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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

QUARTA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO DE 2014: "A ESTÉTICA DO PENSAMENTO"




A leitura tem como objeto, e não somente como objetivo, a fala, pois a pessoa pode falar sem necessariamente ter que aprender a ler.
Os sistemas baseados nos significados, via de regra, são pictóricos. Não dependem de uma língua específica, sendo possível sua compreensão em vários idiomas, condicionada apenas à capacidade e habilidade do leitor.
O sistema de escrita ideográfica traz consigo, em geral, significados mais abrangentes, quando comparado a outros esquemas de escrituração, passível de ser traduzido em uma única palavra ou morfema.
Já a sistematização do letramento convencionada no 'significante' depende essencialmente dos elementos sonoros de uma língua, a fim de ser lido e decifrado.
Todo método de escrita tem um compromisso direto ou indireto com os sons de um linguajar. E como os fraseados, inexoravelmente, alteram-se no decorrer do tempo, transformando a forma fônica dos vocábulos, a sua inscrição começa a ser de difícil leitura.
Historicamente, muitos ordenamentos ideográficos, uma vez formulados, incorporaram múltiplos elementos de escrita fonográfica.
O regramento alfabético está sempre procurando uma simbologia mais reduzida a termos de uso específico. Essas mitigações retornam ao sistema ideográfico.
Observa-se, as variações linguísticas levaram o registro ideográfico ao alfabético, para as formas dos símbolos e das letras, porque quem lê, lê no seu dialeto. Por esta razão, a escrita, para ser lida por outras pessoas, necessita da utilização de caracteres, com o objetivo de facilitar seja identificada a acepção.
A língua materna é o idioma do afeto, da estruturação do pensamento, da organização dos conceitos. Assim, alfabetizar alguém em sua própria língua implica em utilizar esses recursos intelectuais e psicológicos, já bem consistentemente implantados desde os seis anos de idade.
Aos que sabem falar o Português, por exemplo, a entrada na escola vai significar a aprendizagem do código gráfico da língua portuguesa, e sua interpretação.
Outros símbolos existem, evidentemente, além das letras, e eles também implicam em códigos redutíveis à compreensão intelectual, E igualmente permitem algum tipo de "leitura". Os sinais de trânsito, por exemplo: basta olhá-los para entender o seu significado, cuja descrição, oralmente ou por escrito, precisaria, não raramente, de muitas palavras e frases.
As placas se constituem em escritas apoiadas no significado, sem preocupação com o enunciado linguístico, mas sim às inferições do valor semântico da mensagem.
A escrita, todavia, é constituída por signos linguísticos, e tem como escopo precípuo a circunstância de alguém ler o que está escrito. A leitura é condicionada, então, pela escrita, isto é, a interpretar o pensamento de quem redige.
O reconhecimento, a compreensão textual não se reduz à somatória dos significados individuais dos ícones.
Decorrem da interação entre esses modelos imagéticos na frase, no período, na composição, de acordo com as regras gramaticais e ortográficas. Além disso, a leitura é uma interpretação das ideias e sentimentos do autor, e não uma mera decifração mecânica da lexicografia.
Os referenciais podem ser interpretados pela expressão oral ou decifrados através de significados. Esses significados são conjecturados ao nível de palavras-chave. 
A escrita, pois, para ser classificada como tal, imprescinde de um rumo bem definido: fornecer subsídios para quem leia.
Significantes e significados, em grande número, já fazem parte, evidentemente, do lastro linguístico do aprendiz quando ele chega à fase de alfabetização.
Na escola, a língua materna ganhará um novo instrumento sinalortográfico, qual seja, a forma escrita. A criança, portanto, deverá  perceber o enriquecimento oferecido por essa informação, expressando-se, agora, tanto no nível da oralidade (verbal) quanto no nível da sofisticação maior da grafia do pensamento. 
De fato, a escrita oferece ao pensamento uma apresentação visual, estética, com o passar do tempo continuamente mais elaborada.
 
(Caos Markus)

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