostas mais coerentes, com novas formas de 
desenvolver competências cognitivas, relacionais e éticas. 
Aprendizagem ativa, lúdica e diversificada 
Quanto mais informação, mais importante é saber escolher, avaliar as 
informações importantes em cada etapa da aprendizagem, contextualizá-las, 
sintetizá-las e interligá-las com as atividades concretas pessoais e grupais. Não 
basta compreender, é fundamental também saber conviver presencial e 
digitalmente, saber acolher, interagir, colaborar física e online e mostrar coerência 
ética nas mais diferentes situações. Com tantos jogos hiper-sensoriais em tantas 
telas e situações, a aprendizagem está mais e mais mediada por situações 
lúdicas, individuais e grupais, que facilitam a experimentação, a vivência sem 
perigo de desafios fascinantes, de simulação hiper-realista de competições. Mas o 
processo de aprender se potencializa se há uma reflexão mais sistemática e 
aprofundada após o jogo, se os alunos ultrapassam o nível sensorial e do senso 
comum e conseguem realizar sínteses elaboradas e captar relações muito mais 
ricas do que as sensoriais. A aprendizagem avança mais por desafios, por 
interação com práticas significativas e reelaboradas cognitivamente. Todos os 
espaços são potencialmente ricos de aprendizagens significativas, os espaços 
próximos e os distantes, os formais e informais, os escolares, profissionais e os 
sociais. Infelizmente muitos se perdem no emaranhado das dispersões, do 
entretenimento auto-referente, do surfe inconseqüente. A tentação de querer 
acompanhar tudo, de abrir múltiplas janelas contribui para a superficialidade da 
percepção, para uma tensão em relação às perdas inevitáveis, a uma dificuldade 
de fazer escolhas enriquecedoras e de médio prazo. 
Caminhamos aceleradamente para que a maioria das escolas e dos alunos 
tenha muito mais acesso e contato com as tecnologias digitais móveis, 
possibilitando a criação de múltiplas redes de aprendizagem entre iguais e 
diferentes, entre próximos e distantes, entre pessoas de áreas de conhecimento 
muito diversificadas. Quanto mais ampliamos nosso contato com os diferentes, 
mais pontos de vista incorporamos, maior leque de opções teremos e mais 
sinergia possível. 
Se temos materiais interessantes em todos os formatos e plataformas, 
podemos acessá-los antes, estudá-los antes para depois interagir com o 
professor, o orientador, o tutor mais experiente que nos ajudem a encontrar um 
rumo, a descobrir significados ocultos, aplicações próximas. As informações são 
postadas no ambiente virtual, as dúvidas também e reservamos os momentos 
presenciais para debates, aprofundamentos, problematização, contextualização, 
previsão de cenários de aplicação. A dinâmica principal será diferente da 
convencional. Os alunos pesquisam, lêem antes para poder, junto com alguém 
mais experiente, por em comum as questões mais importantes, as dúvidas, os 
insights. 
Currículos mais flexíveis e personalizados 

Os currículos tendem a ser cada vez mais flexíveis e personalizados, com 
menos disciplinas obrigatórias e alguns eixos temáticos principais; sem um único 
modelo, imposto da mesma forma e simultaneamente para todos. Algumas áreas 
terão mais relevância - como saber ler, interpretar, escrever, contar, raciocinar - e 
serão oferecidas alternativas diferentes e mais personalizadas de avanço nos 
estudos. A tendência é a de quebrar o modelo único de currículo, de tudo igual 
para todos, com equilíbrio entre percursos pessoais e grupais, atividades 
individuais e atividades colaborativas, tempos iguais e diferentes, momentos 
presenciais e virtuais. As artes como espaços de criação serão mais incentivadas. 
Cada aluno, com apoio de um professor-orientador, construirá seu percurso a 
partir dos espaços comuns, a interação com grupos próximos e outros 
diferenciados, com atividades comuns e específicas, presenciais e virtuais. 
As aulas tendem a ser mais colaborativas, com turmas não muito grandes, 
com mais atividades digitais, orientação audiovisual, metodologias mais ativas, 
com alguns momentos presenciais para contextualizar, sintetizar, validar e 
aprofundar o percurso construído durante as atividades digitais. O modelo de um 
professor por disciplina para turmas de quarenta alunos será substituído por 
outros modelos muito mais flexíveis espaço-temporalmente. Só deverá continuar o 
modelo atual de um professor para uma turma nos primeiros anos de socialização, 
de alfabetização. A orientação de aprendizagem será cada vez mais organizada 
em diferentes espaços, tempos e de formas muito mais variadas. Os alunos 
permanecerão uma parte do tempo na escola, mas não necessariamente na 
mesma sala. Farão visitas, trabalhos em grupo virtuais e presenciais, pesquisas 
individuais e em grupos. À medida que forem crescendo, mais horas de atividades 
virtuais (conectados audiovisualmente) terão. A escola será menos presencial e 
mais próxima de vários espaços - do bairro, da cidade - e de várias comunidades 
virtuais, de acordo com a idade e com os interesses específicos dos grupos e das 
competências desenvolvidas. Haverá também integração maior com comunidades 
virtuais, dentro e fora do país, em projetos comuns. Os alunos continuarão 
fisicamente presentes, aprendendo a conviver, fisicamente, mas também 
virtualmente. 
Tecnologicamente podemos ter aulas ao vivo e gravadas com grandes 
especialistas, comunicadores e com professores-tutores que ajudam a 
personalizar os temas dentro da realidade local, a tirar dúvidas e realizar 
atividades de problematização e aprofundamento. Podemos partir dos ambientes 
e recursos que os alunos frequentam e gostam, como o Facebook e o Twitter para
ajudá-los a evoluir, a avançar, a enfrentar desafios mais complexos, ambientes 
mais problematizadores, níveis de teorização superiores. Educar é contribuir para 
sair da zona de conforto, do senso comum e mergulhar em ambientes novos, em 
questões mais complexas, de forma progressiva, quase sem senti-lo, a partir do 
que estamos habituados, do que conhecemos, do que já dominamos, dos 
ambientes familiares rumo a etapas mais desafiadoras, estimulantes e 
fascinantes. Se não conseguirmos realizar esse percurso do simples para o 
complexo, do senso comum para o científico, do concreto para o abstrato, da 
imagem para o conceito, da visão parcial para uma visão mais integrada de nada 
adiantarão todos os recursos, o uso de tablets, redes e outras tecnologias 
avançadas. Educação é um processo de comunicação profunda, de intercâmbio 
interpessoal rico, mobilizando todos os recursos humanos e tecnológicos a 
disposição de todos os envolvidos no processo. 

