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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DOMINGO, 15 DE JANEIRO DE 2012: "CATALEPSIA DO JUDICIÁRIO E CATARSE DA CIDADANIA"

'CATATÔNICO, O JUDICIÁRIO JÁ APRESENTA SINAIS DE
CATALEPSIA, INDUZINDO O CIDADÃO JURISDICIONADO À CATARSE, PELA ELIMINAÇÃO DE IDEIAS SUGESTIVAS DE
QUALQUER REAÇÃO EMOCIONAL' LENTIDÃO PROCESSUAL NO PÓDIUM DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA A lentidão processual é o maior problema registrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no último trimestre de 2011. A chamada "morosidade" ocupa o primeiro lugar na classificação dos temas mais recorrentes abordados pelos cidadãos sobre o Judiciário na ouvidoria do conselho, com 1.429 manifestações. Dessas, 1.315 são reclamações. Em relação ao tema, o balanço mostra que o CNJ registrou também 34 denúncias, 34 pedidos de informações e 46 solicitações. Decisões judiciais foram o segundo assunto mais recorrente abordado pelas pessoas que procuraram a ouvidoria, conforme mostra o levantamento (255 registros). No total, foram 211 reclamações. O terceiro tema com mais manifestações, entre outubro e dezembro, foi a atuação dos magistrados (228) - 166 reclamações. A ouvidoria do conselho recebeu, de outubro a dezembro de 2011, 4.622 manifestações, tendo sido 1.722 destas em outubro, 1.929 em novembro e 971 em dezembro (até o dia 18/12). (copydesk, Caos Markus)

SÁBADO, 14 DE JANEIRO DE 2012: "O PERCURSO DA MUDANÇA"

É impossível aceitar qualquer fórmula simples como trilha correta no alcance da paz (além do muito que se deve construir nessa paz). A fim de que o percurso seja direto e claro, não se pode olvidar acurado olhar sobre os muitos interesses : nacionais, econômicos, raciais; todos existentes em diversificados níveis de capacidade e de desenvolvimento. Haverá muitos legados de ódio, deixados pelas guerras, dificultando a colaboração. Tudo o que podemos fazer na contribuição às possibilidades que se abram à nossa frente, é seguir no escuro os raros raios de luz que parecem chamar-nos a seguir adiante; e lembrar-nos, acima de tudo, que é inútil tentar qualquer controle consciente do nosso destino, a não ser que levemos experimentação e ousadia às finalidade que buscamos. Então, só poderá garantir o nosso fracasso a falta de coragem. Por maior que possa ser a nossa ignorância, certas condições em nossa situação são por demais cristalinas. As guerras que grassam mundo afora nos levam, seja qual for a nossa vontade, para a convicção da indispensabilidade de uma sociedade fundada sobre valores planejados. Enquanto esta se desenvolve ou achamos meios de redefinir um sistema comum de valores aceitos, e um processo comum para torná-los constantes, ou podemos estar certos de que as divergências entre os interesses de estado neste mundo globalizado, interdependente, nos levará sempre e sempre ao advento de outra e outra guerra. Não há uma insignificante parcela de razão para a suposição de que essa sociedade planejada signifique um aumento de bem-estar para o povo, se inexistir um plano deliberadamente preparado para esse objetivo. Uma sociedade planejada pode facilmente ser construída pelo sacrifício da liberdade individual ao poder governamental coletivo, exercido pelos dirigentes da sociedade. No intuito de combater o totalitarismo , somos forçados a planejar. E por isso mesmo, corremos o sério risco de, derrotando-o, reproduzir seus hábitos em nosso cotidiano.Porque sabemos que o preço da derrota é não preservarmos a civilização que combatemos. O que se procura planejar é algo que, simples demais, encerra grande conteúdo: liberdade e democracia. Ora, uma sociedade democrática já em sua própria essência tanto é um caso de inter-relações espirituais de todos os envolvidos, como devam ser as formas pelas quais será governada. Tal sociedade é possível, em última análise, quando o respeito pelas leis nasce da sua concepção por consentimento, jamais através da coerção. Respeito que se torna hábito quando nasce da compreensão dos cidadãos de que, como essa sociedade fornece ao povo a capacidade de satisfazer as expectativas que julga legítimas, também se pede a esses mesmos cidadão o seu respeito. Planejar valores que sejam executados por todos, mas, a partir de cada um, eis a tarefa do revolucionário atual. (Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 13 DE JANEIRO DE 2012: "PUTREA" (MEDIDA PROVISÓRIA 557)

A exemplo de "côvado", unidade de medida já usada em mensurações lineares, a Provisoriedade da Medida é 'grandeza' com que se mede a permanência do 'ocaso' na improvisada política da acomodação, em 'acasos' de mandatários infra-constitucionais, signatários, todos, da cartesiana linearidade assecuratória dos cartéis de clásulas pétreas, num Brasil das casernas, onde civis aquartelados fracionam a justa, estreita, renda do erário, na injustiça do máximo divisor comum. Eis medida em côvados a cova: 557. Mãe gentílica, qual nação esta putrea já pariu ?! (Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 12 DE JANEIRO DE 2012: "A VITÓRIA DA DESVENTURA"

O impulso para a dominação nasce do medo da perda do próprio "Eu". Temor que se desnuda em qualquer situação onde o sujeito se vê ameaçado pelo desconhecido. Nessa perspectiva, 'mito' e 'ciência' (ou 'razão') possuem gênese comum. Ambos querem controlar as forças desconhecidas da natureza; desejam equilibrar a multiplicidade do 'sensível'. O 'mito' tem peculiar procedimento: é o 'sacerdote da tribo', mimetiza gestos de cólera ou de pacificação frente às potências naturais. Quando da existência única dos mitos, havia um 'diálogo' comunicativo entre a natureza e os homens, permitindo-se estar assustados ante forças ignoradas. A ciência, todavia, transformou toda a natureza em um formidável juízo de valores analíticos, compelindo-a à adoção da linguagem do número. Formalizou a 'potência' natural, limitando-a ao terreno da matemática. Essa ciência, a do "iluminismo", pretendendo desmistificar a natureza, retirar-lhe o encantamento, isolá-la do "feitiço"; o fez pelo recurso da razão que, a um só tempo, explica e domina os fenômenos naturais. Por tal processo, a ciência "iluminista" alcançou o resultado de um contra-golpe: a vitória da desventura. D o mito captar a origem, cabendo ao 'rito' controlar a manifestação dessa origem. Abolido o mito e a magia, em seu lugar instalou-se a 'racionalidade', sempre de caráter ambíguo, porque iluminadora mas controladora. À imitação (mito) se sobrepôs o 'princípio da identidade': 'somente o que é idêntico na natureza deve ser conhecido'. Daí o sujeito dotado de 'luz natural', iluminado e iluminista, a dominar intelectualmente o mundo. (Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 11 DE JANEIRO DE 2012: "PONTO DE FUGA"

Até mesmo a 'vitória' é desprovida de qualquer ventura, diante da formidável aventura na perspectiva da vida, onde não se vislumbra o "ponto de fuga".
(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 10 DE JANEIRO DE 2012: "O REGRESSO DO REPRIMIDO"

O que hoje se entende como 'razão' nada mais é além da 'razão de dominação', traduzida no absoluto controle da natureza não só exterior, mas também, ou principalmente, a interior. É marcada ainda pela 'renúncia' e 'devoção'. Um paradoxo cuja solução, contudo, está em confirmar-se que o objeto da renúncia continua a ser desejado. E, afinal, isso determinará o regresso do reprimido na civilização. A racionalidade que afastou o sujeito do objeto, separou corpo e alma, segregou o 'Eu' e o mundo; a mesma racionalidade que distanciou a natureza da cultura, também transformou paixões, emoções, sentidos, imaginação e memória em adversários do pensamento. Cabe então ao sujeito, já sem os seus aspectos empíricos e individuais, ser o mestre e conhecedor da natureza. A fim de compreendê-la, e não mais para -a partir do seu controle- querer dominar o seu semelhante. (Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 9 DE JANEIRO DE 2012: "AMOR FILOSOFADO"

