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sexta-feira, 13 de junho de 2014

QUINTA-FEIRA, 26 DE JUNHO DE 2014: "ALHEIA ATITUDE"


Consensual, no contexto desprovido do fato controverso, há tolerância, apenas, em repulsa a antagonismo.

Senso individualizado, diversamente, não pertence ao acervo de dogmas partilhados em quotas sempre mais e mais fracionadas.
Nem por isso, descer o aclive é eliminar declive.
A decisão é pelo movimento na altitude, a despeito da alheia opinião, não obstante qualquer predeterminada atitude.

(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2014: "O CRIME DO MINISTRO"


O Ministro Joaquim Barbosa, Presidente do STF, dirigindo suas palavras ao advogado Luiz Fernando Pacheco (em 11/6/14) , quando este já era arrastado da tribuna por seguranças (sob as ordens de Barbosa), disse ao causídico: "Vossa Excelência é quem está cometendo abuso de autoridade".
Pois, vejamos a tipificação do crime de 'abuso de autoridade': "Consiste na prática por órgão público, no exercício de suas atribuições, de atos que vão além dos limites destas, prejudicando a outrem. Três são os pressupostos para a existência de abuso de autoridade: a) que o ato praticado seja ilícito; b) que seja praticado por funcionário público no exercício de suas funções; c) que não tenha motivo que o legitime."
Considerando que 'advogado' não é 'funcionário público', conclui-se: Barbosa não possui 'notório saber jurídico', um dos requisitos para o exercício da função pública de qualquer ministro da mais alta Corte da Justiça brasileira.
Barbosa cometeu o crime imperdoável (no cargo que ocupa) de Ignorância Jurídica, cuja pena prevista deveria equivaler à aplicável no delito de falsa identidade (art. 307 do Código Penal).
 
Marcus Moreira Machado
 



quinta-feira, 12 de junho de 2014

TERÇA-FEIRA, 24 DE JUNHO DE 2014: "DESIGUAL"



Sempre que me concedem "direitos", eu receio. Porque, suspeito, o fazem apenas para de mim exigirem, logo após, deveres. E uma vez submisso a essas obrigações, eu próprio serei a garantia de novos privilégios adquiridos pelos concedentes nessa partilha desigual.
 
(Caos Markus)

SEGUNDA-FEIRA, 23 DE JUNHO DE 2014: "OFENDIDO"




Remorso é a manifestação egoísta de quem já não pode mais sequer pedir perdão ao ofendido.

(Caos Markus)

quarta-feira, 11 de junho de 2014

DOMINGO, 22 DE JUNHO DE 2014: "EXTREMOS"


A moral não nasce.
Artefato, seriada, sua produção tem por objetivo dar suporte a toda espécie de domínio.
Produzimos e reproduzimos em série (cada um de nós, individualmente, e, a um só tempo, todos juntos) modelos de variantes de moral, que "justifiquem" a dominação. E não importa em que pólo estejamos, se 'dominadores' ou 'dominados'. Até porque alternamos nossas posições nestes dois extremos.

(Caos Markus)

SÁBADO, 21 DE JUNHO DE 2014: "LENITIVO"


A loucura é construída historicamente. 
Ela não possui uma causa única, sendo o seu conceito impregnado de interesses políticos, em cada época e classes sociais distintas. 
Além disso, como a sua concepção é originada nas normas (e estas mudam em função da cultura e do período), a loucura é uma abstração também sujeita a contínuas alterações.
Assim, a normalidade, lenitivo da sociedade em convulsão, produz os seus loucos, indivíduos indispensáveis à manutenção do conformismo da maioria.

(Caos Markus)

SEXTA-FEIRA, 20 DE JUNHO DE 2014: "APOLÍTICO NA POLÍTICA"


Em essência, a Política é um processo administrativo. 
Na História, depois de inúmeros processos políticos, o termo passou a ser subjetivado através de uma definição mais ampla, qual seja, a de pessoas praticantes das estratégias utilizadas na Política. Daí o sentido social de que 'todos somos seres políticos'. Isso, entretanto, nada tem  a ver com partidos e governos, pois estes são apenas um desdobramento da acepção original, a administrativa. Assim, considerando, além do significado autêntico, também a individualização do conceito (sua incidência gregária não-administrativa), torna-se então possível ser, a um só tempo, político (na compreensão geral, coletiva) e apolítico, opondo-se ao modelo de administração vigente. 