(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2013: "A REALIDADE NOVA"

Uma escola é nova quando tem educadores, materiais, atividades e ambientes 
de aprendizagem - físicos e virtuais - acolhedores, estimulantes e desafiadores 
para os alunos. 
Profissionais acolhedores: diretores, coordenadores, professores que se 
preocupam com os alunos, que os conhecem, conversam, interagem. 
Uma escola é nova quando mantém a mesma equipe unida por bastantes 
anos, quando se percebe que todos se apóiam e há uma gestão 
democrática, proativa e empreendedora. Profissionais bem preparados, 
atualizados, evoluídos. Bem remunerados, escolhidos entre os melhores 
e que gostam de ser educadores. 
Ambientes acolhedores: aconchegantes, afetivos, equipados. Salas de 
aula multifuncionais, que se modificam rapidamente para diferentes 
atividades. Salas de aula conectadas com tecnologias móveis. Escola que 
equilibra atividades presenciais e virtuais, tecnologias simples e 
tecnologias digitais, onde se aprende também em casa, no bairro, nas 
comunidades de prática, nas redes sociais, com ativa participação dos 
pais. 
Uma escola onde os materiais principais estão disponíveis e são 
apreendidos de múltiplas formas, com técnicas diferentes, atrativas, 
simples e complexas. Escola que estimula múltiplas leituras de múltiplos 
textos de múltiplas formas: impressos, digitais, multimídia; simples e 
complexos; com histórias e conceitos; multi-textos significativos 
contextualizados, compartilhados, reinterpretados, co-produzidos 
presencial e digitalmente, publicados, vivenciados. 
Conteúdos articulados a muitos desafios, projetos inovadores, com muita 
ênfase em pesquisa, compartilhamento, discussão, produção, sínteses, 
práticas refletidas, colaborativas, com flexibilidade de espaços e tempos, 
de momentos presenciais e virtuais, com atividades grupais e individuais, 
com bastante feedback, atenção, cuidado. 
Uma escola que integra o melhor do presencial e do virtual, que trabalha 
primeiro as atividades através de ambientes e aplicativos digitais e que 
aprofunda e finaliza cada assunto mais importante na sala de aula, com 
os professores-orientadores. 
Uma escola em que as aulas com tablets, netbooks e smartphones são 
focadas, além de temas relevantes, em projetos colaborativos, onde os 
alunos aprendem juntos, realizam atividades em ritmos e tempos 
diferentes. Os professores descem do pedestal e desempenham 
fundamentalmente o papel de orientadores. Saem do centro, do estrado, 
da lousa para circular, orientando os alunos individualmente e em 
pequenos grupos nas atividades de pesquisa, análise, apresentação, 
contextualização e síntese, de forma semi-presencial. 
Uma escola pluralista num mundo complexo, que mostra visões, formas 
de viver e diferentes possibilidades de realização pessoal, profissional e 
social, que nos ajudem a evoluir sempre mais na compreensão, vivência 
e prática cognitiva, emotiva, ética e de liberdade. 
Essa nova escola ainda está em construção, mas é urgente nosso envolvimento 
em concretizá-la, para conseguir atrair as crianças e os jovens, que até agora só 
conheceram, na educação formal, modelos analógicos, anacrônicos e 
envelhecido.

(Caos Markus)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DOMINGO, 22 DE DEZEMBRO DE 2013: "ÁTIMO"

Hoje, do "Big Bang", ou "A Grande Explosão", referência ao início do Universo (quente e denso), a hipótese de um ÁTOMO PRIMORDIAL cede espaço ao ÁTIMO FINAL, num momento em que o antes real e imenso desmorona diante do cálido e tenso Bang Bang a varrer da Terra a Humanidade.
 
(Caos Markus)

SÁBADO, 21 DE DEZEMBRO DE 2013: "O SUBJETIVO INCOMUNICÁVEL"

O racionalismo crítico em suas teses centrais, a objetividade, o falibilismo, a negação da indução e principalmente a deflação do critério de demarcação entre ciência e os demais saberes, constitui um importante instrumento teórico tanto para as ciências sociais como para o ambientalismo enquanto movimento social. A concepção de que os problemas científicos podem ser concebidos como problematizações de questões teórico-práticas, ou mesmo de senso comum, implica que toda e qualquer preocupação humana compõe o universo das questões que podem redundar em ciência. As motivações subjetivas, enquanto dimensões espirituais são, nessa condição, legítimas promotoras das questões que, desenvolvidas em linguagem objetiva, traduzem-se em concepções científicas. 
A crítica é a vitalidade da teoria, mas não a crítica minuciosa de  questões pontuais sem um entendimento dos grandes problemas de cosmologia, de conhecimento humano, de ética e de política, e sem uma tentativa séria e devotada de solucioná-los. Contrário ao escolástico que sepulta as grandes idéias em torrentes de palavras arrogantes e rudes, o intelectual contemporâneo deve, em função da posição que ocupa, escrever de maneira mais simples e clara, não esquecendo que os grandes problemas da humanidade exigem novas e corajosas, mas cuidadosas, ideias.
Aquilo que se pode designar por objetividade científica encontra-se única e exclusivamente na tradição crítica, na tradição que, malgrado todas as resistências, permite muitas vezes criticar um dogma dominante. Dito de outro modo, a objetividade da ciência não é uma questão individual dos diversos cientistas, mas antes uma questão social da sua crítica recíproca, da divisão do trabalho, amistoso-hostil, dos cientistas, da colaboração mas também das guerras 
entre si. Está, por conseguinte, dependente em parte de todo um conjunto de circunstâncias, sociais e políticas, que tornam possível tal crítica. 
A crítica acompanha, incita, põe em questão a explicação do problema do conhecimento (explicação subtraída de teorias, de sistemas dedutivos), as tentativas de solução, especialmente a pretensão de verdade contida nessa explicação. E o mecanismo falseador atua no sentido de mostrar que esta pretensão à verdade é falsa. 
Contudo, é pressuposto do falibilismo a relativização do conceito de verdade e a adoção do conceito de aproximação à verdade.
A subjetividade é incomunicável, pois para que tal ocorresse, o ingresso em uma linguagem cujos conceitos sejam objetivamente convencionados é condição indispensável. As representações mentais não podem ser separadas da mente e expostas à visão pública de forma que um indivíduo possa ter a representação mental de outro nem se pode saber se duas representações sobre o mesmo fenômeno coincidem.