'Negação' e 'afirmação', sempre que compreendidas, uma ou outra, em exclusividade absoluta, tiveram rumo certo: um só universo de 'reações concêntricas'. Percurso este onde a 'revolta' perdeu-se no caminho. Com efeito, não há porque negar a 'condição que oprime', se não for para 'afirmar o direito do oprimido'. E não haverá qualquer sentido em 'afirmar o direito do oprimido', se 'não for negado o que oprime'. O 'sim' e o 'não', reciprocamente, exigem um do outro. Concomitantes, não matam. A revolta do pensamento busca o 'relativo', pois só nele há alicerce para construir-se uma 'regra moral' para o ser humano. Em todos os seus efeitos, a 'revolta' colocou o 'relativo' como 'espera do homem'. Afinal, é a norma que dirige a 'ação revoltada'. Restrita ao relativo, garante-se a sua humanidade, almejando-a magnífica e trágica a um só tempo: tragédia e magnitude presentes no destino humano. Essa filosofia é complementada pela 'ação'. 'Sensibilidade' e 'pensamento' se lançam à concretização da revolta através de 'atos', às determinantes e às opções, seus efetivos valores. Assim, pode a especulação mostrar-se como verdade: a realização de suas conclusões em favor do ser humano. A essência do pensamento humanista prescreve não apenas o realizável no concreto da existência, porém, o que se consuma de fato. Então, a revolta é humanizada por meio da ação por ela mesma proporcionada. Se a sua resolução não estivesse nesse agir, certamente restaria condenada ao confinamento, tanto quanto a própria filosofia. Porque a verdade é demonstrada na sua capacidade de realização. Uma das dimensões da filosofia é, via de consequência, a 'ação'. Onde a prática for exluída, falsa será a filosofia. Revoltar-se pelo homem é, nota-se, valor supremo. Por isso, uma ação de amor para o presente. (Caos Markus)

DOMINGO, 8 DE JANEIRO DE 2012: "INCLUSÃO, DIGITALIZAÇÃO E CAPIVARA"

Em nome do resgate do ensino refém, aprisionado no cativeiro da Educação brasileira, após sequestro estrategicamente articulado por autodenominadas 'autoridades' nacionais; impõe-se o apoio amplo, geral e irrestrito de todos os pré-ocupados com essa ignominiosa tortura imposta à cultura pátria, de maneira a suprimir o abjeto do objetivo maior da sociedade, ou seja, a sua emancipação e soberania políticas, possível somente através da consolidação das leis de regência do léxico português unificado, além e aquém do Atlântico. Por isso e por causa disto, seja você também signatário da campanha: "PELA INCLUSÃO DIGITAL DACTILOSCÓPICA E GRATUIDADE DAS 'CAPIVARAS' NAS MATRÍCULAS ESCOLARES" (Caos Markus)

SÁBADO, 7 DE JANEIRO DE 2012: "(DES)ENCONTRO"

Eu, nem bardo nem trovador, só pretendi, no meu estar-no-mundo, apreender da vida a sua intensidade no amor. Mas, tem soprado o vento, quase a murmurar: '-Isso só é possível onde habita a humanidade.' Se mil vidas eu tivesse, em todas elas eu prosseguiria em minha insana busca: encontrar nos homens a humanidade rejeitada. Distantes do humano, porém, afastam-se de si mesmos. Então, sem a própria solidão como fiel e dedicada companheira, fingem ignorar a existência desse amor, temendo-o, pois conjugá-lo será vivê-lo na primeira pessoa do plural. Lá, aonde 'nós' todos devíamos ter comum domicílio; e não aqui, onde cada um apenas possui residência. (Caos Markus)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

SEXTA-FEIRA, 6 DE JANEIRO DE 2012: "A MEMÓRIA SUBORDINADA"

Na sua habitualidade e especificidade mais característica, o poder é reduzível a uma relação, ou um conjunto de relações. O que lhe confere, porém, caráter de absoluta relatividade, sendo desprovido de uma justificativa homogênea e integral. Pretender emprestar ao poder suporte de um fundamento além do seu efetivo exercício, isso é arbitrário. Arbitrariedade tão própria às ideologias e doutrinas políticas -as síndicas do poder. Tal espécie de consideração, desde a antiguidade clássica, se confunde com a questão tradicional acerca da essência do poder, o que constrói uma metafísica política. A questão pode ser abordada de um outro ângulo, pela expressão desse poder, traduzida, sempre e em todos os lugares, com a obediência civil. A ordem vinda do poder logra ser obedecida pelos membros da comunidade. Essa subordinação DEVE CAUSAR ESTRANHEZA AOS HOMENS CAPAZES DE RACIOCINAR. Afinal, que fenômeno singular este, o de que A GRANDE MAIORIA OBEDEÇA A MINORIA ? E por que a menor parcela obedece? Origina-se de sentimentos muitos diversos a obediência; todos procurando no poder apoios múltiplos. Assim, constata-se, já no nascimento da vida social, estamos diante do poder, da mesma maneira que a criança encontra um pai logo que vem ao mundo. O poder, com efeito, é visto como fato natural. Ele rege as vidas humanas há tanto tempo quanto existe a história da MEMÓRIA COLETIVA. A noção de 'poder' tem início no mesmo entendimento de SUBMISSÃO COMO SUBSTÂNCIA. Por isso, não há 'poder' sem 'obediência'. É A OBEDIÊNCIA QUE INDIVIDUALIZA E DÁ FORMA AO PODER. E por seu turno, é este quem sujeita à disciplina A VONTADE DOS QUE OBEDECEM. A causa primeira da obediência é o hábito, o costume. Todavia, estes não são suficientes para explicar a obediência além, quando o poder não é mantido nos limites que lhe são costumeiros. A fim de que haja um desenvolvimento expressivo no acréscimo da obediência, há então um desenvolvimento de causa. E isto limita a explicação de um amplo discernimento desse fenômeno. É por essa razão que o pensamento, via de regra, segue duas direções com frequência -correspondentes às categorias do nosso raciocínio. O que se procura é fortalecer teoricamente a 'obediência'. Na prática, baseando-se em duas causas: uma causa eficiente e uma causa final. Ou seja, declara-se que o poder "deve" ser obedecido "porque" ou "para que". Foi no âmbito da relação causal que se desenvolveram os dogmas da 'soberania'. O princípio eficiente da obediência é localizado em um 'direito' que possui o poder, advindo de uma 'soberania' que o possui, nele se transforma e ao mesmo tempo o representa. Esse 'direito' é dele sob a condição indispensável de sua 'legitimidade', quer dizer, calcado na razão de sua origem. Não obedecer é romper essa mesma "legitimidade". (Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2012: "PRINCÍPIO GERAL"

O proletariado não possui a escolha dos meios. Por isso, a sua conduta é ditada pelo capitalismo. A violência organizada e sistematizada obriga a resposta com violência igualmente organizada e sistematizada. À força deve-se opor a força. O proletariado, em consequência, da mesma maneira que o capitalismo, também deve estabelecer seu sistema de defesa e de ataque; deve traçar o seu plano de destrutivo e construtivo; agrupar todos os elementos do problema que se propõe resolver e organizar suas forças, levando em conta, sempre, o objetivo a ser alcançado, e considerando as modificações frequentes nas quais o seu adversário planeja estrutura e ação. A primeira tarefa do proletariado consiste em racionalizar a sua própria organização interior, e em escala internacional, se quiser com vitória contra o capitalismo. É necessário que unifique a sua organização sobre o plano mundial, sem deixar de levar em conta as necessidades da cada dia. O proletariado precisa nessa empreitada estabelecer um princípio geral de organização, para o presente e visando o futuro. E por esta razão, ele deve se opor a 'organizações' que já conhece, as do capitalismo, afastando-se da natureza das instituições que combate. Ou então a luta será inútil e a derrota, antecipadamente, a única certeza. Na sua própria organização, a sua força de ataque...