(Caos Markus)

domingo, 8 de junho de 2014

QUINTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2014: "ABCESSOS"




Eu não estava bem e o mundo seguia, mal. Não havia responsabilidade solidária entre nós, porque jamais se ouvira falar de co-autoria entre o meu ser e a vida ao redor. Apartados, a bem da verdade, era sugestivo um vínculo, sem, contudo, qualquer bilateralidade, hierarquia ou subordinação. Esboço de um paradoxo, pois ao longo de anos subsistira a ideia de caminharmos juntos: eu, um caminho; a vida, de si mesma caminhante.
Se do pensamento toda a imaginação partia de mim, por que atribuir passos àquela abstração insistente em se exteriorizar sujeito, buscando semelhança com o claro intuito de me fazer crer em rendição das minhas iniciativas a reflexos circundantes?
Negava o quanto hoje nego qualquer mero indício de existência superior a realidades estranhas aos dias enumeráveis na contabilidade do tempo de minha agenda pessoal.
Conversar com ela, sim, isto é possível. Ouvi-la, por que não? Não há predeterminação de diálogo. Assim, admitir hipóteses será simular palavras entre a personagem e o intérprete.
Prosseguir a maldade ficcionada, sabendo-a incapaz, este o enredo na narrativa ausente de descrição memorial. Vir a ser bastará ao projeto, sem alguma necessidade de construir o presente, deixando-o à mercê de sua própria crença, desabonado, se for caso; ou abandonado, se houver descaso.
Então, pouco restando a ser feito, convém soltar palavras aprisionadas, deixando-as rumar sem destino certo, dispersas, imprecisas, aleatórias. Que não se pretenda nexo quando ignorado o plexo.
Com vigor ainda maior a afluência concentrará a dispersão dos juízos de valores, assegurando a contrapartida da compatibilidade entre o vago, o raso e o inócuo. E dessa miserável assepsia, qualquer ponto falso encobrirá abcessos, cicatrizando almas e sublimando dores. Nem eu nem você pediremos mais que tudo isto.
 
(Caos Markus)

QUARTA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2014: "A GRAMÁTICA DA MORTE"


Como qualquer outra  -com começo, meio e fim-, a morte também é uma história. Ainda que tudo possa consumar-se num átimo, se abruptamente ceifada a vida, mesmo assim, haverá um início, o intermédio e o desfecho.
O diferencial na narrativa da morte é a sua realidade. Desprovida de argumentos, ela, por concordância verbal, é auto-conjugada no infinitivo. Um termo vocativo não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. Por seu caráter, se relaciona a segunda pessoa, interpelando-a para um hipotético discurso. Prédica verbal intransitiva, trazendo consigo a ideia completa da ação, tecnicamente a morte é apenas um breve conteúdo gramatical.

(Caos Markus)

TERÇA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2014: "DUBIEDADE NA DUALIDADE"


Não é concebível que uma suprema entidade pudesse criar seres livres. Porque, afinal, parece que todas as ações futuras de tais seres (predeterminadas por esse ato inicial) deveriam estar compreendidas no conjunto das necessidades da natureza e, por consequência, impossível fosse qualquer mínima liberdade aos indivíduos. Todavia, o imperativo categórico demonstra, em disciplina de praticidade moral, que os homens são, sim, livres. E a sua liberdade é fruto da supremacia da razão que assim decide, embora não nos faça atingir entendimento teórico sobre a possibilidade dessa relação, qual seja, de uma causa ao seu efeito, vez que ambas refogem ao alcance dos sentidos. Neste caso, dela, apenas se pode exigir a demonstração da não existência de incoerência no conceito de uma criação de seres livres. E isso é viabilizado se estabelecida a pendência da contradição, somente verificada quando permeada na relação do hiperfísico (além da categoria da causalidade), ou seja, a condição do tempo (inevitável, se relacionada aos objetos dos sentidos), visto que a precede o princípio de uma ação. O que, aliás, efetivamente ocorreria se a noção de causa dependesse de uma realidade teoricamente objetiva.
Entretanto, a contradição desaparece se a categoria, em sua essência, livre de quaisquer outros fatores, insubmissa, é utilizada na ideia da criação sob um aspecto não sensível, mas, com exclusividade, moralmente prático.
Esta metafísica dos costumes não se qualifica como investigação de sutilezas rotuladas pela inutilidade. Ao contrário, advém de transcendência filosófica necessária à reflexão acerca da real dificuldade em imprimir solução ao problema desta suposta dicotomia, do que se apresenta, superficialmente, eivado de dubiedade, e sugestivamente marcado por incompreensível dualidade. 
 
(Caos Markus)