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2013: "OS TOGADOS E OS ENCAPETADOS"


Exigência de pagamento de dízimo não gera indenização

O Tribunal de Justiça de São Paulo negou indenização a fiel de uma igreja que se dizia coagido a pagar o dízimo.
DE ACORDO COM O AUTOR, A COAÇÃO ACONTECIA QUANDO OS PASTORES DO LUGAR AFIRMAVAM QUE COISAS RUINS LHE ACONTECERIAM CASO NÃO PAGASSE REGULARMENTE O DÍZIMO. Como não conseguia arcar com a contribuição, era humilhado perante outras pessoas. Em razão do constrangimento e da pressão sofrida, pediu indenização vitalícia por danos morais. A decisão de 1ª instância julgou a ação improcedente sob o fundamento de que se o autor optou por fazer parte do grupo religioso, não poderia acusar a igreja de coação ou de pressão psicológica indevida. De acordo com a sentença, "aceitar a tese de que a exigência do pagamento de dízimo, sob pena de sofrer consequências horríveis, configuraria ato ilícito, estar-se-ia admitindo a interferência estatal no conteúdo de dogmas e postulados de determinada instituição religiosa o que não apenas é um absurdo, como também, consiste em grave violação ao direito constitucional fundamental à liberdade de crença". 

(copydesk, Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2013: "QUALIFICANDO O ENSINO QUE EDUCA "

Há uma preocupação com ensino de qualidade mais do que com a educação de qualidade. Ensino e educação são conceitos diferentes. No ensino se organizam uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a que compreendam áreas específicas do conhecimento (ciências, história, matemáticas).
Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Fala-se muito de ensino de qualidade. Muitas escolas e universidades são colocadas no pedestal, como modelos de qualidade. Na verdade, em geral, não temos ensino de qualidade. Temos alguns cursos, faculdades, universidades com áreas de relativa excelência. Mas o conjunto das instituições de ensino está muito distante do conceito de qualidade.
O ensino de qualidade envolve muitas variáveis:
  • Organização inovadora, aberta, dinâmica. Projeto pedagógico participativo.
  • Docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente. Bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais.
  • Relação efetiva entre professores e alunos que permita conhecê-los, acompanhá-los, orientá-los.
  • Infra-estrutura adequada, atualizada, confortável. Tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas.
  • Alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal.
O ensino de qualidade é muito caro, por isso pode ser pago por poucos ou tem que ser amplamente subsidiado e patrocinado.
Poderemos criar algumas instituições de excelência. Mas a grande maioria demorará décadas para evoluir até um padrão aceitável de excelência.
Temos, no geral, um ensino muito mais problemático do que é divulgado. Mesmo as melhores universidades são bastante desiguais nos seus cursos, metodologias, forma de avaliar, projetos pedagógicos, infra-estrutura. Quando há uma área mais avançada em alguns pontos é colocada como modelo, divulgada externamente como se fosse o padrão de excelência de toda a universidade. Vende-se o todo pela parte e o que é fruto as vezes de alguns grupos, lideranças de pesquisa, como se fosse generalizado em todos os setores da escola, o que não é verdade. As instituições vendem externamente os seus sucessos - muitas vezes de forma exagerada - e escondem os insucessos, os problemas, as dificuldades.
Temos um ensino em que predomina a fala massiva e massificante, um número excessivo de alunos por sala, professores mal preparados, mal pagos, pouco motivados e evoluídos como pessoas.
Temos bastantes alunos que ainda valorizam mais o diploma do que o aprender, que fazem o mínimo (em geral) para ser aprovados, que esperam ser conduzidos passivamente e não exploram todas as possibilidades que existem dentro e fora da instituição escolar.
A infra-estrutura costuma ser inadequada. Salas barulhentas, pouco material escolar avançado, tecnologias pouco acessíveis à maioria.
O ensino está voltado, em boa parte, para o lucro fácil, aproveitando a grande demanda existe, com um discurso teórico (documentos) que não se confirma na prática.. Há um predomínio de metodologias pouco criativas; mais marketing do que real processo de mudança. 
É importante procurar o ensino de qualidade, mas conscientes de que é um processo longo, caro e menos lucrativo do que as instituições estão acostumadas.Nosso desafio maior é caminhar para uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas do sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social. E até agora encontramos poucas pessoas que estejam prontas para a educação com qualidade.


(Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2013: " EDUCAR PARA A AUTONOMIA"

Um dos eixos das mudanças na educação passa pela transformação da educação em um processo de comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos, principalmente, incluindo também administradores, funcionários e a comunidade, principalmente os pais. Só vale a pena ser educador dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só aprendemos profundamente dentro deste contexto. Não vale a pena ensinar dentro de estruturas autoritárias e ensinar de forma autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto prazo - os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos programáticos - mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos.
Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno.
Cada um de nós professores/pais colabora com um pequeno espaço, uma pedra, na construção dinâmica do "mosaico" sensorial-intelectual-emocional de cada aluno. Ele vai organizando continuamente seu quadro referencial de valores, idéias, atitudes, a partir de alguns eixos fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal.
Só podemos educar para a autonomia, para a liberdade com autonomia e liberdade. Uma das tarefas mais urgentes é educar o educador/pai para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada um.
É importante termos educadores/pais com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação. 
APRENDER A ENSINAR
Só podemos ensinar até onde conseguimos aprender. E se temos tantas dificuldades em ensinar, entre outras coisas, é porque aprendemos pouco até agora. Se admitíssemos nossa ignorância quase total sobre tudo - tanto docentes como alunos - estaríamos mais abertos para o novo, para aprender. Mas ao pensar que sabemos muito, limitamos nosso foco, repetimos fórmulas, avançamos devagar.
Sabemos muito, mas não sabemos o principal. Temos conhecimentos pontuais, mas nos falta o referencial maior, o que dá sentido ao nosso viver. Por que e para que aprendemos? Quando só temos objetivos utilitaristas - como conseguir um diploma, um emprego, ganhar dinheiro - isso concentra nossos esforços, mas estreita nosso raio de visão, de percepção.
Temos visões parciais, que se constroem com dificuldade e estão inseridas numa dinâmica informativa volátil. Se aceitamos isso profundamente e com confiança, poderemos começar a procurar com menos ansiedade, a intercambiar nossas pequenas descobertas, a estarmos mais atentos a tudo, a não acreditar em verdades dogmáticas, simplistas. Perceberemos que a realidade é muito mais complexa do que as explicações científicas e que, ao mesmo tempo, iremos apoiando-nos na ciência para avançar a partir dela sem cair em explicações sem consistência.
Ensinar não é só falar, mas comunicar-se com credibilidade. É falar de algo que conhecemos intelectual e vivencialmente e que, pela interação autêntica, contribua para que os outros e nós mesmos avancemos no grau de compreensão do que existe.
Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento. Isso nos dará muita credibilidade, uma das condições fundamentais para que o ensino aconteça. Se inspirarmos credibilidade, poderemos ensinar de forma mais fácil e abrangente. A credibilidade depende de continuar mantendo a atitude honesta e autêntica de investigação e de comunicação, algo não muito fácil numa sociedade ansiosa por novidades e onde há formas de comunicação dominadas pelo marketing, mais do que pela autenticidade.
Só pessoas livres - ou em processo de libertação - podem educar para a liberdade, podem educar livremente. Só pessoas livres merecem o diploma de educadoras. Necessitamos de muitas pessoas livres na educação que modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino. Só pessoas autônomas, livres podem transformar a sociedade.

