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quinta-feira, 22 de maio de 2014

TERÇA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2014: "GERENCIAMENTO DOS SABERES"



Desde priscas eras, em algumas tribos, os jovens só eram considerados adultos após aprovação em um teste sobre os seus usos e costumes. Há milênios, chineses e gregos já criavam critérios a fim de selecionar indivíduos para determinados trabalhos. Na China, em 360 a.C, por este sistema de exames, ao contrário de hoje, todos tinham a possibilidade de alcançar cargos de prestígio e poder.
Enquanto isso, na Grécia, Sócrates, sugeria a autoavaliação (o “Conhece-te a ti mesmo”) como requisito de aproximação do indivíduo com a sabedoria.
Um outro modelo de avaliação era realizado através de exercícios orais utilizados pelas universidades medievais e, mais tarde, pelos jesuítas. Na Idade Média, as universidades tinham como objetivo principal a formação de professores. Os alunos bacharelados precisavam ser aprovados em um exame (por similaridade, contemporaneamente, análogo ao da Ordem dos Advogados do Brasil) se pretendessem ensinar; e dos mestrandos era exigida uma superior instância de em especificidades de investigação científica.
A avaliação começa a assumir forma mais estruturada apenas depois do século XVIII, com o advento das primeiras escolas modernas, quando os livros tronaram-se acessíveis à maioria, criando-se as bibliotecas. À época, devido à prática de provas como aferição do aprendizado, o seu uso ficou associado à ideia de exames, notação e controle, constituindo dessa forma a área de estudos chamada docimologia (o estudo sistemático dos testes, em particular do sistema de atribuição de notas e dos comportamentos dos examinadores e examinados).
Uma outra área destacada no final do século XIX até parte do século XX, foi a psicometria, caracterizada por análises configuradas e objetivos aplicáveis na mensuração da inteligência e do desempenho das pessoas.
Com o passar do tempo, no entanto, essas averiguações foram substituídas por paradigmas mais amplas, voltados à visão do aluno como um todo, um ser humano com todas as suas implicações.
Em 1934, o termo ‘avaliação educacional’ foi proposto conjuntamente à ‘educação por objetivos’, tendo como princípio formular metas e verificar o seu efetivo cumprimento.
Mais tarde, desejando conhecer se o motivo do fraco desempenho escolar dos negros americanos provinha das deficiências dos serviços educativos por eles recebidos, em 1965, a avaliação passou a fazer parte de metodologias e matérias integradas às abordagens qualitativas, como a antropologia, a filosofia e a etnografia. Neste mesmo ano, nos Estados Unidos da América do Norte, foi promulgada pelo presidente Lyndon Johnson, a partir de uma proposta do então senador Robert Kennedy, a Lei sobre a Educação Primária e Secundária, pela qual a avaliação dos “programas especiais” destinados a alunos de famílias pobres e marginalizadas passou, em tese, a ser obrigatória, confirmando, todavia, o seu caráter preconceituoso e segregacionista.
Pouco tempo depois, a avaliação passou a ser exigida em todos os programas sociais e educativos dos EUA, dessa maneira compondo outras áreas do conhecimento, como a filosofia, a sociologia, economia e administração. Ao decorrer da chamada profissionalização da avaliação que ocorreu de 1965 até o início da década de 80, vários autores deram nomes aos diferentes enfoques da avaliação, porém todos eles valorizavam os métodos qualitativos e tinham um visão democrática da avaliação, levando em conta a participação e a negociação.
Um novo rumo no campo da avaliação surgiu em 1980, nos EUA e na Inglaterra, com o neoliberalismo e com a crise econômica. O Estado tornou-se controlador e fiscalizador, implantando métodos compreendidos como mecanismo fundamental dos governos nos seus esforços obsessivos de implantação de uma estrita cultura gerencialista e fiscalizadora.
No mesmo período, especialmente na Inglaterra, começou-se a atribuir aos professores, por ser educadores, a responsabilidade sobre as dificuldades políticas e administrativas, além dos insucessos econômicos do país. Nesse sentido, quanto a sua capacidade de responder as exigências do mercado, comércio e indústria, as universidades começaram a ser cobradas como se fossem empresas ou organizações competitivas. Obviamente, a repercussão dessa crítica estereotipada se fez acentuada no Brasil, fato a “explicar” a tão propalada ociosa oferta de trabalho, com vagas não preenchidas, conforme os economistas oficiais, face a desqualificação da mão-de-obra.
Todos estes fatos históricos no campo da avaliação deram origem a sua conformação atual. Ainda hoje existe um certo conflito entre a utilização de métodos ‘quantitativos’ ou ‘qualitativos’, colocando em discussão a real finalidade da avaliação, razão porque ela configura-se nos parâmetros de uma questão filosófica, primado do gerenciamento dos saberes.
 
(Caos Markus)
 
 

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