(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 4 DE JANEIRO DE 2012: "CARÁTER E OPINIÃO"

Desde que a 'opinião pública' passou a ser espelho necessário a uma ficcionada 'realidade comum', a capacidade individual inerente ao ato de interpretar deixou de integrar a unidade pessoal para dar lugar à incerta, porém, mais "convincente" 'pluralidade' -numa relação de causa e efeito concomitante à morte do caráter. Hoje, seria muito difícil que um indivíduo formasse uma opinião isoladamente, porque, na origem, a opinião pública (vinda de debate público, de um processo de discussão coletiva, implícito ou explícito) influenciaria -ou até mesmo decidiria- esse indivíduo, de forma tal que este levaria sempre em conta o quê lhe ensinaram os pais, o quê pensam as pessoas de suas relações, as informações que recebe da mídia,e, ainda, a análise de um formador de opinião. A grave consequência dessa concepção é que muito dificilmente nos entregamos ao exercício da interpretação plena, aquela absolutamente livre do jugo do condicionamento ao "aprendizado", que se nos é imposto, e que de bom grado aceitamos e reproduzimos. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 3 DE JANEIRO DE 2012: "O BANAL E O BANIDO"

A estirpe humana -conforme o quê professam não apenas os cristãos, mas ainda sequazes de outros credos e de variadas doutrinas- teve única gênese. E por nascerem os homens todos da mesma divina fonte, serão irmãos, muito além da fraternidade restrita aos laços consanguíneos, ou por pertencerem a um determinado segmento social. Serão irmãos num conceito afastado dos limites da internacionalização por nós criada no decorrer dos séculos. E dessa mais ampla irmandade dependeriam o princípio, a construção e a consolidação de matura idade da civilização humana; a ponto de então essa disposição proporcionar a cada um e a todos simultaneamente o bem-estar individual e coletivo -a partir da concelebração da identidade comum, em radical supressão do egocentrismo, a fim de, por acréscimo, preparar o "homo-sapiens" ao advento de uma nova era, em novo horizonte para a humanidade. Assim, experimentaríamos os benefícios celestiais em 'terra prometida e cumprida', sob os auspícios da elevação espiritual e com os subsídios da sublimação da paixões puramente terrenas, essencialmente temporais Contraditoriamente, entretanto, os prosélitos dessa 'comunidade de irmãos' apregoam que "cada homem é um ser novo no mundo, chamado a realizar a sua peculiaridade". E como solução ao suscitado impasse -ante a individualidade a ser preservada e a pluralidade a ser conquistada (no objetivo de instituir-se assim o "mundo novo)-, indicam a si mesmos o trato das relações interpessoais que, através de extenso rol de componentes e caminhos, visam preparação à chegada do amor recíproco. A comunicação e o diálogo são meios dessa pretendida 'finalidade'; representam instrumentos de consecução, como gesto de "assumir" o desgarrado, de "levantar" o caído, "acolhendo-o" para torná-lo "melhor". E é exatamente por isso que o paradoxo se instala. A fragilidade intrínseca à noção do que é bom e do que é ruim (sempre que o conceito destes valores é avaliado fora dos limites essenciais a cada ser); a relatividade acima da generalização, no desejo daqueles que se acreditam dotados de superiores condições para "resgatar" o outro (isso porque crêem que o outro é o seu "irmão caído"); tudo somado; daí à discriminação, e desta à segregação dos opositores; então, muito mais rapidamente a planejada "irmandade" cede lugar e tempo ao nascimento de inimitável "confraria", criando inesperada espécie de parentesco, onde a 'comunidade integral é substituída por clã de novos. A anterior premissa (já agora interpretada restritivamente na vaidade dos 'iniciados') sucumbe às estratégias de libertação, assemelhando-se nesse outro estágio com o remoto conhecimento a respeito de 'redenção', e confundindo-se com o "auxílio que se dava para libertar escravos". Diante das limitações impostas constitucionalmente, o novo agrupamento precisará abrigar-se em instituições já consolidadas e legalmente reconhecidas. A dualidade presente, não percebida a tempo, conquista, enfim, associações de toda sorte, não poupando sequer partidos políticos, notadamente quando um destes destaque-se por seu caráter de proximidade populista, no apelo de uma militância de doutrina libertária. Então, o imaginário, mais que o real, será a ordem vigente, banidos os que a ela não se curvarem. (Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 2 DE JANEIRO DE 2012: "CHORAR O MUNDO"

As crianças não têm qualquer noção de etiqueta ou decoro. Ainda bebês, elas não têm respeito algum por normas sociais ou compostura. Não fazem qualquer esforço para censurar seus pensamentos. Simplesmente abrem a boca e expressam em alto e bom som o quê se passa em sua mente: choram o quanto podem! O pranto dos infantes comprova a indômita presença da escuridão em nosso mundo. E pode servir para nos lembrar porque deixamos de chorar. Numa sociedade reprimida, as crianças exercem o importante papel de expressar francamente as emoções de todos. Enquanto o resto das pessoas enterra estoicamente seus sentimentos mais ruidosos em caixas de concreto, os pequeninos choram as lágrimas do mundo inteiro. Com o passar do tempo, não nos resta outra coisa a fazer senão nos juntarmos às crianças, isto é, voltarmos à nossa própria infância, e lá resgatar os gritos daquele pequeno que vive dentro de nós. (Caos Markus)

DOMINGO, 1 DE JANEIRO DE 2012: "ESTADO ENTIDADE"

O Estado deve trazer a felicidade para o homem, entende a filosofia. O Estado não traz felicidade ao homem, afirma a Sociologia. A exemplo, o Estado grego não trouxe felicidade, porque visava apenas a 'felicidade' de alguns -é a conclusão, no campo da Sociologia. Não obstante, retirados os critérios 'histórico', 'filosófico' e 'sociológico' do estudo do 'Estado', chega-se ao seu estudo 'político' -aspecto sob o qual é possível de fato entrever o 'Estado'. Para tanto, necessitamos, antes, indagar: o que é 'Política'? 'Política' é a ciência do governo do povo, do Estado, da sociedade; é a conclusão primeira. Portanto, a 'Política' deverá compreender dois essenciais caracteres: o científico e o artístico. Ela é uma ciência e é uma arte. Enquanto ciência, a Política busca os princípios sociológicos e filosóficos do governo do Estado.Como arte, investiga o que é conveniente ou necessário à realização do 'bem público'. Dois campos, com efeito, à nossa frente: o da Política científica e o da Política artística. Somados, um novo aspecto à visão do Estado, de como deve o governo atuar, e de COMO DEVE ATUAR O POVO, vez que na parcela política, essa atuação é a determinante dos meios de execução. Afinal, os princípios regem os meios artísticos, e a arte, os meios de atuação. A ARTE PRECISA TER CIÊNCIA. Aliás, resta comprovado, o homem não dá um passo na vida sem que seja guiado por princípios, NORTEADO POR UMA CONCEPÇÃO DE VIDA, dirigido por uma 'filosofia'. Nesse sentido,basta lembrarmos a intelectualidade italiana: "A filosofia entra em casa sem ser convidada". Ora, se a metafísica é de grande importância para as outrora chamadas "ciências exatas", também os atos humanos, igualmente a moral, são de extremo valor para o homem que, sem eles, não poderá dar um passo sequer. Prejuízo haverá, se não for norteado por uma 'filosofia', entendendo-a como ciência das causas primeiras, perene, e indicativa de que são também eternas as parcelas científicas. Assim, conclui-se, a Filosofia como Moral será de grandioso interesse no estudo da origem do próprio Estado. Porque a Moral é eterna, observada a imutabilidade de um 'princípio da Moral'.MUDAM-SE OS COSTUMES, NÃO A MORAL! Em síntese, observa-se: a Filosofia diz "o Estado deve ser assim"; a Sociologia assevera "o Estado é assim". Ora, se 'o Estado é assim', eis que presente a Sociologia Política, a Sociologia do Estado. Contudo, segundo a Filosofia, "deve ser assim". Então, teremos de fazer isso ou aquilo para o Estado "ser assim". É o momento em que se apresenta o campo da Política. E nele a convicção de que a natureza das coisas não muda; e não se muda, ante o princípio eterno, filosófico, consistente no 'direito natural'. O direito de quem, vindo ao mundo, a ele deve pertencer. Um Estado que se distancie desse valor, não governa! (Caos Markus)

SÁBADO, 31 DE DEZEMBRO DE 2011: "INSTRUMENTOS DA CRÍTICA"