(Caos Markus)

DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO DE 2013: "MODELO INDUSTRIAL EM EDUCAÇÃO "



A educação está mudando radicalmente

 De que educação estamos falando?
A educação é como um caleidoscópio. Podemos enxergar nela muitas realidades; podemos escolher mais de uma perspectiva de análise e cada uma terá sua lógica, seu fundamento, sua defesa, porque projetamos na educação nosso olhar parcial, nossas escolhas, nossa experiência.
Se queremos provar que a educação é um desastre e que a escola está atrasada, temos inúmeras estatísticas e experiências que o comprovam; basta acompanhar os resultados de alunos brasileiros em competições internacionais ou observar as diferenças entre as escolas de elite e as da periferia.
Numa pesquisa realizada pelo Instituto de Cidadania, foram ouvidos 3.501 brasileiros de 15 a 24 anos, de seis Estados e 198 municípios, e o que mais chama a atenção é a abstinência cultural do jovem brasileiro:
23% nunca leram um livro
39% nunca foram ao cinema
62% nunca foram ao teatro
59% nunca foram a um show musical
52% nunca estiveram numa biblioteca fora da escola

Se queremos provar que a escola é burocrática, amarrada e engessada, encontraremos mil exemplos de lentidão de gestão, de um verdadeiro cipoal de normas, leis, portarias, decretos federais, estaduais e municipais; de quebra de continuidade de projetos com a entrada de novos governantes. A escola é uma das instituições mais resistentes à mudança, junto com as grandes igrejas tradicionais.
Se, pelo contrário, quisermos mostrar que avançamos muito, que está havendo uma revolução silenciosa em escolas inovadoras, que há muitos grupos de profissionais competentes e de alunos realizando experiências fantásticas, que a escola está mudando com novos projetos e uso criativo de tecnologias, também encontramos bons exemplos para comprová-lo.
Tudo está acontecendo ao mesmo tempo: o atraso, a burocracia e a inovação. Há atraso, há burocracia e há inovação. Considero importante ter uma visão realista, mas não desesperançada, niilista, destrutiva. Apostar mais na mudança, em novas possibilidades que se concretizam, do que no pessimismo desesperançador e corrosivo.
A educação é um processo de toda a sociedade - não só da escola - que afeta a todas as pessoas, o tempo todo, em qualquer situação pessoal, social, profissional e através de todas as formas possíveis. Toda a sociedade educa quando transmite idéias, valores, conhecimento e quando busca novas idéias, valores, conhecimentos. Família, escola, meios de comunicação, amigos, igrejas, empresas, Internet, todos educam e, ao mesmo tempo, são educados, isto é, aprendem, sofrem influências, se adaptam a novas situações. Aprendemos em todas as organizações, grupos e pessoas aos quais nos vinculamos.
Pela primeira vez na história percebemos que a educação não acontece só durante um período determinado de tempo maior ou menor (educação básica, superior...), mas ao longo da vida de todos os cidadãos.
A educação não acontece só no espaço oficial, na escola e na universidade. Todas as instituições e organizações aprendem cada vez com maior intensidade e ininterruptamente. Essa percepção da urgência da aprendizagem de todos, o tempo todo, é nova.
A educação olha para trás - buscando e transmitindo referências sólidas no passado. Olha para hoje – ensinando os alunos a compreender-se a si mesmos e a sociedade em que vivem. Olha também para o amanhã – preparando os alunos para os desafios que virão.
As sociedades sempre encontraram suas formas de educar. Quanto mais avançadas, mais complexos se tornam seus processos de ensinar. A sociedade explicita seus valores básicos fundamentais em cada momento histórico e define os lugares, os conteúdos e procedimentos válidos através de diretrizes políticas.
As escolas e universidades são os espaços institucionais legitimados para a formação dos novos cidadãos. É o que se denomina educação escolar formal. O legislativo define políticas junto com o executivo (Ministério e secretarias de Educação). Há processos especiais para situações especiais: ex. Educação de jovens e adultos.
Além da educação formal, há hoje processos intensíssimos de educação não formal, de educação informal. Grupos, Ongs, empresas desenvolvem processos complexos de capacitação, de treinamento, de atualização, independentes ou integrados à educação formal.
Hoje, reconhecendo os avanços na universalização da educação, esta adquire uma importância dramática na modernização do país. E há uma percepção crescente do descompasso entre os modelos tradicionais de ensino e as novas possibilidades que a sociedade já desenvolve informalmente e que as tecnologias atuais permitem.
A educação é a soma de todos os processos de transmissão do conhecido, do culturalmente adquirido e de aprendizagem de novas idéias, procedimentos, soluções realizados por pessoas, grupos, instituições, organizada ou espontaneamente, formal ou informalmente.
A organização escolar é pesada e prudente. Prudente para não embarcar em qualquer aventura, porque precisa preservar o passado, olhar para o presente e preparar para o futuro. Prudente, porque tem que encontrar denominadores comuns mínimos compatíveis com as diferenças e desigualdades nacionais e regionais. É pesada, porque burocratizou tanto toda a gestão em todos os níveis que, mesmo aumentando as ações de capacitação, parece que quase nada muda. Há uma sensação de desperdício de recursos, de não sair do lugar, de experiências pontuais interessantes, mas de extrema lerdeza, lentidão, de peso cultural imobilizador. Aprendemos desde sempre em muitas salas de aula parecidas, em dezenas de milhares de aulas semelhantes, como alunos e como professores. E este modelo industrial está consolidado e, de alguma forma, deu conta das demandas (apesar das inúmeras críticas). Por isso é difícil superá-lo, principalmente quando ainda não temos outros modelos bem aprovados, testados e universalizados.
Vivemos o paradoxo de manter algo em que já não acreditamos plenamente, mas também não nos atrevemos a incorporar plenamente novas propostas pedagógicas e gerenciais mais adequadas à sociedade da informação e do conhecimento, para onde estamos caminhando rapidamente.
Mas os desafios sociais são tão gigantescos, as mudanças acontecidas e em fase de implantação são tão dramáticas em todos os setores, que estão pressionando violentamente a educação escolar por novas soluções em todos os níveis: nos valores, na organização didático-curricular, na gestão de processos. Estamos diante de uma tarefa gigantesca, histórica e que levará décadas: propor, implementar e avaliar novas formas de organizar processos de ensino-aprendizagem que atendam às complexas necessidades de uma nova sociedade da informação e do conhecimento.

