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sábado, 1 de junho de 2013

TERÇA-FEIRA, 4 DE JUNHO DE 2013: "EMBATE E DEBATE"

Afastada a exclusividade do pensamento como obra de intenso relacionamento entre as pessoas, pela permuta, causa primeira da evolução, ainda assim o indivíduo, unilateralmente, evitando a reciprocidade, tem como obter, pela contemplação e na observação sistematizada, subsídios ao seu próprio crescimento, formulando ideias e, assim, confirmando o seu status de verdadeiro homo-sapiens. Contudo, quando foge da auto-crítica e incrimina a crítica, o ser humano perde essa essência humanistíca, substituindo-a pela singularidade  de um 'mutante-social', meio-homem e meio-gusano, vivendo da podridão dos seus semelhantes. Sempre que uma tragédia deixa a humanidade  consternada, esta procura no silêncio a expressão máxima de respeito às vítimas. Entretanto, um minuto de silêncio será muito pouco tempo, em se tratando de reverenciar as vítimas da grande "hecatombe" responsável por dizimar não apenas cem, mas milhares de indivíduos contagiados pela parvoíce.
A pequenez dissemina a estupidez como regra primeira na fixação de um padrão social fundamentado no 'poder pelo poder'.
A verdadeira e sincera homenagem à nossa própria espécie será a da promoção do silogismo, compreendido este como recurso da argumentação. A contenda, a controvérsia pura e simples, não são um verdadeiro debate; são reles embate, motivado muito mais pelo instinto, desprezado o intelecto.
O grande problema -e talvez o único da humanidade- é  o de alguns homens nascerem com atrofiamento de um dos órgãos sensoriais, o da audição. Ouvindo mal, também falam mal.
Se é o cérebro estimulado pelo ouvido, é surpreendente ainda existir gente com a faculdade de pensar.
Não raro, pretende-se impedir a voz, como se as palavras tivessem o poder de ferir uma integridade até então não conhecida. Definitivamente, não  é possível ofender a honra de quem não a possui; não se pode afrontar a dignidade de quem jamais a conheceu porque jamais a exercitou. Estes sentimentos adquirem-se potencialmente, porém, somente são desenvolvidos pela disposição ao seu exercício constante.
A ejaculação verbal precoce é tão prejudicial quanto a impotência mental. Mas, acostumados às conspirações de alcova, há quem não se dê conta do outro mundo onde vivemos, no qual o objeto do debate não são as pessoas e sim a diversidade de suas concepções a respeito das instituições sociais.
Inaceitável, não se deve confundir cada um de nós com a própria norma elaborada no propósito de um não confirmado consenso.
Divergir não é embate; é acréscimo ao debate necessário à antecipação do futuro.
Quem sabe, fazer a hora é mesmo fazer acontecer?
Ou, contrariamente,  o conforto do eterno regresso tem passagem garantida na manutenção da ordem pela conveniência?

(Caos Markus)

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