Consequências do peso da muito mal compreendida 'opinião pública', as distorções no 'pensar' não somente poderão como devem ser corrigidas pela Crítica. Tendo por exclusiva missão esclarecer e alterar o quê equivocado se mostra, a Crítica recai sempre sobre os costumes. De modo indireto, nas doutrinas sociais, científicas, religiosas que venham exercer influência na sociedade em quem vivemos . De forma direta, sobre os próprios costumes de uma nação. A tarefa da Crítica, por efeito, é difícil e de altíssima importância, porque o seu destacado objetivo assim o exige. Sob a consideração de que os costumes de uma nação, de uma família, ou de um indivíduo apenas, são a real alavanca da sua prosperidade ou da sua decadência, pois, as leis positivas (as normas escritas) poderão corrigir em parte os abusos, desde que criteriosas. A ação dessas regras, deixará, contudo, muito a desejar se, frouxa, não puder atingir muitos dos transgressores; ou ao contrário, se arbitrariamente empregada. Deve-se notar, assim, que enquanto a doutrina educa e instrui, a Crítica corrige e esclarece. E como tal, se faz imprescindível, porque, se é certo que ninguém pode ter a justa medida da sua capacidade moral, também é intuitivo que o homem civilizado procura constantemente atingir o mais alto grau de perfeição. Ele -nesse contexto- sente o reflexo "dessa flama sagrada que só ao rei da criação foi concedida: a Inteligência". Antes, porém, de exercer o seu mister, a Crítica necessita empunhar um delicado estilete, para que a "autópsia", quer seja no corpo social, quer no indivíduo, possa ser correta e justa. Essa intervenção ocorrerá através da elevação do nível intelectivo e moral, pela reforma dos costumes, por meio da Crítica publicista em co-autoria com as doutrinas. Nesse estágio, confirmando-se a inteligência como seu elemento estrutural, o processo da Crítica desempenhará o papel de fiel da balança da consciência. Já então será o ponto de equilíbrio nesta equação suprema entre o objetivo(o objeto) e o subjetivo(o sujeito), na qual se trava a luta desmedida do dever e da vontade, da justiça e da paixão. (Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 30 DE DEZEMBRO DE 2011:"CONTA"

A privação na provação do confronto no conflito: da santísssima trindade, -pai, mãe, filho- há família onde certamente falta lar Irmãos esquecem a fraternidade, só avareza, semeiam iniquidade A história corre, mais longe vai: fuzil militar nas mãos do civil também mata, em vão, é vil Mas, pensam, diferente é esta morte. Agoniza um doente e lamentam sua sorte, a pobre mulher é violentada, da nobreza, outra é seviciada, sem defesa, morre alguém na esquina, paisano ou com patente, deles foi a sina. De quem é qualquer morte, senão a sua? A de um só e a de cada um, de quem é ? A de todos, de quem é a morte? A própria morte é apenas a sua ? Haverá assim tanto fim sem cálculo algum Se nossa, a conta é sempre um mais um? (Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 29 DE DEZEMBRO DE 2011: "SER, LOGICAMENTE"

'Razão' é a faculdade de descobrir -no entender da Lógica- as relações necessárias das coisas, formuladas em determinado número de princípios, quer na ordem 'Lógica', propriamente dita, quer na sequência da 'Metafísica'. Buscando, pois, as primeiras verdades, a Lógica afere (pelo princípio de identidade) que toda causa é idêntica a si mesma. E então pondera (através da 'não contradição') que uma coisa não pode ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto ser e não ser. A Lógica avalia ainda (pelo princípio do terceiro equivalente) que duas coisas idênticas a uma terceira são idênticas entre si. Além do que (princípio da capacidade) 'tudo o que contém uma coisa contém o seu conteúdo'. Já pela sequência da 'Metafísica', tudo tem sua razão de ser; tudo o que começa a existir tem a sua causa; em substância, o que é permanente, existe por si e em si; toda causa primeira confirma a causa segunda; tudo é conduzido para um fim; tendente para o mais simples. São princípios, os da Metafísica, que, sujeitos a uma nova ordem, estabelecem a harmonia do universo. A Lógica observa também que na 'substância' o permanente, existindo em si e por si, não precisa de sujeito que se lhe agregue, enquanto modo ou qualidade dessa mesma substância. É a partir da essência, consequentemente, que se dá a constituição e a especificação de um ser, dentro de uma espécie ou gênero, distinguindo-os dos seres de outras espécies e demais gêneros. Por conseguinte, determina que 'o ser seja o que é' por meio da diferença que possui com outros seres das outras espécies. O 'ser' é assim contido em sua peculiaridade de 'ente'. Finalmente, será a partir da REALIZAÇÃO DA ESSÊNCIA que ocorrerá A EXISTÊNCIA. (Caos Markus)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

QUARTA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2011: "TRANSGREDIR É PROGREDIR"

A pretensão de conferir um estatuto de cientificidade à epistemologia (que se ocupa em estudar o grau de certeza do conhecimento científico, generalizadamente) e, por efeito, com o intuito de convertê-la em 'ciência da ciência', é defendida por tantos quanto, de uma ou outra forma, tornam-se adeptos do 'positivismo' contemporâneo, apresentado como alternativa para elaborar uma 'ciência da organização do próprio trabalho científico'. Em resumo, o objeto dessa 'ciência da ciência' seria constituído a partir de todos os aspectos dos caracteres de cada uma, considerados em conjunto, interativamente, de modo a indicar sugestiva melhor representação, quer do seu desenvolvimento, quer do seu funcionamento. E, ainda, de maneira a fornecer uma 'teoria geral das ciências'. Neste sentido, contrapondo-se à vasta gama de 'especializações', e antagônica à 'compartimentalização' das disciplinas científicas, surge nova e possível 'integração e organização conceituais' das diversas ciências (em posicionamento contrário à multiplicação das 'especificidades' e de suas co-respectivas 'linguagens particulares'), pela compreensão não restrita a um inédito conceito do mundo (engendrado enquanto 'organismo ordenado'), mas também através de atualizada definição de 'ciência', gerada na condição de 'sistema'. Da 'multidisplinaridade à interdisciplinaridade', já agora é perceptível (face a crescente agilização verificada nos meios de comunicação) outra exigência: a da transgressão no ordenamento dessas mesmas disciplinas. Faz-se imperioso admitir, a 'verdade' (ou o grau de certeza do conhecimento) é habitualmente muito mais veloz que os meios utilizados para encontrá-la. Por isto, a modernidade reclama a 'transdisciplinaridade', na convicção de que transgredir é progredir. Afinal, "quid est veritas", se "revelar a verdade é fazer justiça" (Provérbios, 12-17) ? Pois, "olhamos para a verdade (...), não para aquilo que alguém tem imaginado", conforme sábias e remotas palavras Ulpiano. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 27 DE DEZEMBRO DE 2011: "HOJE, POR CAUSA DE ONTEM"

Eu vivo assediado por pessoas bem intencionadas. Eu próprio sou deveras bem intencionado, mesmo sabendo da enorme distância entre intenção e gesto. Já acreditei em muita coisa, até em Nietzsche, que em pouca coisa acreditava. Procurei uma verdade mais permanente, não a de um batalhão móvel de metáforas, metonímias e antropomorfismos, redundantes na retórica e breves na ênfase poética. Nos 'arquétipos' de Jung, busquei explicação para o primata que de quando em quando se revela em cada um de nós, nas atrocidades cometidas rotineiramente. Aderindo à teoria economicista, imaginei encontrar refúgio na História, podendo nela intervir, não como coadjuvante, mas protagonizando-a, sim. Sociólogo de boteco, exaltei Durkheim ao tempero existencialista de Camus, negando valores, inventando outros tantos. Eu não fui o único; não sou o único. Muitos quiseram, e ainda insistem nessa pretensão, a paz, substituindo os horrores das guerras infames pela majestade do amor. Utopia -acreditávamos- não existia. Tudo era questão de tempo... Como o tempo insistia em não chegar, ouvimos a sabedoria de Krishnamurti, em manifesta desistência de qualquer aprendizado que nos distanciasse da nossa particular miséria, renunciando a sem número de ensinamentos acerca do caminho libertador de um pensamento, de uma doutrina, um ritual. Desejamos então a auto-revelação, olhar dirigido ao encontro da essência do ser, para em seguida, transcendendo, esquecer nossas individualidades, têmperas, personalidades. Enfim, almejamos abandonar o ego, aproximar-se da criatividade através do vazio, e simultaneamente habitar o amor. Beleza! Balela, muita balela! As nossas boas intenções nada mais fizeram senão ocultar a omissão dos nossos gestos. Hoje, por causa de ontem, reconhecendo minha incapacidade para a eficácia dos gestos, também não quero me capacitar em variadas, múltiplas intenções. Nem nas boas nem nas más. (Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO DE 2011: "OS CHACINS DO BRASIL"