Dialética entre estabilidade e mudança
Na educação, como na vida, há um processo dialético constante entre estabilidade e mudança, entre preservar ou modificar. Há períodos em que predomina a estabilidade, com determinadas normas ou modelos predominantes. Em outros períodos há efervescência, inquietação, agitação, desconforto, experimentação (fim da década de sessenta, por exemplo). Estamos em transição, entre os modelos estáveis, consolidados, e os novos, ainda em construção. Sentimo-nos inquietos, inseguros, sem saber o que por no lugar dos que já temos.
Olhando esse caleidoscópio, esse conjunto diversificado de realidades, temos que fazer escolhas. Ou permanecemos focados no atraso e no burocrático (para justificar que não vale a pena mudar) ou optamos pela mudança e pagamos o preço, durante determinados períodos, da incompreensão, de críticas ao idealismo, de estar fora da realidade, de escapismo. Se persistirmos, algumas das nossas idéias se tornarão em determinado momento viáveis ou mais próximas e aceitas por um número maior de pessoas. É assim que as mudanças acontecem, porque pessoas, grupos e instituições vão preparando-as, testando-as, avaliando-as até que se tornam aceitas e reconhecidas legalmente.
Aí recomeça o eterno ciclo da mudança, porque o que é aceito tende a tornar-se repetido, burocrático, engessado e precisa ser repensado, atualizado, modificado. Mudar e organizar é um processo dialético constante em todas as situações da vida; também na educação.
Estamos, na educação, inquietos, agitados, tentando mudar, sendo cobrados por mudanças, mas ainda sem saber o que por no lugar do que temos. Fazemos algumas experiências, mas ainda são insuficientes para enxergar uma mudança de forma estrutural. Precisamos insistir em apontar novos cenários, testar alguns deles e avaliá-los para ir implantando-os com mais segurança nestes próximos anos. 
Boa parte das escolas e universidades escolhe a previsibilidade, fazer pequenos ajustes. Quase todas fazem as mesmas coisas, da mesma forma, sem criatividade. Muitos profissionais “se enquadram” para sobreviver; viram tarefeiros, arriscam pouco para não incomodar. Agrupam-se, bajulam, se freqüentam. Criam grupos de sobrevivência em nome da colaboração e da participação. Num período de incertezas e de desemprego são compreensíveis essas atitudes defensivas. Mas só sobreviver é pouco, seja no nível pessoal ou institucional. Isso alimenta a mediocridade e o desencanto. Felizmente há instituições e pessoas que se arriscam na busca de novas soluções e trazem contribuições importantes para educação. 
 Mudanças estruturais na educação
Linderman, pesquisando as melhores formas de educar adultos, afirmava já em 1926: "Nosso sistema acadêmico se desenvolveu numa ordem inversa: assuntos e professores são os pontos de partida, e os alunos são secundários. ... O aluno é solicitado a se ajustar a um currículo pré-estabelecido. ... Grande parte do aprendizado consiste na transferência passiva para o estudante da experiência e conhecimento de outrem ". Mais adiante oferece soluções quando afirma que "nós aprendemos aquilo que nós fazemos. A experiência é o livro-texto vivo do adulto aprendiz". Lança assim as bases para o aprendizado centrado no estudante, e do aprendizado tipo "aprender fazendo". Infelizmente sua percepção ficou esquecida durante muito tempo.
A educação como um todo precisa de mudanças estruturais. A inadequação é de tal ordem que não bastam aperfeiçoamentos, ajustes, remendos. Um estudante que termina uma Faculdade dedica à aprendizagem mais de 20.000 horas, desde que começou a ir à escola. É incrível que depois de tantos anos de aprendizado tantos alunos não saibam quase nada; que não gostem de ler, que tenham dificuldades em interpretar textos, que não consigam entender as mudanças do mundo em que vivem. Vinte mil horas com resultados tão decepcionantes. Se cada estudante, hipoteticamente, trocasse o estudo pelas mesmas horas trabalhadas, ganhando dez reais a hora, no fim da Faculdade acumularia mais de 200 mil reais. O importante aqui não é o possível ganho econômico, mas a constatação da ineficiência da organização escolar, que tem uma máquina gigantesca, para resultados, na sua maior parte, ridículos (mesmo com indicadores quantitativos melhores). Isso gera enorme frustração dos resultados, frustração pessoal e social, ao dar oportunidade só de forma aparente para milhões de brasileiros, cuja maior parte fica relegada ao desemprego ou subemprego.
Mantemos estruturas pesadas, custosas, em todos os níveis de ensino, para conseguir resultados tão medíocres. O que estamos fazendo é um grande engano. Milhões de alunos despreparados, candidatos ao desemprego, aprofundando a distância que separa os que freqüentam bons colégios dos que estudam em instituições medíocres.
Em um curso de graduação de quatro anos em Pedagogia de uma das melhores universidades paulistas, alguns alunos me confirmaram que mais da metade das aulas era de temas, autores e pesquisas repetidos. Havia superposição de conteúdo, de textos para leitura, de trabalhos a serem realizados pelos alunos. Dois anos seriam suficientes, na visão deles, para aprender o que o curso propunha.
Bons professores são as peças-chave na mudança educacional. Os professores têm muito mais liberdade e opções do que parece. A educação não evolui com professores mal preparados. Muitos professores começam a lecionar sem uma formação adequada, principalmente do ponto de vista pedagógico. Conhecem o conteúdo, mas não sabem como gerenciar uma classe, como motivar diferentes alunos, que dinâmicas utilizar para facilitar a aprendizagem, como avaliar o processo de ensino-aprendizagem além das tradicionais provas. Como costumam assumir, por necessidade, um número de aulas cada vez maior, tendem a reproduzir rotinas e modelos; procuram poupar-se para não sucumbir, dão o mínimo de atividades possíveis para diminuir o tempo de correção. Preparam superficialmente as aulas e vão incorporando esses modelos como os possíveis, que se tornam hábitos, cada vez mais enraizados.
Hoje aproveitamos efetivamente, em média, menos da metade do tempo na sala de aula, pela percepção de que os cursos são muito longos e de que muitas das informações que acontecem na sala de aula poderiam ser acessadas ou recuperadas em outro momento. Muitos alunos e professores estão desmotivados com o ensino uniforme, padronizado, que não se adapta ao ritmo de cada um. Criticam o confinamento do processo de ensino-aprendizagem à sala de aula, sempre com as mesmas turmas, com a mesma programação, nos mesmos horários. São complicados os deslocamentos diários de professores e alunos de lugares distantes para poder estar todos juntos na mesma sala, ao mesmo tempo, principalmente no nível superior.
