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sábado, 9 de novembro de 2013

DOMINGO, 10 DE NOVEMBRO DE 2013: "VOZES DOS BLACK BLOCKS"


Adeptos da tática black bloc, eles surgem vestidos de preto e com máscaras cobrindo os rostos. Chegam em grupos, cantando e gritando palavras de ordem e, algumas vezes, com armas rudimentares nas mãos e nas mochilas. São os jovens que vêm se destacando nas manifestações que agitam o país desde junho por usarem como canal de expressão aquilo que chamam de violência simbólica. Antes que se possa classificá-los como vândalos e arruaceiros, talvez seja importante ouvir o que têm a dizer.
Quem são esses rapazes e moças? O que reivindicam? Como se relacionam com o Estado, como esperam que a sociedade encare os atos de destruição do patrimônio?
O grupo dos chamados blackblocs é bastante articulado, sabe o que quer, se expressa muito bem.
Duas facetas que talvez até agora não tenham aparecido na imprensa, na cobertura midiática dos atos. A primeira é que os jovens desse grupo têm de 17 a 25 anos em sua maioria e quase todos estudam em universidades particulares. São universitários, portanto. São cidadãos que moram não nas periferias e cidades-dormitório. Moram dentro dos limites da cidade, utilizam a estrutura urbana, os serviços públicos, circulam por São Paulo. Somando essas duas características, fica mais fácil explicar o discurso articulado, coerente e crítico. Eles conhecem de perto os serviços que a cidade oferece e estudam criticamente a situação do país. A outra faceta é que, por trás das máscaras negras, os rapazes nem de longe combinam com o estereótipo de pessoas violentas. Não lembram os hooligans, por exemplo. São serenos, respeitosos, abertos a discussões.
Isso posto, importa explicar suas reivindicações. A queixa primeira e unânime é por atenção. Sentem-se excluídos, maltratados pelo Estado. Afirmam e fazem uso de argumentos sólidos para isso, dizem que o Estado está de costas para os problemas mais elementares da população. E é por isso que usam a violência simbólica como forma de expressão. Eles se vêem como sujeitos políticos da mudança e acreditam que os atos de violência  -contra coisas, nunca contra pessoas- são também uma maneira de chamar a sociedade para essa discussão. Talvez nem os jovens mascarados saibam quais medidas devam ser tomadas pelos governos. Porque são jovens, porque o movimento é recente. Embora os blackblocs sejam herança, ainda que indireta, dos grupos que militam contra a globalização desde a década de 1990, esta atual geração  começou agora, em junho, na Copa das Manifestações. Eles foram se encontrando nas ruas e no Facebook, principalmente, e foram decidindo onde iriam atuar. Calcula-se que nas manifestações menores apareçam cerca de trinta mascarados, mas nas maiores contam-se até 150 integrantes. Agora, não é porque se vestem igual e frequentam as mesmas manifestações que este grupo é homogêneo. Alguns são defensores de uma violência maior (quebrariam mais equipamentos, lojas etc). Outros defendem bater em policiais. E há até os mais sossegados, não favoráveis à violência. Vestem-se igual, mas não obrigatoriamente pensam igual.

(copydesk, Caos Markus)

 

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