'Genocídio' (um neologismo), segundo os dicionaristas, é a recusa do direito de existência a grupos humanos inteiros, pela exterminação dos seus indivíduos, através da desintegração de suas instituições (políticas, sociais, culturais, linguísticas) e de seus valores identitários. O vocábulo certamente advém de 'geno', a exprimir tanto a idea de 'sexo' quanto a de 'geração'. Outros variados léxicos apontam, como sinônimo do substantivo 'chacina', o figurativo 'matança', observando-se então o ato de 'chacinar' na sua anterior compreensão, qual seja, a de 'dispor carne de porco em postas', uma vez que 'chacim' é remota designação desse suíno. Cientes da origem do mundo e do homem sobre a terra, e convictos de que o ser humano não principiou a sua existência na rude e primária forma de um porco; questionamos as múltiplas formas de extermínio ora praticadas pelo Brasil afora, não podendo nos furtar de também indicá-las como autênticas 'chacinas'. Pois, o que se nos parece é a manutenção da mais completa ruína constatada neste país, mergulhado na desintegração de suas instituições, quer as políticas, quer as sociais e culturais (com ênfase, no caso, ao aviltamento da Educação, em todos os níveis e graus). Contextualizar a crise da economia internacional como causa ou reflexo na motivação dessas outras violências institucionalizadas é faltar com a mais elementar verdade. O estado de indigência do Brasil é consequência de histórica desonra. Aqui, uma sociedade abjetada pelo poder promíscuo, onde a aversão aos cidadãos e à convivência social é regra consolidada num estado de exceções reiterado por regimes corrompidos no nascedouro, posto que implementados visando, só e tão-somente só, este único e mesmo objetivo: devorar! (Caos Markus)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

DOMINGO, 25 DE DEZEMBRO DE 2011:"VISUAL"

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." (Hebreus 11:1) MAS COMO FALAR DE FÉ PARA UMA GERAÇÃO ESSENCIALMENTE VISUAL?!! (Caos Markus)

domingo, 11 de dezembro de 2011

SÁBADO, 24 DE DEZEMBRO DE 2011: "DIGESTÃO DO PODER"

O poder, mais exótico que exorbitante, nutre-se através de escatológico processo digestivo: rumina a sua autofagia.
(Caos Markus)

sábado, 3 de dezembro de 2011

SEXTA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO DE 2011: "BLUES"

Lamento, feliz, a angústia do meu pranto... Canto! Eu canto toda a pieguice da dor que inventei. E morro a cada instante, no solo gutural das cordas distorcidas. Vivo, estou no contraponto da gaita maliciosa. E, subitamente, o frenesi: mais volume nos sentidos, vivos todos. Eu sou far-west e Mississipi; Nordeste tropical, nesta canção triste. Sam e Jesuíno cavalgam o mesmo jegue no oeste do jequitinhonha sem lei. Carcará faz ninho no algodão do escravo negro. Fui ouvir cítara na Índia, só para saber do Shankar o que Harrison ouvia depois de Zubin Metha. Então, voltei para as querelas do Brasil, no fim do túnel do saco sem fundo do mágico coelho da cartola. André Cristóvam deu uma canja pro gringo blueseiro. E ficou melhor que ele, todo enciumado do tupiniquim ousar e usar guitarra tão bem quanto arco e flecha. Ouvindo, chorei longos acordes na concha da minha harmônica, tornando-me o que já realmente sou: meio Buda, um faquir, um tanto cristão, dolente. Afoxé, eu sou o africano. Blues da minha alma, abro-te o meu peito livre de comoção, repleto de tesão! Lá longe, minha amada me pede socorro; ela quer do meu amor eu inteiro. Eu dela só quero que ela me queira. Gritando, sou Quixote, um pixote do Sancho a salvar princesa que não existe, prisioneira do meu castelo sem teto. São meus os dragões-demônios: sonho e pesadelo, morte e vida severina dos confins do eterno regresso. Assim mesmo, Nietzsche e Padim Ciço. Canto, canto, canto... Beija-flor cantando as belas palavras de quem nem canta, só quer viver, como prova de que existe. Eu, passarinho cantando, beijo a flor, canto a flor, disparando: amo! amo! amo! Se a Maria Bonita, mulher e cangaceira, é também a mulher rendeira, por que tábua-de-lavar-roupa (assim, cheinha de hífens) não pode entoar um jazz no wash-board à beira do rio?! Tudo pode, pode tudo. Tudo é possível quando poder é querer, ainda que não provável o pretender. E se quem canta os seus males espanta, estou deveras espantado com essa melodia maledicente tão frequente nos pueris corais (teimosia, confunde-se um órfão com um orfeão). Pois, que enorme diferença entre um blues no Harllen e uma ladainha no flagelo da ruas metropolitanas da latina América! Tudo pode, pode tudo!! Por isso o gosto lusitano de enfado modernista mesclado à sanfona separatista... Por isso esse libertango alternado com salsa, arrebentando os corações dos tantos quantos "soy loco por ti, América". Por isso eu, você, nós todos já demos "gracias a la vida" que, entretanto, não mais há dado tanto. Pode tudo, tudo pode !!! Exclamar, exclamar, exclamar... também pode. Ansiar, ansiar, ansiar... pode também. Arrebento, infeliz, a cor do meu encanto. Tanto mais quando unido estou pela neoortografia a me fazer um novo ser, genuinamente gramatical. Angola e Guiné Bissau, Madeira e Açores... Ai!Esta terra ainda vai tornar-se um imenso Portugal, mesmo que do Porto a próxima escala seja Washington D.C., com destino à naftalina mercosul na guerra da secessão. Sempre o mocinho, eu faço blues com repente, no fox-trot do mote-trote, galopando o meu marchador puro sangue, porque lavo a égua quando não sei mais onde estou nem aonde vou.
(Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 22 DE DEZEMBRO DE 2011:"CONTRAVALOR"

No Brasil, a 'nomorragia -já agora um fenômeno retraído à vulgaridade, e por isto não mais surpreendente- não raramente reflete a concepção trivial mítica e anticientífica utilizada como desdouro à dignidade do brasileiro. E, efeito imediato, retrata ainda menoscabo aos ideais mais majestosos do ser humano. Porque no torvelinho de absurdo frenesi social verificado no país (através do notório derrame de leis, decretos e atos normativos), o que se vê de fato é o império da norma eivada de um 'contravalor', em si mesma negando o direito, consagrando o injusto, sempre que no momento da interpretação e aplicação do 'direito positivo' a lei é traduzida como foro de verdade quase absoluta. Entre nós, na ainda hoje ausente harmonia dos três poderes, crucial é um olhar atento à gênese da norma, isto é, observar a 'lei' no seu berço, ou seja, no Legislativo. Pois, é no Parlamento (em todas as suas instâncias, da Câmara Municipal ao Congresso Nacional) que motivado muitas vezes por tutelas de direitos opostos entre si, o legislador, então contagiado por indiscreta miopia, defende privilégios, mas não institui prerrogativas; consolida benefícios sem a contrapartida da estrutura necessária à efetivação dessas "vantagens". Daí à imprecisa aplicação da lei, muito curto é o caminho da aplicação da lei injusta, pouco prevalecendo a justiça. Algo quase rotineiro, ante a escassa disposição do magistrado em "corrigir a lei", ainda longe ele próprio da sabedoria de um Carlos Maximiliano, para quem os juízes, que do povo sairam, ao lado do povo devem ficar, com cérebro e sentimento atentos aos seus interesses e necessidades. (Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2011: "SEM FIM"

'Honestidade' só existe quando cobrada. E só a exige aquele que detem o poder. Então, o que é 'honestidade', senão a exigência imposta pelos mais fortes aos mais fracos? Por processo de intimidação contínua, a 'selvageria' tornou-se sofisticada, interpretada em 'linguagem civilizatória'. Condicionados, nos adequamos às exigências do poder, auto-proclamado fiel tradutor dessa mesma 'honestidade'. Subjugados, aceitamos seus 'padrões', sempre unilaterais, ditados por alguém a formular as regras que deveremos seguir em nome dessa moral "decretada". A coerção é, com efeito, o verdadeiro instrumento na criação deste falso valor, a 'honestidade', considerada enquanto reflexo do domínio. Não é a 'ética' que pressupõe a 'honestidade', mas sim a 'concentração de poder' que a regula. Vale dizer, a hipocrisia ordena o comportamento dirigido a assegurar 'infalibilidade' de um 'sistema' baseado em governo exercido por minorias políticas e econômicas, muito embora desonestamente atribuído à representação da maioria. Lamentavelmente, majoritários, os "honestos" obedientes endossam a fórmula, repassando-a como 'valor cultural' da história que se repete, sem fim. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2011: "À ESQUERDA DA POLÍTICA"