Muitos professores costumam culpar os alunos, a escola, o salário, a jornada pela não mudança. Costumam conhecer superficialmente seus alunos, subestimando suas potencialidades.
Mantêm uma postura generalista: a mesma proposta de aula vale para todos. Não avaliam de verdade. Dão trabalhos em grupo, sabendo que serão feitos por um ou dois alunos, e fazem vista grossa, porque preferem o pacto da mediocridade, do faz-de-conta. Tem professores “monocordes”, “unitemáticos”, previsíveis. São professores de uma nota só. Sempre dão aulas do mesmo jeito, o mesmo tipo de exercícios, de atividades, de avaliação. Filtram tudo em perspectivas dualistas, maniqueístas, estereotipadas.
Tem professores-mosaico, que fazem colagens. Atiram em todas as direções.  Misturam sem critério autores, tendências, idéias. Não organizam, hierarquizam, sintetizam. Tudo para eles tem o mesmo peso, o mesmo valor, em geral, o que está na moda.
Tem professores “papagaios”. Lêem e repetem o que lêem, reduzindo e simplificando o seu alcance, encurtando o sentido. Reduzem textos complexos a interpretações empobrecedoras. Citam autores, através de resumos, interpretações de terceiros, sem lê-los nem conhecê-los. Acomodam-se nas exigências mínimas de cada instituição onde lecionam.
A maior parte reproduz modelos, receitas, esquemas. Corre atrás de novidades, de fórmulas. Precisa delas para sentir-se seguros ao ensinar. São professores-receita. Mesmo querendo mudar, buscam a receita do novo.  Não se renovam, inovam ou exploram as possibilidades. São repetidores, condensadores de textos, tarefeiros.
Muitos têm dificuldade em saber relacionar, em criar conexões, em integrar o cotidiano com o conteúdo didático, em fazer a ponte entre a experiência dos alunos e o tema da aula. Como podem ensinar se não sabem aprender?
São muitos os professores que não gostam de ler, que lêem só por obrigação. Que não se atualizam. Que não freqüentam cinema, teatro, exposições, museus. Que não lêem poesia, literatura. Que se alimentam dos programas da TV aberta, das telenovelas, dos “bigbrothers”, dos telejornais sensacionalistas.
Há professores desesperançadores. Só vêem o negativo: no conteúdo, nos alunos, nas condições de trabalho, na vida.
Ganham mal e, para compensar, multiplicam as atividades profissionais. Sentem-se pouco valorizados, incentivados, reconhecidos, motivados. Recebem muitos pacotes prontos, projetos decididos sem consulta. Todos conhecemos grupos esforçados, motivados, interessados, mas que são minoria no conjunto dos profissionais.
Os currículos são excessivamente rígidos, com disciplinas isoladas, sem interação. Há pouca flexibilidade de espaço, tempo, de organização de matérias.
 Com a explosiva privatização do ensino superior nos últimos dez anos, aumentou exponencialmente o número de alunos que trabalha e estuda a noite e que tem pouco tempo para pesquisar. Muitos desses alunos acreditam que basta ouvir o que o professor fala durante as aulas para acompanhar um curso universitário, com a conseqüente deterioração dos resultados. Constata-se uma falta de conhecimentos fundamentais para um universitário: capacidade avançada de ler, de compreender, de trabalhar autonomamente, o que dificulta sobremaneira o avanço das classes como um todo.
A educação avança menos do que o esperado porque enfrenta uma mentalidade predominante individualista, materialista, que busca as soluções isoladamente. É difícil para a escola trabalhar com valores comunitários diante dessa avalanche de propostas individuais que acontecem a todo momento em todos os espaços sociais. Os meios de comunicação são os porta-vozes mais diretos e eficientes dessa mentalidade individualista, principalmente através da publicidade. Ao mesmo tempo a educação cada vez mais  se torna commoditie, um bem em mercadológico, um negócio, sem dúvida em expansão, mas com grandes interesses e investimentos, que buscam a lucratividade, a maior rentabilidade possível, o que significa, na maioria das situações de ensino privado, uma busca mais da eficiência do que da cidadania.
As mudanças demorarão mais do que alguns pensam, porque nos encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal e social. Não temos muitas instituições e pessoas que desenvolvam formas avançadas de compreensão e integração, que possam servir como referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a separação entre a teoria e a prática.
Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta teoria e prática, que aproxima o pensar do viver.
A ética permanece contraditória entre a teoria e a prática. Os meios de comunicação mostram com freqüência como alguns governantes, empresários, políticos e outros grupos de elite agem impunemente. Muitos adultos falam uma coisa – respeitar as leis - e praticam outra, deixando confusos os alunos e levando-os a imitar mais tarde esses modelos.
O autoritarismo da maior parte das relações humanas inter-pessoais, grupais e organizacionais espelha o estágio atrasado em que nos encontramos individual e coletivamente de desenvolvimento humano, de equilíbrio pessoal, de amadurecimento social. E somente podemos educar para a autonomia, para a liberdade com processos fundamentalmente participativos, interativos, libertadores, que respeitem as diferenças, que incentivem, que apóiem, orientados por pessoas e organizações livres.
Há uma defasagem evidente entre o avanço nos métodos de gestão nas empresas e nas escolas. Os métodos de organização da aprendizagem precisam ser urgentemente repensados, modificados, com coragem e efetividade, porque sua inadequação às possibilidades, tipos de alunos e necessidades torna-se cada vez mais dramática. Os métodos de racionalização administrativa são precários. Há muito desperdício, falta de profissionalismo nas decisões econômicas. Umas instituições só pensam em marketing e lucros e banalizam a qualidade didática. Outras mantêm estruturas administrativas pesadas, caras e ineficientes.
A escola e a universidade precisam reaprender a aprender, a serem mais úteis, a prestar serviços mais relevantes à sociedade, a saírem do casulo em que se encontram. A maioria das escolas e universidades se distancia velozmente da sociedade, das demandas atuais. Sobrevivem porque são os espaços obrigatórios e legitimados pelo Estado. Mas, a maior parte do tempo, freqüentamos as aulas porque somos obrigados, não por escolha real, por interesse, por motivação, por aproveitamento. As escolas conservadoras e deficientes atrasam o desenvolvimento da sociedade, retardam as mudanças.

