Páginas

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

QUINTA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO DE 2013: "DO SIMPLES AO COMPLEXO, UM PERCURSO"

Num mundo cada vez mais complexo e heterogêneo, a educação precisa dar 
passos mais acelerados e respostas mais coerentes, com novas formas de 
desenvolver competências cognitivas, relacionais e éticas. 
Aprendizagem ativa, lúdica e diversificada 
Quanto mais informação, mais importante é saber escolher, avaliar as 
informações importantes em cada etapa da aprendizagem, contextualizá-las, 
sintetizá-las e interligá-las com as atividades concretas pessoais e grupais. Não 
basta compreender, é fundamental também saber conviver presencial e 
digitalmente, saber acolher, interagir, colaborar física e online e mostrar coerência 
ética nas mais diferentes situações. Com tantos jogos hiper-sensoriais em tantas 
telas e situações, a aprendizagem está mais e mais mediada por situações 
lúdicas, individuais e grupais, que facilitam a experimentação, a vivência sem 
perigo de desafios fascinantes, de simulação hiper-realista de competições. Mas o 
processo de aprender se potencializa se há uma reflexão mais sistemática e 
aprofundada após o jogo, se os alunos ultrapassam o nível sensorial e do senso 
comum e conseguem realizar sínteses elaboradas e captar relações muito mais 
ricas do que as sensoriais. A aprendizagem avança mais por desafios, por 
interação com práticas significativas e reelaboradas cognitivamente. Todos os 
espaços são potencialmente ricos de aprendizagens significativas, os espaços 
próximos e os distantes, os formais e informais, os escolares, profissionais e os 
sociais. Infelizmente muitos se perdem no emaranhado das dispersões, do 
entretenimento auto-referente, do surfe inconseqüente. A tentação de querer 
acompanhar tudo, de abrir múltiplas janelas contribui para a superficialidade da 
percepção, para uma tensão em relação às perdas inevitáveis, a uma dificuldade 
de fazer escolhas enriquecedoras e de médio prazo. 
Caminhamos aceleradamente para que a maioria das escolas e dos alunos 
tenha muito mais acesso e contato com as tecnologias digitais móveis, 
possibilitando a criação de múltiplas redes de aprendizagem entre iguais e 
diferentes, entre próximos e distantes, entre pessoas de áreas de conhecimento 
muito diversificadas. Quanto mais ampliamos nosso contato com os diferentes, 
mais pontos de vista incorporamos, maior leque de opções teremos e mais 
sinergia possível. 
Se temos materiais interessantes em todos os formatos e plataformas, 
podemos acessá-los antes, estudá-los antes para depois interagir com o 
professor, o orientador, o tutor mais experiente que nos ajudem a encontrar um 
rumo, a descobrir significados ocultos, aplicações próximas. As informações são 
postadas no ambiente virtual, as dúvidas também e reservamos os momentos 
presenciais para debates, aprofundamentos, problematização, contextualização, 
previsão de cenários de aplicação. A dinâmica principal será diferente da 
convencional. Os alunos pesquisam, lêem antes para poder, junto com alguém 
mais experiente, por em comum as questões mais importantes, as dúvidas, os 
insights. 
Currículos mais flexíveis e personalizados 

Os currículos tendem a ser cada vez mais flexíveis e personalizados, com 
menos disciplinas obrigatórias e alguns eixos temáticos principais; sem um único 
modelo, imposto da mesma forma e simultaneamente para todos. Algumas áreas 
terão mais relevância - como saber ler, interpretar, escrever, contar, raciocinar - e 
serão oferecidas alternativas diferentes e mais personalizadas de avanço nos 
estudos. A tendência é a de quebrar o modelo único de currículo, de tudo igual 
para todos, com equilíbrio entre percursos pessoais e grupais, atividades 
individuais e atividades colaborativas, tempos iguais e diferentes, momentos 
presenciais e virtuais. As artes como espaços de criação serão mais incentivadas. 
Cada aluno, com apoio de um professor-orientador, construirá seu percurso a 
partir dos espaços comuns, a interação com grupos próximos e outros 
diferenciados, com atividades comuns e específicas, presenciais e virtuais. 
As aulas tendem a ser mais colaborativas, com turmas não muito grandes, 
com mais atividades digitais, orientação audiovisual, metodologias mais ativas, 
com alguns momentos presenciais para contextualizar, sintetizar, validar e 
aprofundar o percurso construído durante as atividades digitais. O modelo de um 
professor por disciplina para turmas de quarenta alunos será substituído por 
outros modelos muito mais flexíveis espaço-temporalmente. Só deverá continuar o 
modelo atual de um professor para uma turma nos primeiros anos de socialização, 
de alfabetização. A orientação de aprendizagem será cada vez mais organizada 
em diferentes espaços, tempos e de formas muito mais variadas. Os alunos 
permanecerão uma parte do tempo na escola, mas não necessariamente na 
mesma sala. Farão visitas, trabalhos em grupo virtuais e presenciais, pesquisas 
individuais e em grupos. À medida que forem crescendo, mais horas de atividades 
virtuais (conectados audiovisualmente) terão. A escola será menos presencial e 
mais próxima de vários espaços - do bairro, da cidade - e de várias comunidades 
virtuais, de acordo com a idade e com os interesses específicos dos grupos e das 
competências desenvolvidas. Haverá também integração maior com comunidades 
virtuais, dentro e fora do país, em projetos comuns. Os alunos continuarão 
fisicamente presentes, aprendendo a conviver, fisicamente, mas também 
virtualmente. 
Tecnologicamente podemos ter aulas ao vivo e gravadas com grandes 
especialistas, comunicadores e com professores-tutores que ajudam a 
personalizar os temas dentro da realidade local, a tirar dúvidas e realizar 
atividades de problematização e aprofundamento. Podemos partir dos ambientes 
e recursos que os alunos frequentam e gostam, como o Facebook e o Twitter para
ajudá-los a evoluir, a avançar, a enfrentar desafios mais complexos, ambientes 
mais problematizadores, níveis de teorização superiores. Educar é contribuir para 
sair da zona de conforto, do senso comum e mergulhar em ambientes novos, em 
questões mais complexas, de forma progressiva, quase sem senti-lo, a partir do 
que estamos habituados, do que conhecemos, do que já dominamos, dos 
ambientes familiares rumo a etapas mais desafiadoras, estimulantes e 
fascinantes. Se não conseguirmos realizar esse percurso do simples para o 
complexo, do senso comum para o científico, do concreto para o abstrato, da 
imagem para o conceito, da visão parcial para uma visão mais integrada de nada 
adiantarão todos os recursos, o uso de tablets, redes e outras tecnologias 
avançadas. Educação é um processo de comunicação profunda, de intercâmbio 
interpessoal rico, mobilizando todos os recursos humanos e tecnológicos a 
disposição de todos os envolvidos no processo. 

(Caos Markus)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SER OU NÃO SER, EIS A SUGESTÃO!