O 'id', para Sigmund Freud, é parcela da personalidade onde estão abrigados os desejos inconscientes, ou seja, o substrato instintivo da psique. E como por 'substrato' devemos entender o 'conteúdo essencial de um ser', infere-se que o 'id' -nem sempre aparente- dá, no contudo, mostras da sua evidência sempre que o 'ego' (considerado enquanto personalidade, no seu mais amplo sentido) indica contradições na conduta humana que, muito embora apregoando determinada teoria, revela atitudes diversas e mesmo contrárias ao proclamado. O controle, o equilíbrio no antagonismo suscitado entre a 'parte' e o 'todo', entre o 'id' e o 'ego', pode ser exercido por mecanismo inibitório, inconsciente, limitador das atividades do substrato da personalidade; restringindo-a, inclusive, considerada em seu "tamanho" integral. O 'superego', no caso, é o responsável por uma 'consciência moral', este fiel da balança que atua como fundamental formador da consciência genérica. A partir da trilogia 'id'-'ego'-'superego', ações humanas, no pretendido convívio social, são muitas vezes estruturadas no desequilíbrio, na ausência, enfim, daquela 'consciência moral' norteada pelo 'superego'. Na sua falta, o que verdadeiramente se vê é o prevalecimento da contraposição entre o 'id' e o 'ego', onde não raro a maneira de ver, sentir e reagir (peculiar a cada indivíduo), como que sofrendo banimento, caminha então para o rebaixamento do 'id', de forma manifestada no quase desaparecimento da 'qualidade individual' (própria da idiossincrasia). Já nesse estágio, cede lugar à baixa escala de 'força intelectual'. Nesse momento, nasce o idiota. O idiota. entretanto, por sequer se saber portador da cretinice, quando age, quando milita politicamente, na "defesa" de um 'convívio fraterno, justo e igualitário', em pouquíssimo tempo denota que é movido somente pelo desequilíbrio absoluto, na carência de uma 'consciência moral' diretamente proporcional aos gestos necessários à consolidação das intenções. Por isto, esse idiota, contagiado por complexidades às quais mal denomina "estratégias de governabilidade",faz apologia a um 'Estado de Direito', proclama uma 'democracia' que, igual a ele mesmo, desarticulada, será sempre imaginária, aquela cuja existência seja eternamente correlata à manutenção da exclusividade no poder, nem que para consumá-la o idiota necessite investir na desagregação da sociedade. Autoridade institucional, respeito ao voto de cidadãos plenamente aptos ao real processo democrático... Nada disto importa ao idiota no poder, que só enxerga a projeção de um filme por ele próprio dirigido e protagonizado, espécie de "avant-premiere" de enredo do tipo "mocinho-bandido". Nessa película, finalmente, tudo o que não é bom para o idiota deve ser o mau no mal que a ele cabe erradicar. O bem para a sociedade só será possível se esta mesma sociedade concordar em deixá-lo "combater os maus", conduzida em tropas sob o seu exclusivo comando, à esquerda da política. (Caos Markus)

sábado, 26 de novembro de 2011

SEGUNDA-FEIRA, 19 DE DEZEMBRO DE 2011: "O PÃO NOSSO DE CADA DIA"

São Paulo, o apóstolo, já advertira: "quando sobra comida na mesa do rico é porque ela falta na mesa do pobre". E como pobreza mete medo, muito 'pobre de espírito' por aí afora crê, contudo de maneira esdrúxula, na advertência do santo católico apostólico romano. Não o faz como quem ouve uma recomendação, mas como a observar um sinal de trânsito. Assim: ou o sujeito é rico ou é pobre, ponto final. Então, nem é preciso muito raciocínio para saber qual a imediata opção. E -parece que por instinto de Homem de Neanderthal- o "homo-sapiens" enxerga a Política como a melhor garantia de mesa sempre farta (para si mesmo, obviamente). Isto, num país como o Brasil, lugar ainda das cavernas quando se trata de economia, de altíssima concentração da renda nacional, povoado por imensa maioria de miseráveis famintos. Não por outra razão, cá entre nós os mandatários do poder adquirem 'ar de sabedoria', após o resultado nas urnas. Este é o único jeito de "justificar" o impossível, ou seja, todo o injustificável que se verá adiante, ao se iniciar o mandato: a forma de explicar a aritmética do diabo, onde nem a conta do "Lua" (Gonzagão) é tão hilariante. Imitando o baião, os eleitos imaginam que poderão, eternamente, distribruir dessa maneira a riqueza do país: "1 pra mim, 1 pra tu, 1 pra mim/ 1 pra mim, 1 pra tu, 1 pra mim/ 1 pra mim, 1 pra tu, 1 pra mim... ...". Em pouco tempo, todavia, já será outra a conta: "1 pra mim, 1 pra mim, mais 1 pra mim/ 1 pra mim, 1 pra mim, só pra mim... ...". (Caos Markus)

DOMINGO, 18 DE DEZEMBRO DE 2011: "NOVA ERA"

Cuidou Mohandas Gandhi de listar o que ele próprio chamou de 'os sete erros capitais do mundo'. Neste rol, incluiu o "conhecimento sem caráter" e a "política sem princípios", dando mostras de que, por mais diversificadas as culturas, e delas o seus efeitos em cada povo, há algo de comum, de universal nos homens, seja qual for o lugar onde eles nasceram ou se criaram. Então, transcendendo tempo e espaço, um indiano empresta, ao que parece, a sua lição de vida a determinados segmentos da sociedade brasileira. Basta conferir. Aqui no Brasil, as duas máximas de Gandhi servem no mínimo como séria advertência a pessoas que, enveredando no dito mundo da política, convenceram-se da não provada intermediação entre o céu e a terra, numa aproximação entre Deus e César. E, pior, crêem mesmo que "foi Deus quem quis assim", escolhidas elas próprias como mensageiras divinizadas. Dão a isso o rótulo fácil de "engajados". E para a consecução das suas desvairadas metas, esbulham partidos políticos, ocupando-os por "vias legais" e doutrinando-os pelas vias subliminares. Desta espetacular e consentida conduta, fac-simile da 'Nova Era', adotando a 'unanimidade' como comportamento ideológico, tais indivíduos ilustram o antagonismo hoje observado neste país, e tão bem definido por Roberto Mangabeira Unger: "O país se dividiu entre o salve-se quem puder e o idealismo inconformado". (Caos Markus)

SÁBADO, 17 DE DEZEMBRO DE 2011: "CONSTRUÇÃO E OBSTRUÇÃO NO CARÁTER HUMANO"

Um casal, uma família, entidade ou instituição; seja qual for esse 'sistema social', ele não é jamais a somatória de individualidades. Embora bastante conhecido enquanto conceito, o 'sistema social' raramente é reconhecido na 'práxis de atividades associativas'. Sabe-se, um 'sistema' não é mesmo mero resultado da soma de suas partes. Este é um 'princípio' sinalizador da importância de se considerar a constituição do agrupamento humano a partir de peculiaridades observadas apenas na essência de existências singulares, cujo perfil psicodinâmico não pode sofrer o reducionismo consequente dos vetores psicológicos de seus componentes. O fenômeno centralizador da atividade de qualquer grupo é a interação entre seus membros, co-partícipes de uma relação. Na dinâmica dessa reciprocidade deve-se dirigir o interesse das averiguações e dos questionamentos, independentemente da máxima teórica desse ou daquele posicionamento, de modo a se compreender tanto os aspectos construtivos quanto os obstrutivos da atuação coletivizada dos indivíduos. Em geral, define-se o homem como um ser gregário, em alusão à sua inata tendência a associar-se para assegurar sua identidade e sobrevivência, confirmando-as em espécie distinta das demais. Todavia, resta invariavelmente prejudicada a 'interação' humana face a obstrução ocasionada por um traço só presente no caráter desta mesma espécie: ao contrário de outros, o homem é animal que não se agrupa apenas para defender-se dos perigos naturais ou a fim de multiplicar sua capacidade de prover sustento e proteção para a sua prole. Ele também agrega-se com o objetivo de instrumentalizar seu domínio e poder sobre seus pares, mesmo quando essa subjugação não está vinculada a questões de sobrevivência ou preservação da espécie. E é quando isso ocorre que todos nos defrontamos com os mecanismos obstrutivos nos sistemas sociais, quer na dimensão do núcleo familiar, quer na órbita mais ampla das suas instituições. (Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2011: "COGNIÇÃO E PERTUBAÇÃO"