A gestão da inovação curricular
Se o ideal de igualdade é levado a sério, a educação democrática deve enfatizar a participação dos educandos na elaboração de todas as decisões sobre a vida em comunidade e o respeito que eles têm que observar em relação a estas regras, para que adquiram o sentido de responsabilidade.
Alexander Sutherland Neill, fundador da escola inglesa Summerhill, observava que as crianças educadas sob o princípio da democracia se tornavam mais capazes de questionar o senso comum e de aceitar as mudanças e os novos pensamentos. Dizia Neill que elas tendem a “não ser guiadas pela massa” .
A liberdade é a capacidade e a possibilidade de a comunidade escolar criar suas regras. Daí porque o projeto político-pedagógico dessa escola esteja sempre sujeito a muitas transformações. A liberdade é uma relação, por isso não se confunde com licença. Em nossa concepção de educação, educando e educador são sujeitos que aprendem e ensinam no mesmo passo. Assim, a liberdade é válida tanto para a gestão da escola como para sua epistemologia, o que supõe uma comunidade escolar sempre aberta aos infinitos objetos, métodos e teorias.
Janusz Korczak percebeu ao longo dos trinta anos em que dirigiu o Lar das Crianças (1912-1942), que ao tratar a criança com a mesma dignidade e justiça que se trata o adulto, sem oprimir sua vontade nem tentar forçar-lhe uma opinião, ela reproduz este mesmo tratamento com as outras pessoas que a cercam e, quando adultas, tornam-se indivíduos mais justos.
O princípio fundamental de Korczak é de que o educador não deve se sobressair em relação ao educando, deve sempre levar a sério sua opinião, seu ponto de vista, porque a desfeita é dolorosa para a criança, oprimiria sua personalidade e seu amor próprio. Ao invés de mandar na criança, é preciso dar-lhe a oportunidade de se convencer, com base em suas experiências, numa atmosfera de confiança. O educador polonês proclamava a criança como um ser racional, que compreende bem suas necessidades, dificuldades e fracassos. Isto significa que ordens despóticas e leis dogmáticas não são adequadas ao ambiente educativo, sendo preferível a compreensão e a confiança.
Os modelos fundamentalmente utilizados são os baseados na disciplinaridade, na transdisciplinaridade, na pluridisciplinaridade (estudo de um objeto por várias disciplinas) ou interdisciplinaridade (transferência de métodos de uma disciplina para outra).
O modelo disciplinar está condenado ao fracasso a longo prazo. Dividir o conhecimento em fatias, sem interligação, favorece a organização administrativa, não a aprendizagem, que é vista cada vez como mais interdisciplinar.
São muitas as tentativas de buscar saídas para a organização tradicional, fragmentada, do ensino. Algumas mais importantes são: O método de solução de problemas, com inúmeras variáveis: Desde a organização de todo um currículo em grandes problemas, onde há temas complementares, em paralelo, até começar um tema novo com um problema ou caso (case) para estudo por grupos.
Há outras instituições que, mesmo trabalhando por disciplinas, elaboram um projeto comum que lhes dá foco e que organiza as atividades de cada semestre ou bimestre e faz com que os alunos e professores trabalhem de forma mais integrada e vejam a aprendizagem de forma mais significativa.
O que está claro é que, com a flexibilidade de organização do ensino e aprendizagem que as tecnologias possibilitam, o currículo também pode ser muito mais adequado à cada aluno. Não podemos continuar impingindo a mesma seqüência de conteúdos, tempo e espaço que predominou na sociedade industrial. Podemos oferecer alguns conteúdos comuns iniciais e depois personalizar o percurso. Dentro de cada semestre, podemos trabalhar a partir de temas baseados em problemas, desenvolvendo pesquisas que se transformam em projetos, que são desenvolvidos a maior parte do tempo virtualmente, através de interação entre grupos e supervisão de professores e que são apresentados para todos presencialmente, ao final, e divulgados em páginas WEB.
Novos modelos de gestão
A aprendizagem precisa cada vez mais incorporar o humano, a afetividade, a ética,  mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação em tempo real. Mesmo compreendendo as dificuldades brasileiras, a escola que hoje não tem acesso à Internet está deixando de oferecer oportunidades importantes na preparação do aluno para o seu futuro e o do país.
A educação poderá tornar-se cada vez mais participativa, democrática, mediada por profissionais competentes. Teremos muitas instituições que optarão por uma postura mais conservadora, que manterão o sistema disciplinar, o foco no conteúdo; mas, mesmo nelas, o ensino-aprendizagem não se fará somente na sala de aula. Haverá maior flexibilidade de tempos, horários e metodologias do que há atualmente. Outras – e esperamos que muitas – caminharão para tornar-se ou continuar sendo organizações democráticas, centradas nos alunos; que desenvolvem situações ricas de aprendizagem, sem asfixiar os alunos, incentivando-os; que desenvolvem valores de colaboração, de cidadania em todos os participantes.
Caminhamos na direção da democratização das organizações escolares com apoio das tecnologias. As tecnologias são apoios fundamentais às formas de mudança, aos processos flexíveis, abertos e diferenciados de ensino-aprendizagem.
Uma boa escola começa com um bom gestor 
Muitos excelentes professores são maus gestores, administradores. O bom gestor é fundamental para dinamizar a escola, para buscar caminhos, para motivar todos os envolvidos no processo.
O exemplo de Gary Wilson, que recuperou sete escolas públicas carentes, é fundamental para enxergar os caminhos da nova gestão escolar. “Em 2000, a Lochburn Middle School, escola do distrito de Clover Park, no estado de Washington, estava para fechar as portas: o rendimento de seus 800 alunos era muito inferior ao mínimo exigido pela avaliação externa feita periodicamente pelo governo. Em um dia normal, raramente a presença dos alunos chegava a 50%. Os professores, havia muito, tinham desistido de ensinar. Hoje essa unidade é um modelo de escola bem-sucedida. O que aconteceu nesse período? A escola foi praticamente "adotada" pela comunidade: sindicatos, igrejas, estabelecimentos comerciais e entidades não governamentais começaram a participar do processo de ensino e aprendizagem entrando na sala de aula para ajudar estudantes que tinham dificuldades, assumindo a responsabilidade de orientar os jovens durante a sua trajetória escolar até a universidade. Grandes e pequenas empresas doam dinheiro e recursos materiais para que nada falte aos alunos”.
O trabalho primeiro do gestor Gary Wilson é motivar professores, funcionários e alunos, valorizando-os, escutando-os e depois traçando um plano de ação focando o que é prioritário. Depois envolve as lideranças do bairro, os meios de comunicação locais e o trabalho voluntário de tutoria da comunidade. Se escolas condenadas se recuperaram, qualquer escola pode ser atuante, inovadora.
Uma escola que se articula efetivamente com os pais (associação de pais), com a comunidade, que incorpora os saberes da comunidade, que presta serviços e aprende com ela.
Uma escola que prepara os professores para um ensino focado na aprendizagem viva, criativa, experimentadora, presencial-virtual, com professores menos “falantes”, mais orientadores, ajudando a aprender fazendo; com menos aulas informativas e mais atividades de pesquisa, experimentação, projetos; com professores que desenvolvem situações instigantes, desafios, solução de problemas, jogos.
Uma escola que fomenta redes de aprendizagem, entre professores das mesmas áreas, e, principalmente, entre alunos; que aprendem com os pares. O aluno aprende com o colega, o mais experiente ajuda ao que tem mais dificuldades. Como nos projetos aluno-monitor (da Microsoft).
Uma escola com apoio de grandes bases de dados multimídia, de multi-textos de grande impacto (narrativas, jogos de grande poder de sensibilização), com acesso a muitas formas de pesquisa, de desenvolvimento de projetos.
Uma escola que privilegia a relação com os alunos, a afetividade, a motivação, a aceitação, o conhecimento das diferenças. Que envolve afetivamente os alunos, dá suporte emocional, que leva a que os alunos acreditem em si mesmos.
Que coloca pessoas cuidando dos que têm mais dificuldades emocionais, como faz o Colegio Peretz, SP, onde ex-alunos, agora universitários acompanham alguns estudantes com algumas dificuldades (alunos tímidos...)
“O mais importante é olhar para a possibilidade e não para a dificuldade”. Rita de Cassia Rizzo, diretora de escola.
"É difícil implantar uma mudança educacional porque as escolas têm pouquíssimo tempo para se dedicarem a inovações", justifica o sociólogo Boudewijn van Velzen, coordenador de assuntos internacionais do APS (Centro Nacional pelo Aperfeiçoamento das Escolas). O sociólogo garante que decisões tomadas nos gabinetes não levam materiais didáticos até os alunos nem aumentam a freqüência em bibliotecas e laboratórios. "Se, na escola, os diretores e professores não se mexerem, nada acontecerá", afirma. "O resultado de uma grande reforma está no conjunto dos pequenos passos dados nas milhares de escolas de todo o Estado."
De acordo com o APS, cada problema da escola deve ser atacado por meio de um plano de ação, elaborado a partir das seguintes questões: Que objetivo se pretende alcançar? O que será feito? Quem irá participar de cada etapa da atividade? Como e quando elas serão realizadas? Quais os resultados previstos para cada fase do trabalho?
Responsáveis pelas mudanças
As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.
O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a nossa ignorância, as nossas dificuldades. Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório. Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses.
Os grandes educadores atraem não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. São um poço inesgotável de descobertas.
Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não nos surpreende; repete fórmulas, sínteses. São docentes “papagaios”, que repetem o que lêem e ouvem, que se deixam levar pela última moda intelectual, sem questioná-la.
É importante termos educadores/pais com um amadurecimento intelectual, emocional, comunicacional e ético, que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação.
As mudanças na educação dependem também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação.
As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador.
Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los melhor. Alunos que provêm de famílias abertas, que apóiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas.
Nosso desafio maior é caminhar para um ensino e educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas do sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando.

Podemos modificar a forma de ensinar

Cada organização precisa encontrar sua identidade educacional, suas características específicas, o seu papel. Um projeto inovador facilita as mudanças organizacionais e pessoais, estimula a criatividade, propicia maiores transformações. Um bom diretor ou administrador pode contribuir para modificar uma ou mais instituições educacionais. Uma parte das nossas dificuldades em ensinar se deve também a mantermos no nível organizacional e inter-pessoal formas de gerenciamento autoritário, pessoas que não estão acompanhando profundamente as mudanças na educação, que buscam o sucesso imediato, o lucro fácil, o marketing como estratégia principal.

Equilibrar o planejamento institucional e o pessoal nas organizações educacionais. Planejamento flexível e criatividade sinérgica. Equilíbrio entre a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade) e a organização (onde há hierarquia, normas, maior rigidez). Nem planejamento fechado, nem criatividade desorganizada, que vira só improvisação.
Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se transformarmos a sala de aula em uma comunidade de investigação.
Avançaremos mais se aprendemos a equilibrar planejamento e a criatividade, a organização e a adaptação a cada situação, a aceitar os imprevistos, a gerenciar o que podemos prever e a incorporar o novo, o inesperado. Planejamento aberto, que prevê, que está pronto para mudanças, para sugestões, adaptações. Criatividade, que envolve sinergia, pôr as diversas habilidades em comunhão, valorizar as contribuições de cada um, estimulando o clima de confiança, de apoio.
Com a flexibilidade procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os parâmetros fundamentais.
Traçar linhas de ação pedagógica maiores (gerais) que norteiem as ações individuais, sem sufocá-las. Respeitar os estilos de dar aula que dão certo. Respeitar as diferenças que contribuam para o mesmo objetivo. Personalizar os processos de ensino-aprendizagem, sem descuidar o coletivo. Encontrar o estilo pessoal de dar aula, onde nos sintamos confortáveis e consigamos realizar melhor os objetivos.
Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da nossa mente e da nossa vida.
A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor - o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
Aprender depende também do aluno, de que ele esteja pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente, emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do contexto pessoal - intelectual e emocional - não se tornará verdadeiramente significativa, não será aprendida verdadeiramente.
Avançaremos mais pela educação positiva do que pela repressiva. É importante não começar pelos problemas, pelos erros, não começar pelo negativo, pelos limites. E sim começar pelo positivo, pelo incentivo, pela esperança, pelo apoio na nossa capacidade de aprender e de mudar.
Ajudar o aluno a que acredite em si, que se sinta seguro, que se valorize como pessoa, que se aceite plenamente em todas as dimensões da sua vida. Se o aluno acredita em si, será mais fácil trabalhar os limites, a disciplina, o equilíbrio entre direitos e deveres, a dimensão grupal e social.

(Caos Markus)