A compreensão de um 'objeto de conhecimento' surge estreitamente vinculada à possibilidade de o 'sujeito do aprendizado' reconstruir este mesmo 'objeto', por ter compreendido quais são as 'leis de composição'. Esta compreensão não é 'figurativa', mas sim 'operatória'. Não se trata de uma forma de conjunto, aceita por definitiva, porém, a de transformações que engendram essas 'configurações', em concomitância com as 'invariáveis' que lhes são próprias. Uma 'prática pedagógica' não deve, pois, temer o 'erro' (sob a condição de distinguir entre erros edificantes e os que em nada contribuem para uma construção). E não deve, tampouco, ter receio algum em relação ao 'esquecimento', porque o importante não é o esquecimento, e sim a 'incapacidade' para 'restituir o conteúdo esquecido'. Se o 'sujeito' de fato compreendeu o 'mecanismo de produção' do conhecimento, poderá então restituí-lo por si mesmo; não de uma maneira apenas, contudo, por múltiplas formas. Ou há um 'sujeito' continuamente dependente de outros indivíduos (detentores de conhecimento, e que podem outrogá-lo), ou haverá um 'sujeito' independente, considerando ter compreendido os mecanismos de produção do conhecido. Este último converte-se, por consequência, em 'criador de conhecimento'. Entre uma concepção do 'sujeito da aprendizagem' como 'receptor de algum conhecimento de fora para dentro', e a desse 'sujeito' enquanto seu 'produtor', constata-se enorme fosso. Qualquer progresso no 'conhecer' (inserido num 'processo') somente será obtido através do 'conflito cognitivo', ou seja, sob a condição de um 'objeto' não assimilável forçar o 'sujeito' a modificar seus 'esquemas' de assimilação, levando-o a realizar um esforço de acomodação tendente à incorporação do até então não identificado (o tecnicamente denominado 'pertubação'). Igualmente, todavia, não será considerada 'intelectual', aleatoriamente, imprecisa 'atividade', tanto quanto não é qualquer um o 'conflito cognitivo factual' a permitir real 'progresso no conhecimento', causador do aprendizado que se constrói e se renova. (Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 15 DE DEZEMBRO DE 2011: "AMANDO"

Eu decidi escrever um texto de amor. Poema, soneto, crônica... Qualquer coisa, mas um texto de amor. Eis que a dúvida arruina a decisão. Eu refleti: quando devo escrevê-lo? Antes do amor começar ou quando ele acabar? Porque -certeza tenho- enquanto eu estiver amando não escreverei uma linha sequer sobre o que já tenho. (Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 14 DE DEZEMBRO DE 2011: "ORATÓRIA DA PLENITUDE"

O mundo carece, eu creio de 'evolucionários', muito embora seja abundante a quantidade de "revolucionários". De semelhante maneira, inúmeras 'reivindicações' não têm sido precedidas de qualquer 'vindicação'. Ou para ser mais preciso: é gritante o sem número de clamores vazios de real significado, afastados, todos, da incontestável 'lei da causa e efeito'; e raros são os homens que -mais por vocação- não perseguem meta alguma, mas seguem, sim, o itinerário do aperfeiçoamento moral, caminhando ao encontro da 'ética essencial', em valorização do relacionamento entre homem e sociedade, no contexto de respeito à superioridade do que se lhe é desconhecido. Determinadas pessoas não exigem muito esforço da nossa observação, fazendo-se notar naquilo que trazem de bom ao mundo, pouco preocupadas que estão com o tamanho do "troféu", pois bastante ocupadas na tarefa diária de premiar a humanidade com este sentimento intrínseco ao caráter dos indivíduos "coletivizados": o amor. Afinal, a alma transformada jamais poderá ser tradução de uma mente transtornada, porém, certamente, a oratória maior do ainda pouco estudado idioma universal do "sentimento do mundo", onde 'poeta' não é quem escreve versos, mas sim quem semeia a poesia da vida plena. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 13 DE DEZEMBRO DE 2011: "POLÍTICA NA MANDALA"

Na 'mandala', temerosos, os primitivos delimitavam (no círculo) a zona de perigo. A ameaça era o desconhecio, tudo o que estivesse além desse limite. Na linha da circunferência a passagem jamais ousada, ultrapassada apenas pelo poucos escolhidos que, desde a infância, eram iniciados na arte da caça e da guerra. Estes -considerados virtuosos- então defendiam todos os demais, da fome e de toda sorte de "estrangeiros", os habitantes do 'outro lado'. Hoje, confinados em singulares "mandalas", a que chamamos 'cidades', quase inertes e calados, à mercê de 'novos guerreiros' e 'caçadores' eleitos por contemporâneas "tribos"; cumprimos semelhante papel de subordinação àqueles dos quais pensamos depender toda a nossa existência. Fundamental diferença, no entanto, é vista na atuação dos "selecionados" de agora. Não são mais 'educados' desde tenra idade na arte da solidariedade; e por isso não ousam ir além das fronteiras do inaudito, conhecendo do extraordinário somente as próprias pregações, feitas em nome da defesa dos "representados". Da "guerra" muito pouco conhecem, a não ser a "estratégia" usual na disputa entre si mesmsos, em contenda pelo 'eixo' da 'mandala'. A isto chamam 'Poder'. E porque convergem ao centro do círculo, mais afastados estão do destemor indispensável a mudanças reais. No vaivém destes "combatentes", uns poucos (muito possivelmente por não lograrem também alcançar o 'eixo' pretendido) "pintam o rosto" no "ritual" de um combate sempre postergado, não obstante a impressão de irredutíveis "guerreiros", quando ocasionalmente mais próximos da margem. Esses "combatentes", todavia, jamais rompem o "círculo". A 'cidade' -já reduzida- não mais é "polis". E, por efeito, perde a Política. Nesta mandala não há "urbe" nem o 'urbano' ou o 'rural'. O "civilizado" não mais sabe o que é "civitas" e -bélico- contraditoriamente, conclama todos à "civilização", apregoando transformações circunscritas à manutenção do terror fundado na ignorância eternizada no lugar do "ignorado" de outrora. Ainda o ancestral primitivismo, pretendendo sinonímia com a acepção do vocábulo 'revolução'. Imagina-se, pois, exclusivo na evolução humana o progresso permanente. Sistema engendrado de forma a pretender sobrevivente a Política, paradoxalmente ao lado da urbanidade sepultada, da 'civilidade' preterida, e da completamente desprezada 'humana idade'. (Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2011: "NOVO CÂNTICO"

De pé, ó vitimas da fome! De pé, famélicos da terra! Da idéia a chama já consome A crosta bruta que a soterra. Se ergues da justiça a clava forte, Cortas o mal bem pelo fundo! Se há senhor nessa igualdade penhorada, Conseguiremos conquistá-la no braço. De pé, de pé, não mais senhores! Bem unidos façamos Do sonho intenso, um raio vívido. Se nada somos neste mundo, Sejamos tudo. Nesta luta final, Verás que trabalhadores são irmãos, Não fogem à luta, E dos filhos deste solo, uma só a terra adorada: A Internacional! (Caos Markus)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

DOMINGO, 11 DE DEZEMBRO DE 2011: "AMBIGUIDADE, CARÁTER DA RECIPROCIDADE"

É necessário que pensemos conjuntamente 'alma' e 'corpo', sob o vínculo de um todo essencial. Quando unidos, alma e corpo compartilham a mesma vida. Apesar de possível pensá-los separadamente, o 'corpo' de um lado e a 'alma' de outro, a substância de um depende da ação do outro: a alma conduz o corpo na direção que ela decidir tomar em seu comportamento, e o corpo ou a acompanha, leve, ou não a segue, tornando-se pesado. Dessa maneira, em companhia de um corpo leve, a alma dispõe de maior agilidade. De outro modo, a alma acompanhada por um corpo pesado tem sua ação marcada pela lentidão. Os dois atuam reciprocamente sobre a essência contrária, ou seja, agem na mesma direção mas em sentidos opostos, refletindo então nas estruturas que se lhes são próximas, porém, alheias "per si". Por isso, são um duplo ser, dependentes de uma unidade harmônica, de maior complexidade, capaz de compatibilizar esse binômio, num acordo entre suas diferentes partes. Esse intrincamento inviabiliza a hipótese de um terceiro ser, a partir da junção dos dois primeiros. Com efeito, tão-somente confirma a paridade na analogia 'alma' e 'corpo', a constituir-se numa díade cuja dissolução sempre implicará na fragamentação da ambiguidade própria ao seu caráter.
(Caos Markus)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SÁBADO, 10 DE DEZEMBRO DE 2011: "SIMBIOSE E METAMORFOSE NA POLÍTICA"

Políticos simbióticos propagam por este Brasil afora as suas virtudes parasitárias. Na imensa maioria, eles estão convictos de que nos fazem falta, de que a nossa sobrevivência depende da deles. E para justificarem-se, os espécimes desta intrigante raça reunem supostos atributos, colecionados, todos, na efemeridade de vaga militância. Como ainda subsiste nas multidões essa quase inexplicável predisposição para o fascínio em geral, entende-se porque não há grandes dificuldades na contínua formação de próceres. E como há muito em que se acreditar, acaba-se por acreditar em qualquer coisa, num curto passo para se acreditar em todas as coisas, independentemente da sua maior ou menor veracidade. Neste sentido, Caramuru continua vivo entre nós, formidável legião de boquiabertos, puro êxtase ante os encantos de muitos sapos que chiam. Pensar ou dizer algo contrário a isso é correr o risco de significar alguma anomalia, anormalidade de um reduzido número de descontentes e impoliticamente incorretos. Enfim, o fim. A vigência é a da política do corpo, ou melhor, do corpo-a-corpo, no cenário globalizado da dependência em metamorfose, adquirindo cores, texturas e matizes vários, mas que de pluralidade só tem a multiplicidade nas formas de dissimulação. (Caos Markus)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SEXTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO DE 2011: "COLÓQUIO DA ERUDIÇÃO"

Coloque cedilha nos ésses, mas não se pergunte se é agudo o acento de ésses. Porque (separado ou junto, tanto faz)) grave é o circunflexo em econômia. Circunflecho !? Não importa, desde que a exclamação sinalize, antes, sua pergunta em dúvida. Duvida? Quem? De quem? Está certo, tudo. Ésta, certo, de tudo duvida, em todos a dúvida. Direis, dirás, ide em paz homens de boa-vontade (traceje um hífen); (vírgula abaixo, ponto acima) o mau é pior, é mal. Pois bem, o quê tu pensas? Este e deste 'que' é vocabular coloquialmente dialogando? Sei não, erudito, quem sabe... Não, não estou reticente. Só não quero mais falar disso nem disto. (Caos Markus)

QUINTA-FEIRA, 8 DE DEZEMBRO DE 2011: "COISA NOSSA, COISAS VOSSAS"

Suasticamente falando, cá em Brazil mulheres fazem renda; e todas essas mulheres rendeiras (providas de TVs, liquidificadores, micro-ondas etc., etc.) mui felizes estão na reedição nacional de alices no país das maravilhas abençoado por deus, bonito, gigante pela própria natureza. Eu, de fernando em fernando, meio gabeira, já fiquei sem todos eles. Porque, afinal, mesmo sendo louco por ti, nuestra América, faz tempo, foi por medo de avião que eu empunhei pela única vez um fuzil mouse 1908. Em terra, firme! Nesta terra à vista, na liquidação da pechincha neoliberal dos camelôs da idiotice globalizada. Das cruzes de outrora, nenhum martírio ou qualquer opressão: desaparecida até a lista, nenhuma pista. Enfim, o flagelo passado, redimindo o presente sem futuro. Salve, Salve! Yes, nós temos salada nos trópicos e neva em campos de apanhadores de centeio. Lennon disse "somos mais famosos que Jesus", bem depois de Nietszche declarar que "deus está morto". Porém, nem um nem outro percebeu que no Pão-de-Açúcar o redentor piedosamente ainda olha a gringolândia de tios-sam num vaivém frenético pelas ipanemas-calçadas da baía sem santos mas cheias de agás. (Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2011: "O HOMEM EM SUAS TRÊS PARTES"

Salvação e libertação apresentam diferenças entre si, como também pecado e crime são entendidos de maneiras diversas. E ainda sugestiva é a distinção das concepções 'alma' e 'espírito'. Por isso, muito do que se ensina sobre um outro reino, além deste mundo por nós conhecido, busca divulgar a crença no sofrimento da humanidade, ou a convicção no padecer dos miseráveis e na irreversibilidade da condição dos marginalizados; tudo em função de um incerto destino redentor. Assim, pelo 'pecado' deveríamos esperar a 'salvação'; pelo 'crime', a 'liberdade'. Mas... Por que? O castigo e a punição seriam respostas indispensáveis a todos os inconformados? Ou tais ideias servem mesmo para limitação dos indivíduos em suas reais aspirações? Afinal, vocação maior do ser humano, a libertação é um processo envolvendo-o em 'corpo', 'alma' e 'espírito'. E como precisa alimentar o corpo, igualmente dependem de alimento a sua 'alma' e o seu 'espírito'. Por acreditarmos na conjugação do homem reunidas as suas três esferas, unificadas as partes que o compõem, defendemos a efetiva participação política -individual e coletiva- nos destinos dos nossos governos, rompendo com o falso dogma de predestinação à pobreza material, desvinculada da emancipação da sociedade. É por inabalável crença na libertação do ser humano por meio da mobilização popular (identificada na máxima de que a "salvação implica a totalidade do mundo de Deus"); é pela irrecusável certeza de que "fomos criados exatamente para isso, receber a vida de Deus em nosso espírito, viver esta vida e expressar o próprio Deus em nosso viver"; é ainda na admissão de que "totalidade não significa uma grandeza fechada em si mesma, mas uma relação da realidade que se funda em Deus como o sentido pleno e a radical plenitude do ser"; é por concordância absoluta com essas lições doutrinárias da Igreja que, ateus, propugnamos ao humano ser sua efetiva integridade. Algo somente conquistado na perseverança de quem deva almejar um mundo melhor neste plano que, pela mais adequada interpretação dos axiomas eclesiais, então é também de Deus, posto que obra do Criador. Desejando, pois, o triunfo dos "homens de boa vontade", na vitória da solidariedade sobre o egocentrismo; eis a conclamação, a companheiros e companheiras "conduzidos por Deus em seu desígnio": resgatar a nossa humanidade "numa completa libertação de todas as alienações", voltada ao porvir marcado pela justiça, sob o signo da união dos povos pela liberdade. (Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 6 DE DEZEMBRO DE 2011: "MÚSICA, MORADA DO CONHECIMENTO, HABITAT DO AMOR"

A música, em princípio, é a arte das Musas, ou seja, é toda a atividade inspirada em uma das Musas. Estas, entidades da mitologia, são dotadas de extraordinariedade, muitas vezes superiores aos deuses, com cujo poder podem conceder aos homens a revelação de verdades e iluminações que, sozinhos, talvez jamais alcançariam. É justo então pensar que o universo das relações sonoras e rítmicas ao qual chamamos 'música' não é aquele exclusivo de suas influências. Pois, muito embora as atividades musicais "sonoras" estivessem no terreno sob o domínio das Musas, outras atividades aí podiam ser incluídas. Essas atividades já receberam denominações diversificadas: 'artes' ("technai", para os gregos), 'atividades artísticas' e 'técnicas'. No entanto, a própria filosofia foi referida como o exercício da "mais nobre música", em virtude de as Musas inspirarem todas a especializações, não se limitando a atividades específicas e determinadas. Por outro lado, é preciso lembrar que as Musas são todas filhas de Mnême, a 'Memória'. E este é um sinal de novo encontro da filosofia com a música, em sentido amplo, pois o saber filosófico implica em uma atividade onde a memória tem papel central. É por seu intermédio que a alma (a psique) está capacitada a sair da ignorância e se aperfeiçoar. O desejo de aprender, hoje por nós muitas vezes conhecido como 'curiosidade', era chamado de 'amor', sendo o efeito inicial da memória em todos nós, a nostalgia do conhecimento perdido. Assim, esse amor se confunde com a nossa noção de desejo, mas não de um desejo insatisfeito.Trata-se de desejo que insiste no prazer da busca incessante, sempre renovado; e, por isso, eterno. (Caos Markus)